Em ata, Copom finalmente sinaliza corte de juros
BC corrige tom hawkish da semana passada, mas pede paciência. Na China, primeiro-ministro demonstra otimismo com o crescimento do país e minério salta 4%.
Bom dia!
A tão esperada sinalização de corte na Selic veio. Com uma semana de atraso.
Como esperado, a ata do Banco Central publicada na manhã desta terça sinalizou um afrouxamento monetário, de modo a corrigir o desconforto que o comunicado hawkish da semana passada deixou no mercado.
O documento divulgado nesta manhã ainda justifica a manutenção da Selic em 13,75% ao ano, mas dá sinais de que o juro pode começar a baixar nas próximas reuniões. Por enquanto, a maior parte dos investidores precificam um primeiro corte de 0,25 ponto percentual já em agosto estão consolidadas. O restante, aposta em um corte de 0,50 ponto percentual em setembro.
“A avaliação predominante foi que desinflação pode permitir iniciar inflexão na próxima reunião”, escreveu o Comitê.
Embora não seja unânime, uma sinalização da maioria de que cortes na Selic estão a caminho é o que o mercado precisava ouvir. Agora, o Copom começa a discutir como será este ciclo de queda de juros.
“Nesse debate, observou-se divergência no Comitê em torno do grau de sinalização em relação aos próximos passos. A avaliação predominante foi de que a continuação do processo desinflacionário em curso, com consequente impacto sobre as expectativas, pode permitir acumular a confiança necessária para iniciar um processo parcimonioso de inflexão na próxima reunião.”
Parcimônia, paciência e cautela foram termos repetidos ao longo do documento para justificar um processo de afrouxo monetário mais plácido. “Flexibilizações prematuras na Selic podem ensejar reacelerações no processo inflacionário e podem levar a reversão do próprio relaxamento monetário.”
Na ata, o Comitê volta a acenar ao governo, após duras críticas de Lula e Haddad pela manutenção dos 13,75%, e afirma que “a apresentação do arcabouço fiscal reduziu a incerteza associada a cenários extremos de crescimento da dívida pública”.
O Copom também reconheceu a desaceleração da inflação, mas ressaltou que as expectativas seguem desancoradas, o que dificulta o cumprimento da meta.
IPCA-15 de junho
Nesta terça, deve vir mais um sinal de desinflação. Espera-se que o IPCA-15 de junho caia 0,01% na leitura mensal, e desacelere para 3,36% na comparação anual, após registrar alta de 4,07% em maio. Se confirmadas as projeções, este será o nível mais baixo do índice desde setembro de 2020 (2,65%).
Os principais fatores do enfraquecimento da inflação são a deflação dos alimentos, o
corte nos preços dos combustíveis da Petrobras e descontos nos automóveis. Já serviços seguem encarecendo.
Estímulos na China
O primeiro-ministro chinês, Li Qiang, bateu o pé e disse que o país está o caminho certo para cumprir a meta de crescer 5% no ano, um dia depois que a S&P Global, seguindo grandes bancos internacionais, reduziu a projeção de crescimento da China de 5,5% para 5,2%.
Em um raro pronunciamento, ele disse ainda que o crescimento no segundo trimestre deste ano deve ser maior que os 4,5% do primeiro trimestre.
Para o mercado, uma visão tão otimista pode significar mais estímulos para a economia. Nesta expectativa, o minério de ferro saltou 4,11% na bolsa de Dalian.
Ao que tudo indica, esta terça será de bons negócios.
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Futuros S&P 500: 0,13%
Futuros Nasdaq: 0,36%
Futuros Dow Jones: -0,06%
*às 8h44
Alívio de R$ 50 bi
A Petrobras venceu no STF uma disputa trabalhista com impacto estimado de R$ 52 bilhões. Em 2018, a empresa havia sido condenada pelo Tribunal Superior do Trabalho a corrigir os salários de 51 mil funcionários. A origem da disputa foi a inclusão de adicionais, como periculosidade e sobreaviso, no salário-base dos funcionários, o que seria contra a política de remuneração da companhia. Ao longo dos anos, a estatal havia separado a bolada, caso perdesse a disputa. Agora, o dinheiro deve voltar a ficar livre para a companhia. Ontem, PETR4 e PETR3 lideraram as altas do Ibovespa. No pré-mercado de Nova York, os papéis estavam em alta.
- TSE retoma julgamento que pode tornar Bolsonaro inelegível;
- Comsefaz (Comitê Nacional dos Secretários de Fazenda dos Estados e do Distrito Federal) se reúne para discutir a reforma tributária;
- 9h: IPCA-15 de junho;
- 9h: permissão para novas obras nos EUA no final de maio (Deptº do Comércio);
- 9h30: encomendas de bens duráveis nos EUA em maio (Deptº do Comércio);
- 10h: Haddad e Lula participam da cerimônia de lançamento do Plano Safra, no Palácio do Planalto;
- 11h: índice de confiança do consumidor americano em junho (Conference Board);
- 11h: vendas de moradias novas nos EUA em maio (Deptº do Comércio);
- 17h: estoques de petróleo nos EUA na semana até 23/06 (API);
- 22h30: lucro industrial da China em maio (NBS).
- Índice europeu (Euro Stoxx 50): 0,06%
- Londres (FTSE 100): -0,26%
- Frankfurt (Dax): -0,03%
- Paris (CAC): -0,06%
*às 8h30
- Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): 0,94%
- Hong Kong (Hang Seng): 1,88%
- Bolsa de Tóquio (Nikkei): -0,49%
- Brent:* -1,75%, a US$ 73,05
- Minério de ferro: 4,11%,a US$ 114,11 por tonelada na bolsa de Dalian (China)
*às 8h45
Agradeça ao mestre
Morreu neste final de semana Harry Markowitz, Nobel de Economia criador da teoria moderna dos portfólios. Ele é o cara que desenvolveu os princípios seguidos por gestores de fundos de investimento até hoje. Em resumo: não escolher apenas os novos foguetinhos das bolsas, mas fazer a melhor distribuição possível entre ativos potencialmente rentáveis e aqueles que devem render menos, mas que formam a rede de segurança da sua carteira de investimentos. Leia aqui o obituário de Markowitz, pela Bloomberg.