Fed dividido sobre alta de juros salva Nova York e Ibovespa da queda
S&P 500 fechou em alta de 0,46%; Ibov avançou 0,27% e voltou aos 117 mil pontos. IPCA sobe 0,26%, menos que o esperado, mas mantém aposta para Selic intacta
A bolsa brasileira foi resgatada do negativo pelo Fed nesta quarta-feira, véspera de feriado. É que o BC americano divulgou a ata da reunião de setembro, e agora investidores ficaram sabendo do seguinte: ainda que o cenário mais provável seja de mais um aumento de juros nos Estados Unidos, como foi enfatizado na ata, não há um consenso entre os dirigentes do Fed sobre essa indicação.
Veja bem. O que o Fed fez tanto no comunicado quanto na ata foi dar um guidance, uma sinalização do que ele deve fazer no futuro. Mas sem uma decisão realmente tomada – porque se trata das próximas reuniões –, tudo sempre pode mudar. Especialmente se há divergência de opiniões.
A notícia é boa porque ajuda a reajustar o radar do mercado financeiro. Em 20 setembro, quando a reunião da ata de hoje aconteceu, o Fed virou a chavinha no comunicado e avisou o seguinte: há mais uma alta no radar, mas agora isso é quase secundário. Importante mesmo é que os juros vão ficar altos por um tempo maior.
Já são 21 dias de investidores em polvorosa com esse cenário. Por polvorosa leia-se um aumento nos rendimentos dos títulos públicos americanos – e queda nas bolsas.
A verdade é que o mercado já vinha tentando se acalmar, usando falas dos Fed Boys para isso. E parece que justamente os menos entusiasmados com mais uma alta é que tem sido mais vocais.
Por outro lado, a própria reação exagerada do mercado, nas últimas semanas, ajuda o Fed no seu trabalho e contribuiu para limitar novas altas de juros.
Acontece que quando você compra uma casa, toma um empréstimo de 30 anos. E aí pouco importa a taxa de juros hoje; o que vale é o longo prazo, medido em geral pelo custo de financiar o governo. Quando o rendimento das Treasuries sobe, significa que o crédito de longo prazo fica mais caro. Você consome menos, a inflação começa a baixar hoje.
De qualquer forma, o que importa é que hoje a reação à ata do Fed foi positiva, e ajudou a baixar a fervura do mercado. O S&P 500 subiu 0,43%, e o Nasdaq, 0,71%.
O Ibovespa pegou carona. Durante boa parte do dia, o índice operou em queda, boa parte por um empurrão da Petrobras e da baixa do petróleo. A direção só mudou de fato ali pelas 15h, com o Fed. O índice brasileiro fechou em alta de 0,27%, a 117.051 pontos.
Por aqui, investidores deram de ombros para o IPCA. A inflação oficial do país subiu 0,26%, menos do que o 0,32% esperado por economistas. A alta dos combustíveis pesou menos que o previsto, e o custo com alimentação registrou nova deflação. O setor de serviços, que resiste mais à alta de juros, também resfriou.
Era notícia a ser celebrada pela Faria Lima, já que endossa a queda da Selic, já em curso, e ajuda na migração de recursos para a bolsa.
Não foi o suficiente para tirar investidores locais da pasmaceira, já que a divergência entre expectativa e realidade não foi gritante, e economistas não revisaram o ritmo de queda da Selic já contratado pelo nosso BC.
O Fed americano pode até ter virado o sinal da bolsa, mas não conseguiu operar um segundo milagre: o de elevar o número de negócios. O dia fecha com R$ 17,9 bilhões negociados, abaixo da média de R$ 25 bilhões neste ano.
A gente não queria dedurar os coletinhos, mas tudo indica que eles saíram antes para o feriado de 12 de Outubro. Nos vemos na sexta.
MAIORES ALTAS
Gol (GOLL4): 4,26%
Alpargatas (ALPA4): 2,80%
BTG Pactual (BPAC11): 2,57%
Azul (AZUL4): 2,33%
CSN Mineração (CMIN3): 2,33%
MAIORES BAIXAS
IRB (IRBR3): -6,61%
Magazine Luiza (MGLU3): -4,02%
Rede D’Or (RDOR3): -3,70%
Grupo Soma (SOMA3): -3,50%
Pão de Açúcar (PCAR3): -2,93%
Ibovespa: 0,27%, a 117.051 pontos
Em Nova York
Dow Jones: 0,19%, a 33.805 pontos
S&P 500: 0,43%, a 4.377 pontos
Nasdaq: 0,71%, a 13.659 pontos
Dólar: -0,13%, a R$ 5,0498
Petróleo
Brent: -2,08%, a US$ 85,82WTI: -2,88%, a US$ 83,49
Minério de ferro: -1,04%, a US$ 113,31 por tonelada na bolsa de Dalian, na China