EUA estragam festa da Faria Lima, que espera aprovação da reforma tributária

Ibovespa tomba 1,78%, e dólar sobe duros 1,64%. Investidores esperam altas mais pesadas dos juros americanos após dados robustos do mercado de trabalho.

Por Camila Barros, Tássia Kastner
Atualizado em 21 out 2024, 10h26 - Publicado em 6 jul 2023, 17h52
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 (Tamires Mazzo/Fotos: Getty Images/VOCÊ S/A)
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A Faria Lima tem um olho em Brasília e outro no relógio. Esta noite, o Congresso começa a votar a PEC da reforma tributária, e a ideia é que a proposta seja aprovada em primeiro turno ainda hoje. Para isso, são necessários 308 votos a favor. 

Os apoiadores da proposta têm pressa. PECs precisam de duas rodadas de votação da Câmara, mais duas aprovações no Senado. Se senadores modificarem o texto, a Câmara precisa aprová-lo mais duas vezes. Isso leva tempo, e a partir do dia 17, deputados e senadores entram em período de recesso parlamentar – e só voltam em agosto. 

O foco é terminar a primeira rodada de votações na Câmara antes das “férias”. O medo é que, caso fique pendente, a PEC perca força entre os deputados.

O centro da proposta é o seguinte: concentrar cinco impostos em dois. O IPI, PIS e Cofins, todos impostos federais, devem virar o CBS (de Contribuição sobre Bens e Serviços). Vale lembrar que  PIS/Cofins já são agrupados. Já o ICMS (tributo estadual) e o ISS (municipal) viram o IBS ( de Imposto sobre Bens e Serviços). 

Os novos tributos são Impostos sobre Valor Agregado (IVAs), cobrados na venda dos produtos – e não no meio da cadeia produtiva, como funciona atualmente. O sistema tem sido chamado de IVA Dual justamente porque o imposto “único” tem dois componentes. 

De longe, parece banal, mas a mudança tem potencial para transformar a economia brasileira no longo prazo. E o segredo está justamente em simplificar as regras de cobrança de tributos.

Para conseguir aprovar o texto a tempo, Arthur Lira passou a semana articulando com bancadas e governadores. Do lado do governo, houve liberação de R$ 5,3 bilhões em emendas aos parlamentares, segundo o Estadão. Agora, a discussão avança e parece ter chances de ser votada a tempo. 

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Por outro lado, as votações do arcabouço fiscal e do Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais) – dois temas que afetam a arrecadação do país – devem ficar em stand-by até agosto.    

Com tantas indefinições no caminho, imperou o pessimismo no Ibovespa: só cinco das 86 ações do índice registraram alta. O saldo total foi de queda de 1,78%. 

Já o dólar subiu pela quarta sessão seguida, e fechou a R$ 4,92 – alta de 1,64%. 

Temos vaga

Mas, sejamos justos, o dia azedo não foi culpa de Brasília. Os EUA não nos ajudaram. Lá, o que move os mercados ainda é a expectativa em relação à escala de juros. Hoje, um novo dado de empregos esfriou ainda mais o humor de Wall Street. 

O ADP, um relatório que acompanha as vagas de trabalho no setor privado, indicou a criação de 497 mil postos em junho – contra 267 mil no mês anterior. É o maior resultado desde julho de 2022. Sinal de que, apesar da cruzada do Fed contra a inflação, o mercado de trabalho americano continua a todo o vapor. 

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Este tem sido o maior desafio do BC americano no combate à alta dos preços. A ata da última reunião, divulgada ontem, mostrou que alguns dirigentes estavam relutantes em pausar o ciclo de alta de juros, já que consideravam que o mercado de trabalho ainda estava muito aquecido.

Os dados do ADP (considerado uma prévia do Payroll), confirmam a preocupação da instituição – e, invariavelmente, desanimam as bolsas. O S&P 500 fechou em baixa de -0,79%. O Nasdaq, -0,82%.

Hoje, já é consenso que o Fed deve voltar a subir os juros na próxima reunião, que vai rolar entre 25 e 26 de julho. Segundo uma ferramenta do CME que acompanha as expectativas do mercado, 92,4% dos agentes financeiros apostam em uma alta de 0,25 p.p. este mês.

Fica difícil bater tanto pessimismo, ainda que o Brasil esteja fazendo a sua parte. Até amanhã, com o resultado da primeira rodada de votação da reforma. 

 

MAIORES ALTAS

IRB (IRBR3): 5,02%

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Eztec (EZTC3): 2,00% 

CPFL Energia (CPFE3): 1,69% 

MRV (MRVE3): 1,09% 

EDP Brasil (ENBR3): 0,04% 

 

MAIORES BAIXAS

Gol (GOLL4): -9,78% 

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Magazine Luiza (MGLU3): -7,62% 

Via (VIIA3): -6,76% 

Azul (AZUL4): -6,50% 

Locaweb(LWSA3): -6,34% 

 

Ibovespa: -1,78%, aos 117.425 pontos

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Em Nova York: 

Dow Jones: -1,07%, a 33.922,72 pontos

S&P 500: -0,79%, a 4.411,67

Nasdaq: -0,82%, a 13.679,04

Dólar: 1,64%, a R$ 4,9299

 

Petróleo

Brent: -0,17%, a US$ 76,52

WTI: 0,01%, a US$ 71,80

 

Minério de ferro: 0,97%, a US$ 114,51 por tonelada na bolsa de Dalian

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