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Bolsas caem após Powell manter porteira aberta para novas altas nos juros dos EUA

S&P 500 fecha em queda de 0,81%. Ibovespa, que tinha amanhecido em alta, acompanha mau humor: -0,12%. Braskem dispara 15% com proposta de aquisição pela Adnoc.

Por Camila Barros
9 nov 2023, 18h47

Dizem que criar expectativas demais faz mal pro coração. Wall Street não costuma ouvir esse conselho. Depois da última reunião do Fomc, na quarta passada, o mercado havia alimentado o sentimento de que o ciclo de aperto monetário nos EUA estava bem próximo de um fim. Naquele dia, o discurso de Powell foi visto como brando. Hoje, novas falas do presidente do Fed foram um choque de realidade. 

Powell disse que a cruzada do BC americano contra a inflação não pode se basear totalmente em “alguns meses de dados bons”. E reiterou que mais altas nos juros ainda não estão fora de cogitação. 

Outros dirigentes do Fed também deram pronunciamentos hawkish ao longo do dia. Thomas Barkin, do Fed de Richmond, disse não estar totalmente convencido de que a inflação está caminhando para a meta (de 2%). Kathy Paese, de  St. Louis, falou que não dá pra dizer que novas altas de juros estão descartadas. E a diretora Michelle Bowman disse que novos aumentos provavelmente serão necessários. 

A perspectiva de juros altos por mais tempo murchou o desempenho das bolsas lá fora. O S&P 500 fechou em queda de 0,81%, e o Nasdaq, -0,94%. 

No Brasil, o Ibovespa começou o dia em alta, ultrapassando os 120 mil pontos pela primeira vez desde o início de agosto. O desempenho era puxado pela Petrobras (2,08%), que divulga resultados à noite. 

Só que o mau humor externo chegou até aqui, e o Ibovespa fechou o dia em queda de 0,12%. 

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BRKM5: 15,62%

Na noite de ontem, a Braskem divulgou prejuízo de R$ 2,4 bilhões para o terceiro trimestre – desempenho 119% pior do que no mesmo período de 2022, quando a petroquímica havia registrado prejuízo de R$ 1,1 bilhão. 

Apesar de fraco, o resultado veio em linha com o esperado pelo mercado: no final de outubro, a prévia operacional da companhia antecipou números mais fracos, impactados principalmente pela redução da demanda global por seus produtos – graças à queda na produção industrial da China, EUA e Europa. 

O consenso entre analistas é que o desempenho da indústria petroquímica mundo afora ainda vai demorar para se estabilizar. O Citi, por exemplo, diz que a melhora não vem antes de 2024. 

Ainda assim, as ações da companhia saltaram 15,62% no pregão de hoje. Não tem nada a ver com o balanço: também na noite de ontem, a empresa anunciou uma proposta da Adnoc, petrolífera estatal dos Emirados Árabes Unidos, para comprar uma fatia da Braskem. 

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A oferta é de R$ 10,5 bilhões por 35,3% da participação da Novonor (ex-Odebrecht), que hoje é dona de 38,3% da petroquímica — ou seja, pelos moldes do acordo, a Novonor permaneceria com 3% do capital total da Braskem. 

Trata-se de mais um capítulo da saga de aquisição da empresa, que já recebeu também propostas da Unipar e da J&F. A oferta da Adnoc é maior, e significaria um pagamento de R$ 37,29 por ação da Braskem – valor 115% maior do que o preço dos papéis preferenciais da companhia no dia da proposta (R$ 17,28). Daí o entusiasmo de hoje. 

Atualmente, a Novonor divide o controle da empresa com a Petrobras, dona de outros 36,1% do capital total da Braskem. Por isso, o fechamento de um acordo depende também da aprovação da estatal. 

SOMA3: 6,54% 

As ações do Grupo Soma também dispararam na sessão de hoje. Aqui, o mérito vai todo pro balanço da varejista de moda, que trouxe números melhores do que o esperado para o terceiro tri: lucro líquido de R$ 96,1 milhões, queda de 6,7% na comparação anual. Isso num período de crise generalizada no setor de varejo. 

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Os papéis SOMA3 fecharam em alta de 6,54%. Vale notar que, no ano, as ações caem 32%. 

BEEF3: -13,45%

Já o balanço da Minerva frustrou – e derrubou as ações da companhia em 13,45%, para R$ 6,82. O lucro foi de R$ 141 milhões, 0,3% menor que no 3T22. O Ebitda caiu 11,5%, para R$ 713,7 milhões.

Tem a ver com a queda no preço da carne bovina nas exportações para a China – maior mercado consumidor dos frigoríficos brasileiros. Só que os analistas veem pioras na maioria dos mercados consumidores da empresa, com exceção do Brasil e Uruguai. Daí a reação dos investidores, bem traduzida por um relatório da XP que disse enxergar os dados com “poucas frestas de esperanças”. 

Até amanhã!

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MAIORES ALTAS 

Braskem (BRKM5): 15,62%

Soma (SOMA3): 6,54%

Cogna (COGN3): 3,82%

Hapvida (HAPV3): 3,48%

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Gol (GOLL4): 3,22%

MAIORES BAIXAS

Minerva (BEEF3): -13,45%

Casas Bahia (BHIA3): -12,28%

PetroReconcavo (RECV3): -5,47%

Carrefour (CRFB3): -4,48%

Banco do Brasil (BBAS3): -4,18%

Ibovespa: -0,12%, aos 119.034 pontos

Em Nova York

S&P 500: -0,81%, aos 4.347 pontos

Nasdaq: -0,94%, aos 13.521 pontos

Dow Jones:  -0,65%, aos 33.891 pontos

Dólar: 0,67%, a R$ 4,93

Petróleo 

Brent: 0,59%, a US$ 80,01 por barril

WTI: 0,54%, a US$ 75,74 por barril

Minério de ferro: 1,79%, cotado a US$ 128,90 por tonelada na bolsa de Dalian (China) 

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