BC da Inglaterra socorre mercados e bolsas voltam a subir
PETR4 cai 1,35%, e Ibovespa fica no chove-não-molha: +0,07%.
65 bilhões de libras parecem ter sido o suficiente para acalmar os mercados nesta quarta-feira. Este é o tamanho do pacote lançado pelo BoE (BC da Inglaterra) para estabilizar os títulos de Tesouro do país, que estavam sendo vendidos aos montes após a nova primeira-ministra adotar um plano econômico nada convencional.
Na segunda, a conservadora Lis Truss, sucessora de Boris Johnson, anunciou que vai cortar impostos, especialmente dos mais ricos, reduzindo em muito a arrecadação do país e elevando a dívida inglesa. O plano despertou a preocupação do FMI (Fundo Monetário Internacional), que vê os cortes como excessivos e um provável aumento na desigualdade do Reino Unido. O mercado financeiro odiou.
O país está em franco aumento de juros para conter a inflação que está em 9,9% ao ano. A isenção de impostos joga contra o enxugamento de dinheiro necessário para conter a alta de preço.
O combo desastroso tem feito a libra mergulhar para suas mínimas históricas ante o dólar. E uma moeda desvalorizada recomeça o ciclo de inflação, dificultando ainda mais a tarefa do Banco Central. Aí o BoE precisou intervir e anunciou que irá comprar títulos do Tesouro inglês de longo prazo. Após a notícia, a moeda britânica ganhou força e terminou a sessão em alta de 1,4%, a US$ 1,0877.
Para ajudar na recuperação dos mercados (pelo menos por hoje), o presidente do Fed (BC americano), Jerome Powell, não deu um piu sobre política monetária em sua participação em um evento nos EUA. Tem dias que ausência de notícias é uma boa notícia em si.
As bolsas fecharam em alta de mais de 2%, após o S&P 500, principal índice americano, atingir a mínima de 2022 na véspera.
No Brasil, o Ibovespa tentou acompanhar o ritmo, mas a Petrobras segurou o índice, que subiu apenas 0,07%.
Apesar da alta de quase 4% do petróleo com reduções nos estoques e paralisação na produção mexicana com o furacão Ian, as ações da estatal (PETR4) cederam 1,35%.
Dá para contar a história ao gosto do freguês, já que faltam agora dois pregões para o primeiro turno.
De um lado estão os anti-PT. Investidores que temem a futura intervenção de um governo Lula na política de preços da companhia.
Nesta quarta, o assessor econômico do PT, Guilherme Mello, afirmou que uma das possibilidades para evitar que os consumidores sofram com as oscilações do preço internacional do petróleo é criar um fundo de estabilização para os preços adotados pela Petrobras. “Nosso objetivo é criar instrumentos para gerir preços. Instrumentos que sejam capazes de minimizar essas oscilações. Isso tem de ser obviamente construído de maneira dialogada com a Petrobras, com governadores.”
Tudo sob controle. Mas se o investidor quiser ser mais apocalíptico, lembrará de uma entrevista de Lula ao SBT. Nela, ele defendeu que a companhia use o real como base de cálculo para a venda de combustíveis. Hoje, a paridade é o dólar. “A Petrobras faz prospecção de petróleo em real, ela refina em real. Ela precisa, então que o preço seja em real.”
O problema dessa equação é que a Petrobras não refina todo o combustível que o país precisa. A gente importa o resto. É daí que vem a política de preços seguindo a cotação internacional – por mais críticas que ela possa sofrer. Uma outra proposta de Lula é mais lógica nesta questão: aumentar a capacidade de refino da Petrobras.
Mas, bem, a agenda da Petro foi cheia hoje. Também nesta quarta, a estatal anunciou um plano de investimento de US$ 600 milhões até 2027 para a produção de diesel verde (HVO) e de combustível sustentável de aviação (SAF). Aparentemente não emocionou.
E do lado dos anti-Bolsonaro, também não faltaram motivos para justificar a queda das ações.
Caio Paes de Andrade, o quarto presidente da companhia na gestão Bolsonaro, assumiu o cargo há três meses. E não foi só com o corte nos preços dos combustíveis que ele atendeu os anseios de Brasília. Paes de Andrade vem sendo acusado de ceder cargos a aliados do governo na companhia, de acordo com esta reportagem da Folha. Você sabe como essa história termina.
A disputa de narrativas, e a volatilidade do Ibovespa, deve se intensificar conforme as eleições caminham para o fim.
Segure firme e não esqueça de checar seu título de eleitor (ou e-Título).
Até amanhã.
MAIORES ALTAS
YDUQS (YDUQ3): 11,38%
Cyrela (CYRE3): 8,15%
MRV (MRVE3): 7,52%
Positivo (POSI3): 6,89%
Sabesp (SBSP3): 5,47%
MAIORES BAIXAS
BB Seguridade (BBSE3): -4,30%
Minerva (BEEF3): -3,63%
Marfrig (MRFG3): -3,03%
EDP Brasil (ENBR3): -2,99%
Energisa (ENGI11): -2,97%
Ibovespa: 0,07%, aos 108.451 pontos
Em Nova York
S&P 500: 1,97%, aos 3.719 pontos
Nasdaq: 2,05%, aos 11.051,64 pontos
Dow Jones: 1,88%, aos 29.684 pontos
Dólar: -0,50%, a R$ 5,3497
Petróleo
Brent: 3,75%, a US$ 88,05
WTI: 4,65%, a US$ 82,15
Minério de ferro: -0,49%, a US$ 98,4 por tonelada em Dalian (China)