Deflação não empolga investidores e Ibovespa cai 0,33%

VALE3 dispara 3,29% após anúncio de medidas de estímulo à economia chinesa. Dólar reage melhor e recua -0,43%.

Por Camila Barros
Atualizado em 12 jul 2023, 12h50 - Publicado em 11 jul 2023, 17h51
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 (Tamires Mazzo/Fotos: Getty Images/VOCÊ S/A)
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Pela primeira vez desde outubro do ano passado, o resultado mensal do IPCA veio acompanhado de um sinal negativo: em junho, o índice de preços recuou 0,08%, contra alta de 0,23% em maio. Foi só um pouquinho abaixo da mediana de expectativas do mercado, que apostava em deflação de 0,10% para este mês. 

No acumulado do ano, a alta é de 3,16% – confortavelmente dentro da meta perseguida pelo BC, cujo núcleo é de 3,25%, com tolerância de 1,5 p.p. tanto pra cima (4,75%) quanto pra baixo (1,75%). 

A notícia parece animadora. Afinal, com a inflação dentro da meta, o BC tem mais espaço para começar seu ciclo de afrouxamento monetário o quanto antes. Mas o Ibovespa não reagiu com tanto entusiasmo assim: queda de 0,33% na sessão. 

É que, na divisão de preços por setor, o dado de serviços surpreendeu negativamente: alta de 0,62% em junho – avanço puxado pelas passagens aéreas. É uma aceleração considerável em relação a maio, que havia registrado queda de 0,06%. 

Aí pintou o receio de que o arrefecimento da inflação não seja tão seguro assim. O medo é que os preços persistam por mais tempo do que o esperado – e, consequentemente, os juros demorem mais para cair. 

No mercado, o corte da Selic em agosto já é dado como certo. As perspectivas em relação ao país têm sido otimistas – com as projeções de crescimento subindo, as de inflação caindo e melhora na avaliação da agência de risco S&P. E a bolsa está acompanhando o boost de confiança: das últimas 11 semanas, 10 foram de alta no Ibovespa. 

O resultado de serviços jogou um balde de água fria nas expectativas, e agora o mercado aguarda pistas que deem mais detalhes sobre o tão sonhado corte na Selic. Por hora, a maior aposta tem sido de corte de 0,25p.p na reunião do mês que vem, que vai rolar nos dias 1º e 2 de agosto. 

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Das 86 ações que compõem o Ibovespa, 67 caíram no pregão de hoje. 

No time das quedas, os bancões ajudaram a puxar o índice para baixo. Banco do Brasil fechou em queda de -1,43%; Itaú, 1,76%; Santander, -0,77%. A exceção aqui foi o Bradesco, que conseguiu sustentar uma leve alta de 0,06%. 

O setor bancário, claro, é muito sensível às perspectivas de juros – afinal, são eles os responsáveis pelo crédito que roda na economia. A onda de pessimismo pós-IPCA instaurou o receio de que as instituições possam sofrer com a inadimplência, já os juros mais altos aumentam o endividamento de famílias e empresas. 

VALE3: 3,29%

Quem segurou um tombo maior foi a Vale, a gigante da mineração que, sozinha, responde a 12,65% do Ibovespa. Ela acompanhou a alta do minério de ferro, que escalou 2,37% em Singapura depois que a China anunciou que vai estender seu programa de estímulos ao setor imobiliário. 

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Instaurado em novembro do ano passado, o plano conta com 16 medidas econômicas para reanimar o setor – que corresponde a quase 30% de todo o PIB da chinês. 

Na segunda, dados de inflação da China (que registrou 0% em junho na comparação anual) realimentaram o receio de que a tentativa de recuperação do país no pós-pandemia esteja dando bons frutos. Dados fracos de inflação, nesse caso, mostrariam que a economia do país não está crescendo no ritmo esperado. 

Brasil e China mostram que o mercado financeiro pode ler a mesma tendência (deflação) de maneiras distintas. Resta, agora, saber qual será a inflação americana de junho, divulgada amanhã. Até lá!

 

MAIORES ALTAS

IRB (IRBR3): 4,41%

Vale (VALE3): 3,29%

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PetroRio (PRIO3): 3,06%

Hapvida (HAPV3): 3,01%

Bradespar (BRAP4): 2,11%

 

MAIORES BAIXAS

Gol (GOLL4): -5,88%

Minerva (BEEF3): -3,93%

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Méliuz (CASH3): -3,37%

CVC (CVCB3): -2,99%

Azul (AZUL4): -2,61%

 

Ibovespa: -0,33%, aos 117.220 pontos.*

 

Em Nova York: 

S&P 500: 0,67%, aos 4.439 pontos

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Nasdaq: 0,55%, aos 13.760 pontos

Dow Jones: 0,93%, aos 34.260 pontos

 

Dólar: -0,43%, a R$ 4,86

 

Petróleo

Brent:  2,20%, a US$ 79,40

WTI:  2,52%, a US$ 74,83

 

Minério de ferro: 2,37% a US$ 105,85 por tonelada na bolsa de Cingapura

 

* na manhã de quarta-feira (12/07), a B3 informou que houve erro no fechamento de seus índices acionários na sessão do dia anterior. Inicialmente, a informação era de queda de 0,61% no Ibov. 

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