Bolsas em modo montanha-russa à espera da Super Quarta
A grande pergunta é: o Fed vai conseguir domar a inflação sem causar uma recessão nos EUA? Pelo visto, o mercado não faz ideia da resposta.
Sobe ou desce? Nesta terça-feira, as bolsas americanas e a brasileira viveram uma verdadeira montanha russa. Em um dia altamente volátil, trocaram entre o terreno positivo e o negativo diversas vezes. No fim, fecharam em direções opostas: o S&P 500 firmou alta no fim do pregão e subiu 0,48%, enquanto o Ibov caiu 0,10%.
O que causa tanta tensão? Amanhã acontece a Super Quarta, a data quase mística em que os bancos centrais dos EUA e do Brasil anunciam suas decisões monetárias no mesmo dia.
A maior fonte de dúvida vem dos EUA. Depois de muito tempo pegando leve na sua política monetária durante a pandemia, o Fed percebeu que pegou leve demais e a inflação saiu do controle. Agora, corre contra o tempo para domar o aumento dos preços.
Isso significa que o banco central planeja uma sequência de altas nos juros, e de magnitudes cada vez maiores. O movimento começou em março, quando o Fed anunciou uma alta de 0,25 pontos percentuais. Na época, se falava em vários outros aumentos de outra magnitude.
Isso já mudou: o consenso é que, amanhã, o salto na taxa será de 0,5 ponto percentual. Afinal, até agora, a inflação se mostrou implacável: 8,5%, a maior em 41 anos no país.
A decisão de amanhã já é amplamente esperada pelo mercado, ainda que seja impactante – a última vez que o Fed subiu os juros em meio ponto foi em 2000. O problema mesmo é que, na próxima reunião, a mão pode pesar ainda mais. Há quem espera um aumento de 0,75 pontos percentuais, algo que não acontece por lá desde 1994. Depois disso, ninguém sabe direito quantos outros aumentos, e de que magnitude, virão. Por isso tanta ansiedade: investidores devem analisar a fala de Jerome Powell, o presidente do Fed, palavra por palavra amanhã em busca de pistas.
Uma postura tão agressiva do Fed pode ser necessária para levar a inflação de volta aos 2%. Mas também corre o risco de ter um efeito colateral amargo: colocar a economia americana em recessão. O desafio do banco central é tentar fazer um sem causar o outro.
E o mercado não sabe bem se acredita que dará certo, dada a instabilidade nas bolsas nos últimos tempos. Mas tende ao pessimismo: até agora, o S&P 500 acumula queda de 12% no ano.
Por aqui, a decisão de amanhã também é amplamente esperada pelo mercado: aumento de 1 ponto percentual na Selic, que vai a 12,75%. A questão é se o ciclo de aperto monetário parará por aí, como alguns apostam. Dada a inflação galopante, essa posição é minoritária. A maioria acha mesmo que a taxa vai furar os 13%. E também devem ficar de olho na decisão do Copom em busca de pistas para os próximos passos.
Até lá, a tensão continua.
Bom descanso.
Maiores altas
SLC Agricola (SLCE3): 6,69%
CSN (CSNA3): 4,44%
Azul (AZUL4): 4,36%
CSN Mineração (CMIN3): 4,13%
Cielo (CIEL3): 3,01%
Maiores baixas
JHSF (JHSF3): -5,81%
Magazine Luiza (MGLU3): -4,17%
CEMIG (CMIG4): -3,44%
Méliuz (CASH3): -3,28%
CVC Brasil (CVCB3): -2,88%
Ibovespa: -0,10%, aos 106.528 pontos
Em Nova York
S&P 500: 0,48%, aos 4.175 pontos
Nasdaq: 0,22%, aos 12.563 pontos
Dow Jones: 0,20%, aos 33.127 pontos
Dólar: -2,15%, a R$ 4,9635
Petróleo
Brent: -2,43%, a US$ 104,97
WTI: -2,62%, a US$ 102,41
Minério de ferro: feriado na China, sem negociação no porto de Qingdao.