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Fala de Powell às 11h15 e corte na produção de iPhones dão o tom deprê da manhã

Os títulos públicos de dez anos, nos EUA, ultrapassaram 4% de juros. E o yuan dá uma de libra, atingindo a pior cotação em relação ao dólar desde 2008.

Por Bruno Vaiano e Camila Barros
Atualizado em 28 set 2022, 08h32 - Publicado em 28 set 2022, 08h31

Bom dia. Dia com gostinho de infância, porque hoje vai ter filme repetido na Sessão da Tarde: o mestre Yoda do Fed, Jerome Powell, discursa às 11h15 num evento em St. Louis. Outros quatro Fed boys também farão pronunciamentos públicos no conselho Jedi. Não há motivo para acreditar que o presidente do Banco Central americano dirá qualquer coisa além do já costumeiro “a luta contra essa inflação histórica é a prioridade”. 

Um mês atrás, os dias de pronunciamento no Fed ainda tinham alguma chance de começar com os futuros de Nova York estáveis, na esperança de boas notícias. Não é mais o caso: o mercado já está ciente de que não há alívio no horizonte, e precifica a deprê generalizada. A notícia de que a Apple vai cortar a produção de iPhones por falta de demanda – que a Bloomberg soltou ontem no finalzinho do dia, às 22h – não colabora com o pavor de recessão.

E-mini Nasdaq e e-mini S&P 500 amanheceram caindo esta manhã (respectivamente -0,56% e -0,23% às 7h39). Os futuros do Dow Jones se aproximam da estabilidade, em -0,01%. O índice mais antigo de Wall Street, de qualquer forma, entrou oficialmente em bear market na segunda, encerrando o pregão com uma queda superior a 20% em relação ao ponto mais alto do gráfico neste ano, alcançado em 4 de janeiro – S&P 500 e Nasdaq já estão nesse vale há um bom tempo. 

Falando em infância, a máquina do tempo está solta. O yuan chinês alcançou sua pior cotação em relação ao dólar desde 2008. O minério de ferro caiu 2.42% em Cingapura, cotado a US$ 94,95 a tonelada. Má notícia para a turminha do minério. 

Os Treasury notes – o título prefixado americano que vence em até dez anos – chegaram a bater 4% de juros durante a madrugada, a maior marca em mais de um década. Os títulos mais breves já tinham entrado nesse território. Os investidores, como sempre, buscam o porto seguro da moeda americana diante do cenário xoxo, capenga e melancólico que se instalou em Wall Street. O dólar, claro, só faz subir. 

Soma-se a tudo isso o clima tenso entre os brothers: na Europa, mãos suando com a provável sabotagem dos dutos submarinos de gás do Nordstream e com a anexação “oficial” do leste da Ucrânia pela Rússia. Por aqui, a dúvida do empresariado é se Lula leva no primeiro ou no segundo turno: pedações do PIB como André Esteves e Abílio Diniz saíram “tranquilizados” de um jantar com o candidato ontem, em que rolou elogio a Campos Neto.

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Que o mau-humor gringo não deixe o mercado brasileiro se esquecer do IPCA-15 com deflação. Bons negócios!

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Humorômetro - dia com tendência de baixa
(Laís Zanocco e Tiago Araujo/VOCÊ S/A)

Futuros S&P 500: -0,23%

Futuros Nasdaq: -0,56%

Futuros Dow: -0,01%

*às 7h39

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Europa

Índice europeu (EuroStoxx 50): -0,57%

Bolsa de Londres (FTSE 100): -0,34%

Bolsa de Frankfurt (Dax): -0,43%

Bolsa de Paris (CAC): -0,33%

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*às 8h10

Fechamento na Ásia

Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): -1,63%

Bolsa de Tóquio (Nikkei): -0,95%

Hong Kong (Hang Seng): -3,41%

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Commodities

Brent: -0,27%, a US$ 86,04 o barril

Minério de ferro: -2,42%, a US$ 94,95 a tonelada, na bolsa de Cingapura

*às 8h13

market facts

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Goldman e BlackRock se preparam para recessão 

As grandes empresas de investimento estão pessimistas em relação ao desempenho de ações no curto prazo. De acordo com a Bloomberg, Goldman Sachs e BlackRock reduziram suas posições nessa categoria de ativo, e alertam que o mercado ainda não precificou para valer o risco de recessão global – por isso, as ações podem cair mais ainda.

Dizendo que a valorização dos títulos públicos americanos é um entrave para a renda variável, o Goldman Sachs reduziu a exposição global em ações para “underweight” (em financeirês, significa que eles têm menos ações na carteira do que costumam ter na média). Já a BlackRock aconselha que os investidores evitem a maioria das ações, e diz que está “taticamente underweight” nos papéis. 

Valor justo do dólar

Em um evento do Credit Suisse realizado ontem, Luis Stuhlberger, fundador da Fundo Verde, disse acreditar que o preço justo (fair value, no jargão anglófono) do dólar em relação ao real mudou de agosto pra cá: foi de R$ 4,75 para R$ 5,35. Para o gestor, o aumento é fruto da combinação de dois fatores: crescimento do risco-país brasileiro nos últimos meses e fortalecimento do dólar para o maior nível em relação às outras moedas fortes em 20 anos. 

Vale a pena ler:

Estamos indo de volta pra casa…

Em busca de mão de obra mais barata, as multinacionais americanas terceirizaram suas fábricas para a China e outros países do sudeste asiático durante décadas. Agora, impulsionadas pela guerra comercial com a China, as empresas estão voltando para a terra natal. Com planos de abrir fábricas em solo americano, pesos-pesados como Intel e Micron devem abrir 350 mil vagas de emprego nos EUA em 2022. Neste vídeo, o Wall Street Journal explica por que essa pode ser uma boa notícia para as empresas e a economia americana – mas, paradoxalmente, nem tanto para os trabalhadores, que tendem cada vez mais a serem substituídos por robôs.

Riqueza submersa

Localizada a 2,4 mil km da costa da Califórnia, uma região até agora inexplorada do fundo do mar está perto de se tornar o primeiro campo de mineração em escala industrial localizado em águas internacionais. O direito de mineração foi concedido à canadense Metals Co., que terá acesso exclusivo a uma das fontes mais ricas de elementos da tabela periódica utilizados na fabricação de baterias para veículos elétricos. O achado brilha os olhos da indústria, mas acende o alerta dos ambientalistas. A Folha conta a história aqui

Agenda

EUA: Pronunciamento de Jerome Powell, presidente do Fed, às 11h15

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