Alta do minério de ferro garante Ibovespa no verde: 0,77%
Mesmo assim, índice não acompanha o otimismo do S&P 500, que avançou 1,31%. Nvidia encontra fôlego para subir mais 2,54% – e a alta no ano chega a 166%.
A Vale não produz só minério de ferro, nem vende apenas para a China, claro. Mas a escala dessa operação é brutal o bastante para fazer as ações da mineradora e a cotação do minério nos portos chineses formem uma dupla de nado sincronizado digna de medalha de ouro.
Desde o dia 1º de março, VALE3 derreteu 25%, de R$ 89,20 para os R$ 66,33 do fechamento de hoje. Nesse mesmo período, a cotação do minério no porto de Dalian caiu 24%, de US$ 132,11 para US$ 100,44 a tonelada.
Esta sexta, porém, trouxe um pingo de alegria nesse oceano de pessimismo. Os R$ 100,45 de hoje representaram uma alta voraz de 3,69% sobre a cotação de ontem. No outro porto chinês que serve de referência internacional para os preços do minério, o de Qingdao, 400 quilômetros ao sul de Dalian, a subida foi ainda mais emblemática, 4,55%. E a Vale acompanhou (ainda que nas variações diárias o nado não seja tão sincronizado assim): alta de 2,28% para a maior produtora de minério de ferro do mundo.
Suas “co-irmãs” de bolsa, as siderúrgicas/mineradoras, também sextaram no verde: CSNA3 (1,38%), CMIN3 (1,10%) e GGBR4 (3,10%) – só USIM5 (0,41%) perdeu um pouco o bonde, mas ainda assim não caiu. Dado o peso da turma do metal na composição do Ibovespa, isso foi determinante para que o índice fechasse no positivo pelo segundo dia seguido: 0,77%.
Petróleo: 1,05%
A maré também não tem sido das melhores para o petróleo. Desde o último pico do Brent (US$ 87,33, no dia 12 de abril, já são 12% de queda. Mas, como aconteceu com o minério hoje, tivemos um dia de mola no fundo do peço.
O fechamento desta sexta, a US$ 76,98, corresponde a uma alta de 1,05% em relação a ontem. Bom para o outro peso pesado do Ibovespa: PETR4 acompanhou e fechou o dia 1,32% no verde.
Acordo nos EUA
A ligeira alta do barril é, em parte, consequência de uma esperança renovada de um acordo nos EUA para elevar o teto da dívida pública, já estourado, e evitar um calote. A Reuters informou que, segundo uma fonte interna do governo americano, o pacto de concórdia entre republicanos e democratas está quase pronto. Biden e seu antagonista nessa seara, o presidente da Câmara, Kevin McCarthy, já teriam concordado em aumentar o teto (de US$ 31,4 trilhões) por dois anos, com o democrata dando em troca uma política de cortes de gastos.
A lógica: para Biden, quanto mais gastos melhor, já que fartura de investimentos públicos garantem mais votos nas urnas. Para os republicanos, é o inverso. Com cortes, as chances de vitória deles nas próximas eleições aumentam. Dessa concorrência puramente política pode sair uma economia de fato mais equilibrada – de gastos públicos mais contidos num país em que a inflação segue persistente.
Inflação dura de matar
Segue mesmo. Hoje saiu o PCE (Despesas de Consumo Pessoal, na sigla em inglês) de abril. Trata-se do índice preferido do Fed. Em vez de apenas medir as altas de uma cesta de produtos, ele também considera mudanças nos hábitos. Por exemplo: se a população passou a consumir mais frango do que carne vermelha, o frango passa a ter um peso maior no índice.
E ele veio com uma surpresa: alta para 4,4% na base anual, ante 4,2% em março. Ou seja: o objetivo do Fed, que é baixar a inflação para a meta de 2% segue distante, o que dissipa a esperança de uma queda nos juros americanos.
Boom na IA
Mesmo assim, o S&P 500 fechou muito bem, obrigado, por conta dos avanços no acordo sobre a dívida: 1,31%. A Nasdaq, que concentra os papeis de tecnologia, even better: 2,19%.
Não é só a parte do teto da dívida. O fato é que as empresas de tecnologia estão surfando no hype em torno da IA. A Nvidia (NVDC34), depois de ter disparado 24% ontem, teve fôlego para subir mais 2,54% nesta sexta. No ano, a empresa que fabrica os processadores mais adequados para o desenvolvimento de ferramentas de IA já sobe 166%. E quem comprou logo depois de usar pela primeira vez o ChatGPT, e sentiu que tinha coisa boa ali, faz a festa.
Bom fim de semana!
Maiores altas
CVC (CVCB3): 11,19%
Gol (GOLL4): 6,53%
Dexco (DXCO3): 5,67%
Sabesp (SBSP3): 4,23%
Arezzo (ARZZ3): 4,10%
Maiores baixas
Cielo (CIEL3): -2,99%
Assaí (ASAI3): -2,24%
Ultrapar (UGPA3): -2,11%
3R Petroleum (RRRP3): -1,82%
Pão de Açúcar (PCAR3): -1,78%
Ibovespa: 0,77%, a 110.905 pontos. Na semana, alta de 0,15%.
Em NY:
S&P 500: 1,31%, a 4.205 pontos
Nasdaq: 2,19%, a 12.975 pontos
Dow Jones: 1,00%, a 33.093 pontos
Dólar: -0,93%, a R$ 4,98. Na semana, queda de 0,14%.
Petróleo
Brent: 1,05%, a US$ 76,98 por barril.
WTI: 1,17%, a US$ 72,67 por barril.
Minério de ferro: 3,96%, a US$ 100,44 a tonelada na bolsa de Dalian