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Devagar aí: sem teto de gastos, Ibovespa cai

A bolsa voltou para o negativo depois de Brasília mostrar que não tem ideia do que será das reformas e das contas públicas.

Por Tássia Kastner
Atualizado em 17 out 2024, 10h27 - Publicado em 7 dez 2020, 19h37
 (Tiago Araujo/Você S/A)
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Devagar com o andor que o santo é de barro, diz o ditado popular. Neste momento, o mercado financeiro reza para dois santos: o compromisso fiscal do governo e a agenda de reformas. E hoje foi dia de notícias desencontradas nos dois casos, dessas de fazer o santo balançar e ficar a perigo. Resultado: a bolsa caiu após quatro pregões de alta e deixou um pouquinho mais distante aquele plano de voltar para o azul no ano.

Foi no meio da tarde que o Ibovespa virou para o negativo. Foi quando a Agência Estado publicou que o relatório de uma Proposta de Emenda à Constituição, a chamada PEC Emergencial, de autoria do senador Márcio Bittar, estava se afastando demais do plano inicial do governo.

A PEC Emergencial, enviada para o Congresso em novembro de 2019 propunha medidas duras de controle de gastos em períodos de cofres vazios, como redução de jornada e salários do servidores, suspensão de reajustes e de concursos. O problema é que o texto que deve ir para debate no Congresso, após o relatório de Bittar, não tem essa redução de salários, nem as outras medidas, como desvinculação e a desindexação. Em português, a arrecação de impostos ter destino certo (como saúde e educação) e as despesas serem reajustadas pela inflação. Tem mais: há espaço para gastos fora do tal do teto, aprovado no governo Temer.

Se já parece ruim o suficiente para o mercado financeiro, acrescente a isso o fato de que o ministro da Economia, Paulo Guedes, não sabia o que estava acontecendo com a sua proposta de reforma. O caos.

Depois que a bagunça tava feita, Guedes afirmou que conversou com Bittar, com Bolsonaro e também com o senador Tasso Jereissati (porque ele propôs hoje o substituto do Bolsa Família que o Executivo prometeu e nunca entregou). Os três teriam negado o furo no teto de gastos, disse o ministro da Economia.

Esse é só um dos complicadores da agenda de reformas. Não dá para esquecer que o Congresso está em plena campanha para eleição dos novos presidentes da Câmara e do Senado. Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre bem que tentaram dar um drible na Constituição para uma reeleição, mas o Supremo acabou barrando, depois de alguma pressão pública.

Isso criou mais uma dor de cabeça para o Planalto, que até queria ver Alcolumbre mais um tempo no controle do Senado, mas ansiava pela saída de Maia da Câmara. 

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Maia, por sinal, diz que não quer saber de eleição por enquanto. Quer é discutir a Reforma Tributária. Aí entra a briga política de novo. O governo Bolsonaro não quer deixar o adversário político colher os louros, caso de fato essa proposta avance. E tudo sem que o Congresso tenha aprovado o básico: o Orçamento de 2021.

Investidores andavam fingindo que o(s) problema(s) não existe(m) porque ganharam uma forcinha do exterior. Os gringos voltaram a trazer dinheiro para o Brasil, o que ajudou na arrancada do Ibovespa de novembro para cá.

Só que nesta segunda os índices S&P 500 e Dow Jones tiveram um dia desses meia-boca.  Com tanta notícia desencontrada no Brasil, seria estranho mesmo que o Ibov fechasse no azul. Ele terminou o dia em baixa de 0,14%, a 113.589 pontos. O dólar, que começou o dia em forte queda e chegou a ser negociado a R$ 5,08, voltou a R$ 5,12 (ainda em queda de -0,09%, na comparação com a sexta-feira).

Hoje não deu nem para se apegar a notícias sobre a vacina. No exterior, sem novidades. Por aqui, o governador de São Paulo, João Doria, anunciou o começo da vacinação para 25 de janeiro — sem aprovação da Anvisa e sem os resultados da terceira fase de testes, é bom lembrar.

Como terminou o dia? “Boa sorte a quem fixa dia e mês para vacina.” É bom escolher mais um santo.

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MAIORES ALTAS

B2W: +7,73%

IRB Brasil: +6,82%

Cemig: +4,50%

GOL: +3,29%

Usiminas: +3,14%

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MAIORES QUEDAS

Cosan: -5,95%

Rumo: -3,20%

Localiza: -3,07%

BR Distribuidora: -2,90%

CCR: -2,63%

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Bolsas americanas

Dow Jones: -0,49%, 30.069 pontos

S&P 500: -0,19%, 3.692 pontos

Nasdaq: +0,45%, 12.520 pontos

Petróleo

Brent: -0,93%, US$ 48,79

WTI: -1,08%, US$ 45,76

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