Fed indica alta menor de juros e traz alívio a Wall Street
Já o Ibovespa teve que se contentar com -0,18%, cortesia da queda de braço ao redor da PEC da Transição.
Não se pode ter tudo na vida. Enquanto notícias boas vêm do exterior, o Brasil segue acorrentado à PEC da Transição. Nesta quarta, as bolsas americanas fecharam em alta após o Fed sinalizar um ritmo menor na alta dos juros americanos. O Ibovespa reduziu perdas, mas não conseguiu acompanhar os ganhos. O dólar terminou quase no zero a zero.
A pedra do risco fiscal segue no sapato da Faria Lima, dada a indefinição em torno do financiamento do Bolsa Família dos próximos anos. No momento, o período pelo qual o programa ficaria fora do teto de gastos é o centro das discussões. O PT defende quatro anos, enquanto o Congresso está inclinado a apenas um. O valor a ser gasto fora da âncora fiscal também é alvo de discordância. Senadores e deputados dizem que o limite será de R$ 100 bilhões, mas o plano inicial do próximo governo era algo em torno de R$ 175 bilhões ao ano.
O impasse atrasou ainda mais a apresentação da proposta, que estava marcada para esta quarta. E, qualquer indefinição em temas tão importantes, como a saúde fiscal do país, é vista como negativa pelo mercado financeiro, que trabalha com projeções. Uma dívida interna maior pode significar uma piora na economia, dado o encarecimento do custo do capital no país e a desconfiança dos estrangeiros.
O resultado? Queda de 0,18% do Ibovespa hoje e forte alta dos juros futuros. O contrato para janeiro de 2025 foi de 13,690% para 13,945% e o de janeiro de 2031 foi de 13,410% para 13,770%.
A remuneração do título prefixado do Tesouro Direto com vencimento em 2025 foi de 13,66% ontem para 14,07% hoje. A do título atrelado ao IPCA com vencimento em 2026 subiu de 6,13% para 6,35%. Já o dólar, que chegou a subir de R$ 5,38 na véspera para R$ 5,41, perdeu força internacional e fechou em leve queda de 0,1%, a R$ 5,37.
Nos EUA, o S&P 500 engatou uma alta de 0,60% após o Fed divulgar a ata de sua última reunião, em novembro, quando subiu o juro para 4%. A maioria dos dirigentes do banco central americano concorda que é prudente reduzir o ritmo de aumento da taxa de juros depois de quatro aumentos de 0,75 ponto percentual. Na prática, o que a turma do Fed disse é que o mais provável é que a alta de dezembro seja de 0,5 ponto percentual. Essa possibilidade já havia sido sinalizada antes. Ao anunciar o aumento de 0,75 pp em novembro, Jerome Powell, presidente do Fed, disse que o momento de desacelerar o aperto monetário estava chegando “podendo ser nas duas próximas reuniões”.
Tirar o pé do acelerador é importante para observar melhor os efeitos das altas de juros passadas na economia e, principalmente, na inflação, que já desacelerou em outubro.
Os juros, porém, não vão parar de subir tão cedo dada a necessidade de controlar a inflação de 7,7% no país. E, segundo a ata, o juro final deve ser maior do que o anteriormente projetado pelo Fed, de 4,6% em 2023. O mercado trabalha hoje com um teto de 5%. Tamanho aperto monetário pode levar a maior economia do mundo à recessão no próximo ano, projeta o bc. Mas, com um ritmo menor, o impacto econômico pode ser menos devastador.
Por enquanto, ainda é tempo de alegria, ainda mais com feriadão de Thanksgiving para os americanos e estreia da seleção na Copa para os Brasileiros.
Até amanhã 🙂
MAIORES ALTAS
Rede D’Or (RDOR3): 3,57%
Marfrig (MRFG3): 3,16%
SulAmérica (SULA11): 2,95%
BB Seguridade (BBSE3): 2,41%
Gerdau (GGBR4): 1,42%
MAIORES BAIXAS
CVC (CVCB3): -7,22%
Cielo (CIEL3): -6,82%
Americanas (AMER3): -5,36%
Soma (SOMA3): -4,32%
Natura (NTCO3): -4,20%
Ibovespa: -0,18%, aos 108.841 pontos
Em Nova York
S&P 500: 0,60%, aos 4.027 pontos
Nasdaq: 0,99%, aos 11.285 pontos
Dow Jones: 0,28%, aos 34.195 pontos
Dólar: -0,10%, a R$ 5,3744,
Petróleo
Brent: -3,34%, a US$ 85,41
WTI: -3,72%, a US$ 77,94
Minério de ferro: -0,41%, negociado a US$ 102,35 por tonelada no porto de Dalian (China)