Ambipar anuncia Gisele Bündchen como acionista. Mas esse não é o fim do #publi

A estratégia é semelhante à do Nubank, que converteu a Anitta em acionista e membro do conselho de administração no mês de junho

Por Tássia Kastner
Atualizado em 28 jul 2021, 11h05 - Publicado em 27 jul 2021, 19h50
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 (Jamie McCarthy/Getty Images)
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A Ambipar anunciou que Gisele Bündchen passou a ter ações da companhia. Você pode não ter a menor ideia do que faz a empresa, mas a Gisele você conhece. Essa é uma grande mudança na estratégia de marca de grandes empresas. Em vez de pagar por simples anúncios com a celebridade, agora companhias querem personalidades dispostas a colar o nome ao negócio de uma forma ainda mais profunda: como acionista e defensora do modelo de negócio.

O objetivo é claro: ficar conhecida do grande público e ainda importar a reputação da ubermodel. Gisele é Hors Concours, alguém que seria recebida pelo presidente russo, Vladimir Putin, sem marcar hora (mais difícil seria o contrário).

Já a Ambipar ficaria na fila. Ela é uma empresa de gerenciamento de resíduos e tratamento de desastres ambientais. Você pode contratá-la para dar um destino que não um aterro para o seu lixo. O segundo caso é limpar o estrago causado por carretas que tombam com cargas inflamáveis ou em casos de rompimento de barragem da Vale.

De origem brasileira, a companhia é uma multinacional. E o negócio que mais cresce é esse segundo. Mas é no gerenciamento de resíduos que a Ambipar consegue contar uma história mais interessante, agora que investidores se dizem preocupados com questões ambientais e a agenda ESG. Você pode ler aqui uma entrevista com a presidente da empresa.

E a companhia, apesar de fundada em 1995, era uma ilustre desconhecida até julho do ano passado, quando estreou na bolsa brasileira. A operação levantou R$ 1,08 bilhão e, desde então, as ações subiram 70%.

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O dinheiro foi para uma série de aquisições, que já somam mais de uma dezena, boa parte no exterior. Gisele não deixa de estar nessa lista. Em comunicado à imprensa, a companhia diz que após o IPO decidiu investir em sua marca e decidiu que a modelo seria o rosto ideal porque é “brasileira, com forte atuação internacional e longa história em prol do meio ambiente – exatamente como a companhia”.

No fim, ela ainda será embaixadora, mas virou acionista e será membro do comitê de Sustentabilidade.

A Ambipar não disse quantas ações a modelo detém. Pelas regras da CVM, uma companhia só é obrigada a informar a participação detida por um único acionista quando ela supera os 5% de participação.

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As campanhas publicitárias de Gisele para a Ambipar ainda não foram desenvolvidas. Tampouco existem posts nas redes sociais da modelo sobre o novo investimento no Brasil.

O movimento é parecido com o do Nubank, que anunciou Anitta como acionista e membro de seu conselho de administração em junho. Assim como Gisele Bündchen tem seu nome associado às causas ambientais, Anitta já não é só mais uma funkeira. Ela é considerada uma empresária de sucesso capaz de alavancar a própria carreira.

E Anitta tem chances, sim, de acrescentar às discussões de um conselho de administração, cujo objetivo é desenhar estratégias de longo prazo para empresas. No dia do anúncio, porém, Anitta fez #publi. Mobilizou os fãs interessados em aumento de limite do cartão de crédito, uma das maiores queixas dos clientes do Nubank.

Tampouco dá para afirmar que Gisele seria apenas uma rainha da Inglaterra no seu novo comitê da Ambipar. De qualquer forma, é uma nova frente aberta pelo mundo do marketing. Assim como a Anitta foi criticada por não avisar que suas postagens eram publicitárias, as publicações da Gisele nas redes sociais virão com hashtags como #publi.

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