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China e bancões azedam o humor do Ibovespa, que cai 0,57%

Deflação no gigante asiático reacende preocupações com desaceleração na economia. Por aqui, Ibov cai pelo sétimo dia seguido, puxado por SANB11 (-1,27%), BBDC4 (-0,52%), ITUB4 (-0,36%) e VALE3 (-0,90%).

Por Camila Barros, Bruno Carbinatto
Atualizado em 21 out 2024, 10h24 - Publicado em 9 ago 2023, 17h42
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 (Kauan Machado/Fotos: Getty Images/VOCÊ S/A)
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Parece que a aura de otimismo que embalou o mercado brasileiro entre junho e julho esqueceu de dar as caras em agosto. O Ibovespa fechou o dia a -0,57%, sua sétima queda consecutiva. Desde o início do mês, a baixa é de 2,90%. E olha que tivemos uma queda na Selic nesse meio tempo – algo que, naturalmente, costuma bombar a bolsa.

Também, pudera: com o combo de dados fracos chegando da China esta semana, não há otimismo que se sustente. Na madrugada de hoje, o país divulgou seu CPI (índice de preços, semelhante ao nosso IPCA), que mostrou deflação de 0,3% em julho na comparação anual. Sinal de desaquecimento na economia. A última vez que os preços tinham caído por lá foi em fevereiro de 2021, há mais de dois anos.

O dado confirma um temor que já assombra o mercado há meses: o de que o dragão asiático não conseguiu voltar da pandemia com toda a sua força e vigor – que proporcionou crescimento anual sempre acima dos 5% antes de 2020. 

Este ano, a meta para o PIB é de alta de 5%, cravado. Mas já não se tem tanta certeza de que vai rolar. Pelo menos não sem uma injeção de anabolizantes no formato de estímulos econômicos do governo. Pequim promete que vai estimular a economia, mas ainda não diz quando, como, em que intensidade, por quanto tempo… 

A incerteza paira no mercado mundial como um fantasma, já que a China, consumidora voraz de tudo (e, especialmente, de commodities), é motor central na economia mundial. Sua fraqueza, inclusive, reacende os temores de uma recessão global, que estavam esfriando nos últimos tempos – já que a economia americana surpreende e segue forte, mesmo com os juros em alta.

Grande parte do problema chinês é que o mercado imobiliário (que corresponde a cerca de um quinto da economia do país) protagoniza uma crise de dívida que tem penalizado a construção civil por lá. Ao mesmo tempo, o desemprego cresce entre os chineses. Principalmente os jovens: 21,3% das pessoas entre 16 e 24 anos estão desempregadas.

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Não só isso. Ontem, chegaram mais dois dados preocupantes pra somar: o tombo de 12,4% nas importações de julho (bem pior dos expectativas de -5,1%), e queda de 14,5% nas exportações. O dado de importação mostra que a demanda interna esfriou, o que indica que se está produzindo menos. Já o de exportações mostra que o apetite do resto do mundo também diminuiu. 

Esse combo de infortúnios é uma péssima notícia para a Vale, que tem a China como sua maior compradora e depende do apetite consumidor dos asiáticos. As ações VALE3 caíram 0,90% nesta sessão, depois de deslizar outros 0,82% ontem. 

A baixa, claro, deixou sua marca no Ibovespa – já que as ações da mineradora correspondem a consideráveis 13,1% do índice. Mas nem foi ela quem puxou a queda de verdade. Essa função ficou para os bancões, em plena temporada de balanços: Itaú (ITUB4) caiu 0,36%; Bradesco (BBDC4), -0,52%; Santander (SANB11), -1,27%. Os três já divulgaram seus resultados do segundo trimestre nas últimas semanas. 

Do trio, quem se saiu melhor foi o Itaú: lucro de R$ 8,7 bilhões, alta de  13,9% em um ano. Já o Santander lucrou R$ 2,3 bi, queda de 45% na comparação anual. No Bradesco, a queda foi de 35%, para R$ 4,5 bi. 

No caso do BBDC4, a pior notícia foi a redução da sua projeção para o crescimento da carteira de crédito em 2023. Antes, o banco previa que a concessão de crédito subiria entre 6,5% a 9,5%; agora, revisou esse crescimento para apenas 1% a 5%. O Itaú, por sua vez, manteve sua estimativa para uma alta de 6% a 9%.

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O Banco do Brasil (BBAS3), que terá seus resultados divulgados hoje à noite, cedeu -0,55% no pregão. 

O BTG (BPAC11), que divulgou seu balanço pela manhã, teve leve queda de 0,24%. Mesmo depois de mandar bem nos resultados: o banco de investimento registrou alta de 18% no lucro, para R$ 2,57 bilhões. A receita subiu para o recorde de R$ 5,44 bi – alta de 21% em 12 meses. 

Modo espera

Wall Street passou o dia em modo espera. Num dia de agenda esvaziada, as atenções dos investidores estão concentradas na divulgação do CPI amanhã. O dado de inflação ao consumidor vai ser essencial para ajustar as apostas: será que o Fed vai subir novamente os juros nos EUA? Ou será que, depois de um ano e meio de luta contra os preços altos,  a “Selic” americana finalmente chegou a seu pico, no intervalo entre 5,25% e 5,5%? E, mesmo se chegou, por quanto tempo ficará nesse patamar alto?

No ano passado, o CPI americano chegou a ultrapassar os 9%. Hoje, depois do ciclo de altas, está em bem mais suaves 3%, mas ainda acima da meta do Fed (2%). Mesmo assim, a maioria dos investidores acredita que o banco central americano não seguirá aumentando a taxa. Na bolsa de Chicago, que faz o acompanhamento dos palpites dos investidores, 86,5% das apostas são de manutenção dos juros na próxima reunião.

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De qualquer forma, o CPI de amanhã servirá para calibrar essa previsão. O próprio Fed sempre lembra que, caso a inflação volte a assustar, poderá subir os juros novamente. Até lá, cautela: as bolsas americanas fecharam no vermelho nesta quarta-feira (veja abaixo).

Por aqui também tem dado de inflação chegando, o IPCA. Ele sai na sexta-feira, e também servirá para tentar prever os próximos passos do nosso banco central. O BCB, porém, está num caminho oposto ao de seu primo americano: começou a baixar os juros. O que intriga o mercado é a velocidade em que fará isso ao longo do ano. 

Segundo os “spoilers” que o Copom costuma dar em seus comunicados e atas, o ritmo esperado pelos dirigentes é uma diminuição de meio ponto percentual na taxa a cada reunião do comitê (são mais três só esse ano). Mas, caso os dados mudem, isso também pode mudar. De olho no IPCA, então.

Vale lembrar que o Brasil vive uma situação diferente dos EUA. Em junho, tivemos uma deflação de 0,08%. O resultado foi um maior consumo da população, segundo dados divulgados hoje. As vendas do varejo alimentar (mercados, bebidas etc.) subiram 1,3% em junho, acima do esperado por analistas – justamente por conta da deflação, que deixou a compra do mês mais barata. Ainda bem.

Até amanhã.

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MAIORES ALTAS

Via (VIIA3): 3,28%

São Martinho (SMTO3): 3,01%

Rumo (RAIL3): 2,32%

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Pão de Açúcar (PCAR3): 1,41%

Locaweb (LWSA3): 1,37%

MAIORES BAIXAS

CVC (CVCB3): -7,99%

Petz (PETZ3): -6,97%

Azul (AZUL4): -5,36%

Cogna (COGN3): -4,68%

Engie (EGIE3): -4,42%

Ibovespa:  -0,57%, aos 118.408 pontos

Em Nova York

Dow Jones: -0,54%, aos 35.123 pontos

S&P 500: -0,70%, aos 4.467 pontos

Nasdaq: -1,17%, aos 13.722 pontos

Dólar: 0,15%, a R$ 4,90

Petróleo

Brent: 1,60%, a US$ 87,55

WTI: 1,78%, a US$ 84,40 

Minério de ferro: 0,07% a US$ 100,50 por tonelada na bolsa de Dalian (China)

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