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Conheça a ONG que coloca autistas no mercado de trabalho

Três perguntas para Marcelo Vitoriano, psicólogo e CEO da Specialisterne Brasil.

Por Júlia Moura
Atualizado em 12 Maio 2023, 06h40 - Publicado em 12 Maio 2023, 06h18

Conforme o seu filho Lars crescia, Thorkil Sonne se preocupava cada vez mais com o futuro profissional dele. Apesar de Lars ser muito inteligente e ter uma memória excepcional, o autismo trouxe dificuldades em se comunicar, o que atrapalhava a sua participação em processos seletivos. Sem ter para quem recorrer, Thorkil percebeu que havia ali uma oportunidade. O dinamarquês pediu demissão e hipotecou sua casa para criar em 2004 a Specialisterne, que ajuda pessoas com autismo e diagnósticos similares a se colocarem no mercado de trabalho.

Presente em 25 países, a ONG chegou ao Brasil ao fim de 2015 e já capacitou 350 neurodivergentes, empregando 300 deles em grandes empresas, como Itaú, Johnson & Johnson e Iguatemi. Hoje, conta com sedes em São Paulo e no Rio de Janeiro.

Marcelo Vitoriano, psicólogo e CEO da Specialisterne Brasil, nos conta como funciona essa capacitação gratuita.  

1) Como são as aulas na Specialisterne?

Montamos turmas de até doze pessoas em um treinamento parte online, parte presencial, que pode durar até três meses. Trabalhamos aspectos de habilidades sociais com psicólogos e os capacitamos em tecnologia, para que eles saibam realizar diferentes tarefas no computador.

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Os alunos trabalham em grupo, mas monitoramos pessoa por pessoa, mapeando dificuldades e oferecendo um suporte mais intensivo de acordo com a necessidade de cada um. Ao identificar o perfil e os interesses dos alunos, buscamos vagas e funções com nossos parceiros que sejam mais condizentes com essas características. 

Também os dividimos com base nas vagas em aberto para os neuroatípicos. Se elas são de administração geral, sem necessidade de um conhecimento muito técnico, classificamos como nível um. Se elas requerem competências mais específicas, nós os reunimos no nível dois.

2) Como funciona a parceria com as empresas?

Procuramos companhias que tenham políticas de diversidade e inclusão, para que elas também contemplem a neurodiversidade. Mas elas também nos procuram. Desde 2012, autistas são considerados como pessoas com deficiência para efeito legal, entrando na lei de cotas.

Damos cursos pagos de capacitação para o RH das companhias, acompanhamos as entrevistas de seleção, treinamos as equipes que vão receber o profissional neurodivergente e fazemos um acompanhamento quando ele já estiver trabalhando para verificar como está a adaptação – se ele está confortável com a atividade executada ou se é necessária mais alguma flexibilização.

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A inclusão é uma via de mão dupla. Não adianta prepararmos as pessoas se a sociedade não se adapta.

Hoje, muitas empresas que fizeram cursos conosco já conseguem incluir os neuroatípicos nos seus processos seletivos sem a nossa presença. 

3) Como é possível se inscrever como aluno na Specialisterne?

Pelo nosso site (specialisternebrasil.com). Mas, no momento, estamos com todas as vagas deste ano preenchidas. Assim que abrirmos novas turmas, avisaremos por meio de nossas redes sociais.

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A carência deste serviço é muito grande. Precisamos de mais empresas parceiras para ofertarmos mais vagas.

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