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Dólar tomba a R$ 5,08 e Ibovespa emenda terceira alta seguida com mão aberta do Fed

BC dos EUA reitera que vai continuar distribuindo de graça até dizer chega. Wall Street faz força para acreditar e sobe, levando a bolsa brasileira junto.  

Por Alexandre Versignassi
Atualizado em 14 jul 2021, 17h50 - Publicado em 14 jul 2021, 17h41

Em condições normais de temperatura e pressão era para a bolsa ter caído ontem (dia 13), depois de os EUA terem registrado sua maior inflação em 13 anos (ou em 30 anos, dependendo da cesta de produtos que você considerar). Mas não. 

As mudanças propostas pelo Congresso para a reforma tributária, reduzindo drastimentente os impostos para empresas foram tão bem vistas pelos Faria Limers que o Ibov fechou azulzinho. Alta de 0,45%, somando-se à de gordos 1,73% da segunda-feira (12).

Depois de suas altas seguidas, sendo a última na contramão do mercado internacional, era natural cair alguma coisa hoje.

Mas não. 

O fato é que os EUA tiveram um dia de relativa alta, depois de Jerome Powell, o presidente do Fed, ter dito pela enésima vez que a inflação por lá é temporária. Como ele diz isso meio que todo dia, não gerou, assim, uma catarse coletiva. Mas ajudou a segurar as ações americanas em suas cotações estratosféricas. 

O medo dos investidores é que a alta na inflação faça o BC dos EUA aumentar os juros por lá, o que daria uma travada na economia (e no mercado como um todo). Powell, desta vez, disse que “ainda falta chão para um progresso substancial” da economia americana, deixando claro que vai manter os juros no chão até dizer chega – o que significa distribuir dinheiro novo de graça até acabar a tinta das impressoras de dólar. 

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O Livro Bege do Fed também ajudou a manter as coisas no azul. Chamam a coisa de Livro Bege porque o nome oficial da coisa é tedioso demais “Sumário de Comentários Sobre as Condições Econômicas Atuais” – aí convencionou-se chamar o relatório pela cor da capa dele (que também é bege na versão em PDF, veja só).   

Trata-se de um comunicado que sai oito vezes por ano. Este foi o quinto de 2021, e veio cheio dos otimismo. “A economia americana fortalecei-se ainda mais entre o final de maio e o início de julho, mostrando um crescimento de moderado a robusto”, diz o relatório cor de abajur.  

Bastou para o S&P 500 fechar numa alta, ainda que tímida, de 0,12%. Como Wall Street é o malvado favorito da nossa bolsa, o Ibov praticamente copiou o resultado: 0,19%. Uma alta igualmente tímida, mas que, por ser a terceira seguida na semana, ficou de bom tamanho.  

Prévia do PIB

Hoje cedo saiu o IBC-Br, Índice de Atividade Econômica do Banco Central (a grafia é sem vírgula porque existem outros índices de atividade econômica, como o da FGV, produzido para clientes corporativos). O número do BC serve como uma prévia do PIB porque sai todo mês – enquanto o cálculo para valer do crescimento do PIB só rola a cada três meses. Nesta quinta saiu o IBC-Br de maio, relativo a abril.

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E o dado veio uma bela porcaria: queda de 0,43% entre esses dois meses, contra uma expectativa otimista do mercado, que projetava alta de 1%.   

Por outro lado, teve uma boa notícia também. É que também divulgaram uma correção relativa ao último IBC-Br, o de abril (ante março). Esse tinha vindo com uma alta de 0,44%. Agora revisaram para 0,85%. 

Aparentemente, uma coisa anulou a outra, dada a alegria do Ibov nesta quarta de céu azul no centro de São Paulo, a casa da B3. 

CSN e Usiminas 

No microcosmo setorial, destaque para um telefone sem fio: investidores entenderam errado uma fala de Paulo Guedes e entraram em pânico. O Ministro da Economia disse que está acertando um corte de 10% nas tarifas de importação de aço, o que quebra as pernas das siderúrgicas nacionais. Nisso, CSN e Usiminas fecharam como as duas maiores baixas do dia. 

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Pois bem. A tarifa atualmente é de 12%. Com um corte de 10 pontos percentuais, ela seria virtualmente extinta, caindo para meros 2%. Mas não foi isso que Guedes disse. Tanto que o Itaú BBA produziu um relatório dizendo o povo do mercado estava trocando alhos por bugalhos.    

Guedes, o Itaú BBA esclareceu, não falou em 10 “pontos percentuais”. Falou em 10%. 10% de 12 é 1,2. A queda em pontos percentuais, então, é de 1,2%. Cairia de 12% para 10,8%. Ou seja: nada que mude a cotação do dólar.

Dólar que hoje tombou bonito: queda de quase 2%, a R$ 5,08%. É que a ideia de que os juros vão seguir baixos nos EUA torna os investimentos em títulos públicos americanos menos atraentes. E a demanda pela moeda americana (necessária para quem quer comprar os tais títulos) cai, levando junto a cotação. Ou seja: se você quiser ir para a gringa no final do ano, torça para Powell manter suas impressoras a todo vapor.   

 

MAIORES ALTAS

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Inter: 6,00%

Braskem: 4,70%

JHSF: 3,87%

Localiza: 3,53%

Hering: 3,39%

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MAIORES QUEDAS

CSN: – 4,02%

Usiminas: – 3,37%

Embraer: – 2,77%

B2W: – 2,58%

Hypera: – 2,52%

Ibovespa: 0,19%, a 128.406 pontos

Dólar: -1,87%, a R$ 5,08

Em Nova York

Dow Jones: 0,13%, a 34.934 pontos

S&P: 0,12%, a 4.374 pontos

Nasdaq: -0,22%, a 14.644 pontos 

Petróleo

Brent: US$ 74,76 (-2.26%)

WTI: US$ 73,13 (-2,82%)

Minério de Ferro

+0,29%, a US$ 218,48 a tonelada no porto de Qingdao

 

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