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Bolsa começa última semana antes da eleição preocupada com o exterior

Relativa calmaria no mercado doméstico se choca com queda das commodities e baixa da libra.

Por Tássia Kastner, Camila Barros
Atualizado em 26 set 2022, 08h00 - Publicado em 26 set 2022, 08h00

Falta uma semana para as eleições e, a despeito das expectativas que costumam rondar a Faria Lima nesta época, há muito pouco no noticiário doméstico capaz de mexer com a bolsa daqui até o final de semana.

De acordo com as pesquisas de intenções de voto, Lula segue líder e tem alguma chance de vencer no primeiro turno – a depender da consulta. Atrás dele está Bolsonaro, sem chances de virar o pleito, também de acordo com as consultas.

No campo político, o momento mais aguardado é o pronunciamento de Ciro Gomes, às 10h da manhã. O PDT, partido do candidato, diz que ele não deve renunciar a sua candidatura. Na média calculada pelo Estadão, Ciro tem 6% das intenções de voto. Nas últimas semanas, ele adotou um tom raivoso contra a campanha pelo voto útil no primeiro turno, criticando os planos do PT de tentar vencer a eleição no primeiro turno. Estratégia é estratégia, afinal.

O lance é que, num cenário tão consolidado, investidores podem se dar ao luxo de prestar mais atenção ao noticiário internacional. Não que isso seja mais animador.

A semana começa negativa em Nova York e ainda mais complexa na Europa.

A libra chegou a cair mais de 4% ante o dólar na madrugada, caminhando para a paridade contra a moeda americana e alcançando sua mínima histórica. Ao longo da manhã, as perdas foram diminuindo.

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O tombo veio após o chanceler do Tesouro (um cargo equivalente ao do ministro das Finanças), Kwasi Kwarteng, anunciar o maior corte de impostos do Reino Unido em 50 anos. Normalmente investidores comemoram isenções de impostos. No contexto atual, ela tem dois problemas: 1) isenção de impostos coloca mais dinheiro na economia, o que acelera a já alta inflação; 2) o governo britânico precisa do dinheiro dos impostos para cobrir subsídios que vão ajudar a população a atravessar a crise.

E a desvalorização da moeda também dá fôlego adicional à alta de preços, tornando o trabalho do Banco Central tão efetivo quanto enxugar gelo. Já tem gente por lá dizendo que os juros precisariam subir a 10% ao ano para conter a inflação. Uma alta de juros dessa magnitude jogaria o Reino Unido direto para a recessão.

E mesmo que os aumentos sejam mais modestos, a crise continua a ser o cenário base não só para a ilha, mas também para o resto do mundo. Na Europa continental, a preocupação continua a ser o preço da energia e a falta de gás para aquecer as casas no inverno. 

Sem energia para o básico, a economia desacelera. Daí as previsões apocalípticas. O petróleo e o minério de ferro também começam a semana em baixa. 

Ok que a bolsa brasileira tem tido dias relativamente tranquilos para um período eleitoral. Difícil mesmo é lidar com a baixa nas commodities. Boa semana.

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Humorômetro - dia com tendência de baixa

Futuros S&P 500: -0,69%

Futuros Dow: -0,67%

Futuros Nasdaq: -0,51%

às 7h55

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Europa

Índice europeu (EuroStoxx 50): -0,18%

Bolsa de Londres (FTSE 100): -0,86%

Bolsa de Frankfurt (Dax): -0,28%

Bolsa de Paris (CAC): -0,27%

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*às 7h53

Fechamento na Ásia

Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): -0,50%

Bolsa de Tóquio (Nikkei): -2,66%

Hong Kong (Hang Seng): -0,44%

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Commodities

Brent*: -0,64%, a US$ 85,60

Minério de ferro: -2,42%, cotado a US$ 95,60 por tonelada em Singapura

*às 7h54

market facts

Mercado revive climão de 2008 

Em relatório, o Bank of America disse que o pessimismo do mercado já se iguala ao nível da crise financeira de 2008. Na semana até 21 de setembro, os investidores sacaram investimentos para deixar dinheiro parado na conta. No período, o saldo em dinheiro subiu US$ 30,3 bilhões, enquanto fundos de ações globais tiveram resgates de US$ 7,8 bilhões. 

Oi: recuperação ameaçada?

O Ministério Público do Rio de Janeiro afirmou que o processo de recuperação judicial da Oi pode ser impactado pelo pedido de devolução bilionária feito por TIM, Vivo e Claro. Na semana passada, as teles enviaram uma notificação para a Oi pedindo um desconto de R$ 3,2 bilhões na compra da Oi Móvel, que tinha sido acordada em R$15,9 bilhões. Desse valor, R$ 1,5 bilhão já estavam retidos com as empresas – mas a Oi teria que devolver mais R$ 1,7 bilhão. 

“Essa cobrança pode sim impactar o processo, sobretudo em razão da necessidade de dar mais segurança aos credores que o cronograma de pagamento não será afetado”, afirmou o MP-RJ em nota enviada ao Estadão.

Vale a pena ler:

Tesla Bots: até onde podem ir?

Em um evento da Tesla em agosto do ano passado, Elon Musk anunciou seu próximo empreendimento ambicioso: um robô humanóide feito para auxiliar em tarefas domésticas. Recentemente, surgiram rumores internos de que a Tesla tem planos de implantar milhares de Tesla Bots dentro de suas fábricas. Mas a ideia ainda enfrenta ceticismo do público: afinal, com a tecnologia que temos hoje, um robô-quase-humano é possível? O Financial Times conversou com especialistas da Engineered Arts – uma fábrica de robôs humanóides – para analisar se as propostas de Musk podem se tornar realidade.

Mudança forçada

A cada dez brasileiros, quatro (39%) reduziram o consumo de carne bovina entre 2020 e 2022, e três (28%) diminuíram as compras de leite e derivados. No mesmo período, 24% cortaram gastos com remédios. É o que mostra uma pesquisa realizada pelo Instituto Travessia, para tentou entender como a inflação impactou os hábitos das famílias nos últimos dois anos. O Valor mostra as descobertas aqui.

Agenda

9h30: Banco Central divulga saldo de transações correntes e investimento direto no país

10h: Ciro Gomes fará pronunciamento

EUA: Presidentes regionais do Fed discursam ao longo do dia

21h: Pesquisa Ipec para presidente 

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