Ambev sobe 4% após balanço. Ibovespa fecha outubro em -2,9%.
Vale também segura as pontas e Ibovespa fecha a terça-feira no positivo, 0,54%. Em Brasília, o governo segue sem alinhar discurso em torno da meta fiscal.
O dia das bruxas é só nesta terça-feira, mas elas estiveram soltas ao longo de todo o mês no mercado financeiro global — com as altas nos juros dos Treasuries transformando outubro em uma eterna sexta-feira 13.
No aguardo da Super Quarta, quando os bancos centrais daqui e dos EUA divulgam as suas decisões de política monetária, hoje as bruxas se mantiveram mais comportadas na B3. O Ibovespa fechou em alta de 0,54%, aos 113.143 pontos — insuficiente para apagar as perdas do mês, claro. No cômputo geral de outubro a queda é de 2,94%
Como tem sido frequente nos últimos dias, aliás, Brasília quase estragou tudo. Desde a última sexta-feira (27), o governo federal vem batendo cabeça sobre qual deve ser a meta fiscal para o próximo ano — o déficit zero defendido pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ou uma permissividade para um valor entre -0,25% e -0,50% do PIB, conforme o sugerido informalmente pelo presidente Lula.
Logo pela manhã, diversos jornais chegaram a declarar que o governo já se prepara para mudar oficialmente a meta fiscal para 2024. A notícia não se confirmou ao longo do dia, mas os investidores tiveram sinais mistos para digerir — deixando o meio-campo tão ou mais embolado do que já estava.
Hoje, Lula e seus ministros se reuniram com a base aliada da Câmara. O ministro-chefe da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência, Alexandre Padilha, disse que a meta fiscal não foi discutida durante o encontro e defendeu que o governo persiga o déficit zero, mas os relatos de participantes divergiram ao longo do dia. O deputado Pedro Paulo (PSD) afirmou que está claro que haverá uma mudança: “já não é nem uma questão de quando, mas de quanto”.
De certo mesmo, só que o governo continuará pressionando por medidas que sejam capazes de aumentar a arrecadação. Na mesma reunião, o presidente pediu aos congressistas aliados para que os projetos da equipe econômica com o objetivo de elevar as receitas da União sejam aprovados até o fim deste ano.
Sem poder contar com uma maior clareza no campo fiscal, o Ibovespa acompanhou o ritmo de Wall Street. Para isso, contou também com um empurrãozinho das empresas de commodities metálicas — apesar da contração inesperada da indústria chinesa em outubro. É que o minério de ferro ganhou fôlego no pós-mercado em Dalian, se aproximando dos US$ 125 por tonelada. CSNA3 (2,26%), CMIN3 ( 2,17%) e USIM5 (1,54%), além de VALE3 (1,25%), foram alguns dos destaques
Em Nova York
As bruxas de outubro também se mantiveram comportadas em Nova York. No aguardo da Super Quarta, o S&P 500 e a Nasdaq avançaram 0,65% e 0,48%, respectivamente. Com o grande evento da semana tão perto, os investidores preferiram esperar para ver antes de ir para o tudo ou nada.
Segundo a ferramenta do CME Group, que serve de termômetro para as expectativas do mercado sobre os rumos da política monetária do Fed, 97,1% dos investidores acreditam que a taxa básica de juros americana deve se manter em 5,50% ao ano. Um número ligeiramente menor do que os 98,7% registrados ontem, mas nada que mude a rotação da Terra, claro.
ABEV3 (4,05%)
A Ambev foi um dos grandes destaques da temporada de balanços – e pode até abrir uma gelada em plena terça-feira. Alta de 4,05% para ABEV3.
A empresa de bebidas teve um terceiro trimestre acima das expectativas, já que reportou uma queda menor do que a esperada para o volume de cervejas — 1,1%, contra a estimativa de 2%.
O resultado refletiu no lucro líquido 24,9% acima do mesmo período do ano passado, a R$ 4,0 bilhões. A receita líquida foi de R$ 20,32 bilhões entre julho e setembro, em linha com as expectativas. O Ebitda chegou ao maior nível para o terceiro trimestre desde 2019: R$ 6,58 bilhões entre julho e setembro.
A surpresa positiva deixou a Ambev entre os papéis mais negociados do pregão de hoje, perdendo apenas para as duas maiores empresas do Ibovespa: Vale (VALE3) e Petrobras (PETR3). No ano, as projeções mais negativas para o consumo de bebidas alcoólicas ainda machucam os papéis, com uma queda acumulada de 10%.
PCAR3 (8,38%)
Outra alta patrocinada pela temporada de balanços foi a do Pão de Açúcar: 8,38% para PCAR3, mesmo após a companhia ter apresentado um prejuízo 426% maior do que o do terceiro trimestre de 2022 — R$ 1,2 bilhão no vermelho.
O número assusta, mas o resultado final foi impactado por eventos não recorrentes — como os custos da operação de segregação do Grupo Éxito, quando o GPA distribuiu a maior parte das ações que detinha na varejista colombiana aos seus acionistas ao custo de R$ 2,08 bilhões.
Fora as despesas não recorrentes, o Pão de Açúcar apresentou um senhor balanço, com lucro de R$ 809 milhões, revertendo o prejuízo de R$ 229 milhões 3T22. O Ebitda veio com uma alta de 478%: R$ 1,1 bilhão, contra R$ 197 milhões.
A reestruturação deve seguir pelos próximos meses, mas o Pão de Açúcar já começa a colher os frutos das mudanças recentes na direção de reduzir o endividamento e cortar custos.
Até novembro!
MAIORES ALTAS
Gol (GOLL4): 8,92%
Pão de Açúcar (PCAR3): 8,38%
BRF (BRFS3): 6,17%
Alpargatas (ALPA4): 4,70%
Grupo Soma (SOMA3): 4,55%
MAIORES BAIXAS
Braskem (BRKM5): -3,08%
Magazine Luiza (MGLU3): -2,92%
Itaú Unibanco (ITUB4): -1,41%
Petrobras (PETR3): -0,97%
Bradesco (BBDC3): -0,96%
Ibovespa: 0,54%, aos 113.143 pontos.
Em Nova York
S&P 500: 0,65%
Nasdaq: 0,48%
Dow Jones: 0,38%
Dólar: -0,11%, a R$ 5,0414
Petróleo
Brent: -1,54%, a US$ 85,02
WTI: -1,54%, a US$ 85,02
Minério de ferro: 0,34%, a US$ 122,81. na bolsa de Dalian