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Faria Lima recebe Galípolo no BC com alta de 0,85% no Ibovespa e de 1,37% no dólar

Itaú (ITUB4) lucra mais que Bradesco e Santander juntos, e ações sobem 1,39%. ELET3 apanha com investida do governo por direito à voto na empresa.

Por Tássia Kastner
8 Maio 2023, 17h31
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 (Juliana Krauss/Fotos: Getty Images/Você S/A)
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Há fumaça branca nas chaminés de Brasília. O ministro Fernando Haddad confirmou hoje que Gabriel Galípolo será o indicado do governo ao posto de diretor de Política Monetária do Banco Central.

Galípolo é atualmente o número 2 do ministério da Fazenda e já era o porta-voz de Lula para assuntos econômicos desde o período da campanha eleitoral. Seguindo a praxe do Brasil, a indicação dividiu a Faria Lima.

De um lado, estão os economistas que lembram a trajetória profissional do secretário, com passagem inclusive pelo mercado financeiro. De outro, os que dizem que Galípolo pode trazer instabilidade para o Copom.

O pano de fundo dessa discussão é o próprio presidente Lula, que tem criticado a decisão do BC de manter os juros do país em 13,75% ao ano. A indicação de um economista alinhado ao presidente levaria uma posição divergente ao comitê que decide a taxa de juros. Além disso, o mercado financeiro já especula se Galípolo seria o sucessor de Roberto Campos Neto após 2024. Quem é da turma dos profetas do apocalipse diz que isso significaria o fim da independência do BC – ainda que o Copom tenha oito membros.

Para além do posicionamento duro de Lula contra Campos Neto, há uma corrente econômica que vinha criticando a falta de divergência no Copom. Diz a sabedoria popular que toda unanimidade é burra.

Dito de um jeito mais educado, a ideia é que essa falta de diversidade poderia contribuir para a manutenção da Selic em um patamar mais alto e por tempo maior que o necessário para fazer a inflação cair.

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O próprio Banco Central mostrou, no comunicado da sua última reunião, que se a Selic for mantida no atual patamar até o fim do ano, a inflação de 2024 deve cair para abaixo da meta, que está fixada em 3%. Ainda assim, o próprio documento não dá nenhuma sinalização de quando a taxa básica de juros pode começar a cair.

Haddad também indicou nesta segunda Ailton Aquino, servidor do BC, para a diretoria de Fiscalização. Ele será o primeiro negro em uma diretoria do Banco Central. 

Os dois nomes precisam ser aprovados pelo Senado – Rodrigo Pacheco (presidente da casa) e outros senadores sinalizaram apoio aos nomes.

No balanço geral dessa disputa, os contentes com as indicações venceram: o Ibovespa subiu 0,85%, e fechou o dia a 106.042 pontos – isso num dia em que Nova York lutou para conquistar algum sinal positivo (veja abaixo). 

Ajudaram também a alta do petróleo e do minério de ferro, que impulsionam Vale (+1,35%) e Petrobras (+2,13%), as rainhas do Ibovespa. E teve ainda o empurrão dos bancos.

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Os céticos cobraram no câmbio: o dólar subiu 1,37%, a R$ 5,0115.

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Líder com folga

O Itaú levou ao máximo o discurso de LinkedIn “não pense em crise, trabalho”. No primeiro trimestre do ano, o banco laranja lucrou R$ 8,4 bilhões, cifra que pela primeira vez ultrapassou os R$ 6,4 bilhões que Santander e Bradesco ganharam juntos (segundo o Valor Econômico) e o maior lucro de um banco no primeiro trimestre do ano (de acordo com o TradeMap).

A surpresa faz sentido porque os bancos em geral estão sofrendo com alta inadimplência e a necessidade de separar dinheiro para cobrir eventuais calotes. Além disso, tem tanta gente endividada que fica mais complexo dar crédito, o negócio primordial do banco. Sobra menos gente com menos risco de atrasar a conta, mas essas pessoas são as que preferem (e podem escolher adiar o gasto a tomar crédito a juros de 13,75%.

Para além do lucro exemplar, o Itaú entregou um ROE acima de 20%, grosso modo o dobro da rentabilidade dos concorrentes. Tão impressionante que os papéis ITUB4 subiram 1,39%, e ajudaram a puxar BBDC4 (3,72%) e SANB11 (1,42%). 

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Ruídos

De volta à Brasília, teve quem anda sofrendo com o governo. O zum-zum-zum ao redor do nome de Galípolo é fichinha perto de uma outra empreitada do Planalto. O governo Lula alardeou uma ofensiva para recuperar poder de influência sob a Eletrobras, privatizada no ano passado. O principal esforço não é por desfazer a venda, mas para dar ao governo maior poder de voto em assembleia.

 

Quando a venda foi realizada, o Congresso fixou uma cláusula determinando que nenhum acionista pode ter peso de mais de 10% nas votações. O problema é que a União continua com 43% dos papéis da companhia – ou seja, a trava é principalmente contra a interferência do governo.

Nesta segunda, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, descartou que o plano seja a reestatização, ainda que o tema possa voltar à mesa. 

As ações ELET3 (da classe que o governo tem) caíram 1,71%. E hoje é só segunda-feira. Até amanhã.

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Maiores altas

BRF (BRFS3): 7,32%

Alpargatas (ALPA4): 7,21%

Carrefour (CRFB3): 7,14%

Assaí (ASAI3): 6,48%

Braskem (BRKM5): 5,77%

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Maiores baixas

SLC Agrícola (SLCE3): -6,04%

JBS (JBSS3): -2,52%

Iguatemi (IGTI11): -2,40%

Méliuz (CASH3): -2,27%

Eztec (EZTC3): -2,11%

Ibovespa: 0,85%, a 106.042 pontos.

Nova York

Dow Jones: -0,17%, a 33.69 pontos

S&P 500: 0,05%, a 4.138 pontos

Nasdaq: 0,18%, a 12.257 pontos

Dólar: 1,37%, a R$ 5,0115

Petróleo:

Brent: 2,27%, a US$ 77,01

WTI: 2,55%, a US$ 73,16

Minério de ferro: 5,02%, a US$ 104,31 na bolsa de Dalian

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