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Bolsas amanhecem em baixa no exterior. A ver se o Brasil embarca no bonde

Medo de recessão segue contaminando o mercado global. Por aqui, falas de Lula contra a independência do BC também não devem ajudar. E fundos DI seguem em queda na esteira dos debêntures da Americanas.

Por Alexandre Versignassi e Camila Barros
Atualizado em 19 jan 2023, 08h43 - Publicado em 19 jan 2023, 08h43
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 (Laís Zanocco e Tiago Araujo/VOCÊ S/A)
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Ontem o Ibovespa descolou do exterior, com alta de 0,71%, versus -1,56% para o S&P 500. Não é o normal, já que as bolsas dos EUA tendem a dar a direção de todas as outras – tanto que Tóquio e Hong Kong fecharam em baixa, na esteira de Wall Street, e a Europa também opera no vermelho (veja lá embaixo). 

Caso a nossa bolsa volte a pegar o bonde americano, não será o melhor dos mundos: ele acordou dando ré, com o S&P caindo 0,53% nesta manhã. O fantasma por lá é o medo de que uma recessão se instaure. Ontem divulgaram os dados de venda no varejo americano em dezembro, e o que veio foi uma queda firme, de 1,1%.

Por um lado, isso mostra que as altas nos juros do Fed estão fazendo efeito – menos vendas = menos pressão inflacionária. Por outro, também mostra que a economia americana começa a sufocar com os juros altos. 

O receio é o de que comece uma espiral recessiva. Com cada vez mais gente comprando menos, uma hora isso começa a pressionar a taxa de desemprego para cima. Por enquanto eles vão bem nesse quesito, com a taxa em baixos 3,5%. Mas a onda de demissões que já varre o setor de tecnologia (veja abaixo) pode espalhar-se pela economia toda, criando a tal espiral recessiva.

A ver, então, como o mercado reage à divulgação semanal do número de pedidos de entrada no seguro desemprego (que serve como termômetro para o humor do mercado de trabalho). 

Lula e o BC independente

A ver também como o mercado daqui vai reagir às falas de Lula contra a independência do Banco Central. Ontem, em entrevista ao G1, o presidente disse: 

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“Eu posso te dizer com a minha experiência, é uma bobagem achar que o presidente do Banco Central independente vai fazer mais do que fez o Banco Central quando o presidente era que indicava”

Trata-se de um desafio à lógica. “Banco Central Independente” significa apenas que um governo eleito deve engolir o presidente e a diretoria do BC indicado pelo governo anterior por dois anos. É o que acontece nos EUA. E a ideia é manter uma certa estabilidade na política econômica.

Quando Lula indicar seu presidente do BC, em 2024, ele ou ela ficarão no cargo até 2028 – independentemente de quem seja eleito em 2026.  

Na prática, isso significa manter um BC mais vigilante. Governos do mundo todo tendem a pressionar seus bancos centrais por baixas nos juros, já que eles combatem a inflação a golpes de recessão. O perigo é tal pressão deixar que a inflação saia do controle. Foi o que aconteceu no governo Dilma, quando o BC de então foi impelido a reduzir os juros num cenário em que a curva de inflação apontava para cima.   

Lula também questionou: “Por que, com um banco independente, a inflação está do jeito que está? Não faz sentido. A inflação no Brasil fechou 2022 em 5,79%, ante 10,06% em 2021. Nos EUA, ela terminou o ano passado em 6,5%. Na União Europeia, 9,2%. No Reino Unido, 10,5%.

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Além disso, a prévia para o IGP-M de janeiro veio em 0,35%, ante 0,77% no mês passado. Uma desaceleração bem vinda. 

Vale lembrar também que Marina Silva, atual ministra do meio-ambiente, defendeu a independência do Banco Central na sua candidatura à Presidência em 2014 – e não consta que Marina seja “um fantoche a serviço dos banqueiros” ou qualquer platitude que o valha.

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Americanas

Na iminência de pedir recuperação judicial, a Americanas pode gerar um rombo de R$ 7 bilhões nos bancos. É o tanto que Bradesco, Santander, Itaú, Safra, BTG e Banco do Brasil terão de reservar para o caso de calote (a lista está por ordem de exposição, ou seja, dos bancos que detêm mais dívidas da varejista para os que detêm menos).

Para o investidor comum, o maior baque foi nos fundos DI com debêntures da Americanas na carteira. Mesmo aqueles vendidos pelos bancos como de risco baixíssimo, bons para reserva de emergência e nada mais, sofrem quedas. O Itaú Priviledge DI, por exemplo, caiu 0,70% desde o Americanas Day. O NU Reserva Imediata, -1,05%.  

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Bons negócios.     

humorômetro: o dia começou com tendência de alta
(VCSA/Você S/A)

Futuros S&P 500: -0,54%

Futuros Nasdaq: -0,61%

Futuros Dow: -0,51%

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*às 8h23

market facts

Microsoft e Amazon farão demissões 

Esta semana, Microsoft e Amazon, duas das maiores empresas do S&P 500, começaram a notificar seus funcionários sobre uma demissão em massa que deve atingir um total de 28 mil vagas – 10 mil da Microsoft e 18 mil da Amazon. Ambas disseram que a medida visa conter gastos num cenário de diminuição das vendas e possível recessão pela frente. 

Faz parte do movimento de desaceleração das techs que começou no ano passado, acompanhando a alta dos juros norte-americanos. Foi o fim da onda de contratações que rolou durante a pandemia, quando empresas do setor se beneficiaram da alta nas vendas de equipamentos e softwares para trabalho remoto, serviços de delivery e entretenimento online. 

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Números da consultoria Challenger, Gray & Christmas Inc. mostram que o setor realizou 52.771 demissões em um ano até novembro (mês mais recente com dados disponíveis).

Agenda

9h: PNAD Contínua, com a taxa de desemprego do trimestre encerrado em novembro. 

EUA, 9h: Número de pedidos de entrada no seguro-desemprego da semana passada

Europa

Índice europeu (EuroStoxx 50): -1,27%

Bolsa de Londres (FTSE 100): -0,78%

Bolsa de Frankfurt (Dax): -1,23%

Bolsa de Paris (CAC): -1,26%

*às 8h23

Fechamento na Ásia

Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): 0,62%

Bolsa de Tóquio (Nikkei): -1,44%

Hong Kong (Hang Seng): -0,12%

Commodities

Brent: -0.94%, a US$ 84,18 o barril

*às 8h25

Minério de ferro: 1,55%, a US$ 125,68 a tonelada, em Dalian

Vale a pena ler:

Procrastinação: entenda essa inimiga.

Adiar tarefas importantes em prol de atividades inúteis é uma tendência universal, com raízes biológicas. Mas quando o problema se torna crônico pode (e vai) arruinar sua carreira. Nesta reportagem da Você S/A, conheça as causas da procrastinação e veja estratégias científicas para combatê-la. Só não deixe para ler depois 😉

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(Laís Zanocco e Tiago Araujo/VOCÊ S/A)

EUA, após o fechamento: Procter & Gamble

EUA, antes do fechamento: Netflix

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