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Apesar do medo de recessão mundo afora, Ibov fecha no azul com forte alta de PETR4

Diretor do Fed defende juros altos, mesmo num cenário de contração da economia, e assusta investidores; ventos de uma Europa mergulhada na inflação também ajudam a derrubar bolsas.

Por Júlia Moura, Alexandre Versignassi
19 out 2022, 18h06

O aguardado Livro Bege passou quase batido nesta quarta-feira. O documento do Fed (Banco Central dos EUA) sobre o estado da economia americana não trouxe novidades, e pouco mexeu com o mercado. Por lá, a atividade econômica não está lá essas coisas, mas a recessão ainda não é uma realidade. Porém, investidores temem que ela esteja próxima, o que fez os principais índices globais fecharem em queda. Em Wall Street, o S&P 500 caiu 0,66%.

Ontem, a agência de classificação de risco Fitch reduziu a expectativa para o PIB americano de 2023, de 1,5%, na avaliação de junho, para 0,5%. Segundo a Fitch, o combo aumento de juros e a inflação devem levar a economia americana a uma recessão como a de 1990 a 1991.

O Ibovespa escapou, em grande parte graças à alta de 3,54% da Petrobras (PETR4), patrocinada pela valorização de 2,64% do petróleo.

Bom, segundo o Livro Bege, diversas indústrias do país relataram altas expressivas no custo de insumos desde a última publicação do documento, no início de setembro.

Como a inflação não demonstra fraqueza, o Fed deve seguir subindo juros, sem a perspectiva de baixá-los tão cedo – aí a bolsa chora, claro. 

O cenário levou o banco suíço UBS a projetar um pico de 5,25% nos juros americanos em fevereiro de 2023 – fechando o ano que vem em ainda salgados 4,75% (no momento, eles estão em 3,25%).

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Segundo o banco, o Fed deve acelerar a alta de juros em dezembro e em janeiro. A previsão atual do UBS é de uma elevação de 0,75 ponto percentual em novembro, e outra de 0,75 pp em dezembro, chegando a 4,75%. 

E em fevereiro, deve vir um aumento de 0,50 ponto, alcançando os tais 5,25%. Antes, o UBS esperava 0,5 pp em dezembro e 0,25 pp em fevereiro (ou seja, um pico de 4,75%).

Neel Kashkari, um dos diretores do Fed, parece concordar. Ele disse hoje que os juros nos EUA podem superar os 4,75% se o núcleo da inflação (ou seja, a alta de preços excluindo alimentos e combustíveis/energia) estiver acelerando. Kashkari acha que a  inflação como um todo pode ter chegado a seu pico, mas o núcleo ainda não. O insumo para o raciocínio: a inflação geral em setembro ficou mais ou menos estável (queda 8,3% em 12 meses para 8,2%). Mas a core segue livre, leve e solta. Subiu de 6,3% para 6,6% – renovando o recorde dos últimos 40 anos.   

Kashkari ainda disse que pode demorar um ano para que todo impacto das altas dos juros atinja a economia. “Meu melhor chute é que poderemos parar de subir os juros em algum momento de 2023. O risco de subir os juros menos que o necessário é mais sério do que subir demais”.

Preocupado com a alta de preços, o presidente Joe Biden disse que vai liberar 15 milhões de barris de petróleo da reserva estratégica dos EUA, e que, se necessário, abre mais ainda a torneira – em uma tentativa de baixar os preços do óleo.

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O barril volta a sofrer uma pressão por conta da guerra na Ucrânia, que segue em escalada. Nesta quarta, o presidente russo, Vladimir Putin, decretou lei marcial nas quatro regiões ucranianas que a Rússia anexou à força no mês passado: Donetsk, Luhansk, Kherson e Zaporizhzhia. Essa medida dá mais poder aos militares russos que controlam a região.

No Reino Unido, mais notícias negativas para o mercado. A inflação ao consumidor foi a 10,1% em setembro, a maior em 40 anos. Em agosto, ela estava em 9,9%.

A situação econômica é justamente o pivô da crise política no país. Com menos de dois meses no comando da Inglaterra, Liz Truss sofre grande pressão para renunciar. 

Hoje, a ministra do Interior, Suella Braverman, e a secretária Parlamentar do Tesouro, Wendy Morton, renunciaram. Na sexta, Jeremy Hunt substituiu Kwasi Kwarteng no comando do Ministério das Finanças, voltando atrás no plano do governo de cortar impostos.

Do outro lado do Canal da Mancha, na zona do euro, a perspectiva é que o juro suba 0,75 ponto percentual em cada uma das próximas duas reuniões do BCE (Banco Central Europeu). Isso elevaria a “Selic” do bloco a 2,75%.

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Isso bastaria para segurar a inflação da eurozona, que está em apavorantes 9,9%? Entre nós, só com muita reza.

Até amanhã. 

MAIORES ALTAS

3R Petroleum (RRRP3): 5,96%

Tim (TIMS3): 4,68%

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PetroRio (PRIO3): 3,72%

Petrobras (PETR3): 3,71%

Petrobras (PETR4): 3,54%

MAIORES BAIXAS

Americanas (AMER3): -6,81%

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Qualicorp (QUAL3): -6,65%

Yduqs (YDUQ3): -5,62%

Via (VIIA3): -4,40%

Gol (GOLL4) -3,18%

Ibovespa: 0,46%, aos 116.274 pontos

Em Nova York

S&P 500: -0,66%, aos 3.695,47 pontos.

Nasdaq: -0,85%, aos 10.681 pontos

Dow Jones: -0,32%, aos 30.425 pontos

Dólar: 0,37%, a R$ 5,2742

Petróleo

Brent: 2,64%, a US$ 92,41

WTI: 2,98%, para US$ 84,52

Minério de ferro: 1,31%, negociado a  US$ 93,02 por tonelada no porto de Qingdao (China)

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