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Fed acelera e atropela mercado financeiro

Dia pode ser de trégua em Nova York, mas tendência segue negativa para ações

Por Tássia Kastner e Bruno Carbinatto
Atualizado em 6 jan 2022, 14h03 - Publicado em 6 jan 2022, 08h07

O Fed agora parece ter pressa em combater a inflação americana, a maior em quatro décadas. O plano é subir juros mais rápido do que se imaginava. Ele é como um motorista que saiu de casa atrasado, e sai acelerando e atropelando tudo o que encontra pela frente para tentar chegar a tempo no destino.

Não foi por falta de aviso. Enquanto o Fed chamava a alta de preços de temporária, o mercado financeiro ia alertando que o excesso de dinheiro estava sobreaquecendo a economia americana. Deu no que deu.

As bolsas asiáticas fecharam esta quinta em queda de mais de 2%, acompanhando o massacre de Nova York da véspera. As bolsas europeias vão na mesma toada. 

Mas Wall Street pode ter um dia de recuperação, o que é bem típico do mercado financeiro após tombos muito profundos. Os futuros do S&P 500 e do Dow Jones apontam para um dia de alta. O Nasdaq, no entanto, não consegue escapar. O índice de tecnologia caiu 3,34% ontem e acumulou, em dois pregões, a maior queda desde março do ano passado. Para hoje, indica uma nova baixa.

Ações tech são mais dependentes de juros baixos, já que essas demandam rios de dinheiro para continuar a crescer. Daí porque elas são mais afetadas pela ata do Fed. 

Já o Ibovespa enfileirou três quedas em três pregões e vive uma situação complexa. Agora que os dados sobre a pandemia no Brasil começam a voltar a funcionar, investidores descobrem o tamanho do estrago causado pelo apagão e pela Ômicron, tudo ao mesmo tempo.

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Os casos no Brasil subiram mais de 300%, e os problemas que os países ricos viam há algumas semanas começam a aportar aqui: falta gente para trabalhar com tantos casos de infectados. A Azul anunciou que está com falta de tripulantes por causa da combinação de casos de Covid e gripe, e que isso já prejudica os voos. Os voos e qualquer possibilidade de decolagem da economia brasileira. Boa quinta!

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humorômetro: o dia começou sem tendência definida

Futuros S&P 500: 0,07%

Futuros Nasdaq: -0,19%

Futuros Dow: 0,22%

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9h IBGE divulga dados sobre produção industrial em novembro; expectativa é de crescimento de 0,2% 

10h30 O Ministério do Trabalho dos EUA divulga o número de pedidos de seguro-desemprego da semana passada.

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Pulando fora

O Banco Inter (BIDI11) parece ter entrado em um inferno astral. Do pico de julho do ano passado até ontem, as units do banco digital caíram mais de 70% –  só nessa semana a queda foi de 20%. É que depois do massacre, gestores de fundos decidiram pular fora do barco para parar de perder dinheiro. Uma das pessoas que está vendendo os papéis é Flávio Gondim, o investidor que recebeu o apelido de “monstro do Leblon” por seu apetite por risco e é justamente um dos maiores acionistas do banco digital. Segundo o Pipeline, do Valor, o investidor estaria stopando o papel para conter as perdas do seu fundo, o Ponta Sul. O PL do fundo, que era de R$ 3,87 bilhões em novembro, está em R$ 1,33 bilhão atualmente, com perdas de 54,55%. O Inter tinha planos de migrar suas ações para a Nasdaq e negociar apenas BDRs aqui no Brasil. O projeto ficou na gaveta quando investidores disseram que, se o banco fizesse isso, eles venderiam as ações.

Deu ruim

Os movimentos de servidores públicos em busca de aumento salarial começam a deixar as marcas na economia brasileira. Segundo reportagem do Estadão, cargas de trigo que chegavam da Argentina para abastecer o mercado doméstico estão paradas no Porto de Santos, à espera do aval de auditores da Receita, que estão em operação-padrão. Haveria também fila de carretas em Roraima, segundo o governador do Estado.

E as paralisações estão ganhando força. Depois dos trabalhadores da Receita e dos servidores do BC, auditores do Trabalho também ameaçam entregar cargos em busca de reajuste. A crise foi desencadeada pelo próprio governo, que reservou dinheiro para elevar salários apenas de funcionários ligados à polícia. 

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Rich country problems

O sistema previdenciário da Islândia tem um problema – está com dinheiro demais. Não, você não leu errado: o dinheiro está sobrando. A pequena ilha nórdica, com pouco mais de 350 mil habitantes, tem o que é considerado o melhor sistema previdenciário do mundo. Entenda o que deu certo, e os desafios que o sucesso trouxe para o país, nessa reportagem da BBC Brasil.

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