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Conheça a Contabilizei, que surfou no crescimento da pejotização

A empresa oferece serviços contábeis de forma ágil, com preços abaixo da média, e hoje conta com mais de mil funcionários.

Por Marcela Marcos | Design: Caroline Aranha | Fotos: Divulgação | Edição: Alexandre Carvalho
Atualizado em 8 jul 2022, 12h46 - Publicado em 8 jul 2022, 06h05

“Quero ser aventureiro!”. Era assim que Vitor Torres respondia, na infância, quando questionado pela mãe sobre o que queria ser quando crescesse. De certa forma, esse gaúcho de Porto Alegre cumpriu a promessa: foi se aventurar num empreendimento capaz de dar frio na barriga. Fundou uma empresa de tecnologia dentro de um mercado conservador. No caso, bem conservador: o da contabilidade.

Antes de ter seu próprio negócio no ramo contábil, Vitor acumulou experiência como consultor. Já tinha trabalhado com essa atividade em Londres, no International Golf & Resort Management, quando, em 2009, voltou ao Brasil e montou sua primeira empresa, de educação corporativa e consultoria em liderança.

Depois, de mudança para Curitiba, fundou a primeira aceleradora do Paraná, o que lhe deu destaque no cenário empreendedor tech. E foi justamente de uma insatisfação percebida nessa época que viria a ideia da Contabilizei.

“Em um ano, a primeira empresa trocou quatro vezes de contador. O serviço era caro e não atendia minhas expectativas. Sempre gostei de tecnologia, e esse problema que eu tive foi uma fagulha para começar a explorá-la no mercado da contabilidade, que faz as coisas da mesma maneira por décadas.”

A opção pelo digital

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Naquela época, o internet banking se fortalecia no Brasil, e a digitalização dos serviços bancários foi a inspiração para que o administrador tivesse a ideia de fazer o mesmo no mundo contábil. Seria um modo de baratear os custos desse tipo de serviço, e de torná-lo, ao mesmo tempo, mais dinâmico.

O primeiro desafio foi encontrar alguém que acreditasse na proposta. Demorou quase três anos para achar quem apostasse no empreendimento e tivesse expertise o bastante para colocar a visão de Vitor na prática. Foi em 2013, quando a Contabilizei nasceu tendo Fábio Bacarin e Heber Dionizio como sócios. O primeiro cuidava da parte tecnológica; o segundo, da contabilidade em si, e Vitor focava na operação do negócio.

Começo tímido

Sem uma estimativa de investimento inicial, o trio teve de juntar as próprias economias quando, num dos primeiros passos da startup, precisou colocar um site no ar. Até então, a companhia só tinha um telefone fixo. Era o próprio Vitor quem atendia às ligações.

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A Contabilizei passou de uma startup em que os sócios tinham de fazer vaquinha para montar um site a um negócio de R$ 500 milhões.

A empresa nem tinha escritório. Mas a situação começou a mudar já em 2014, quando o empreendimento recebeu um investimento da Curitiba Angels, uma fomentadora de novos negócios.

Com o dinheiro (Vitor não revela quanto), a Contabilizei pôde transformar em realidade um conjunto de inovações que destoa do engessamento e da morosidade tradicionais da contabilidade. Vamos a elas.

O que ela faz

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Em linhas gerais, a Contabilizei transfere para o online a gestão contábil e financeira do pequeno empreendedor, e do profissional autônomo também – a pejotização das equipes é um fenômeno crescente, e natural numa economia que combina anos de baixo crescimento com encargos trabalhistas pesados para os empregadores.  

Oferecer uma contabilidade simplificada e barata, então, é algo que cai como uma luva para o público que até outro dia estava na CLT, desacostumado a emitir nota fiscal.

O serviço também é interessante para quem tem uma empresa nos moldes tradicionais, mas sem muita estrutura. O desemprego no país contribuiu para que mais desses empreendimentos menores brotassem por todo canto. No primeiro ano da pandemia, segundo a pesquisa GEM (Global Entrepreneurship Monitor), o número de negócios criados há menos de 3,5 anos, “motivados por necessidade”, saltou de 37,5% (2019) para 50,4% (2020).

São empresas muitas vezes precárias, com dificuldade de lidar com a burocracia dos contadores. E está aí o grande trunfo da Contabilizei. Permitindo que a própria pessoa faça seus trâmites diretamente numa plataforma digital, de maneira simples, ela consegue praticar preços mais atraentes que a média do mercado – também oferece abertura de CNPJ a custo zero como chamariz para novos clientes. É uma contabilidade que os pequenos podem pagar. E que vem pronta, na internet.

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R$ 320 milhões: foi o último aporte recebido pela empresa, em março. Eles têm 30 mil clientes e 1.070 colaboradores.

Os dados dos clientes ficam armazenados na nuvem. Assim eles podem emitir notas fiscais dentro do próprio site da Contabilizei e receber guias de impostos – inclusive com a possibilidade de colocá-los em débito automático, já que uma das inovações do serviço é integrar a conta bancária PJ à contabilidade. Mas quanto custa, afinal? Levando em consideração um mercado que costuma cobrar em torno de R$ 500 para PJs, a automatização deixa a Contabilizei mais barata. Há uma diferenciação por planos, de acordo com as características de cada negócio. Empresas de serviço, por exemplo, pagam a partir de R$ 109 por mês – essa é a opção mais econômica. Já para as de comércio, o valor inicial é de R$ 209.

Nas opções mais baratas, porém, não há um serviço que os contadores tradicionais prestam: o atendimento por telefone. É só por chat ou e-mail. Para tirar dúvidas com a própria voz, só com um plano mais “premium”, a partir de R$ 349. De acordo com a empresa, quem atende é “um especialista no seu segmento”.

O plano mais completo custa a partir de R$ 589. Pensado para empresas de faturamento mais robusto (até R$ 300 mil por mês), ele faz gestão de contas a pagar e a receber, além de elaborar relatórios sobre o desempenho financeiro da empresa.

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Próximo unicórnio?

Depois do apoio da Curitiba Angels vieram novas rodadas de investimentos. Hoje, eles totalizam mais de R$ 500 milhões. Grande parte graças ao último aporte, no valor de R$ 320 milhões, conquistado em março agora, e que teve como maior investidor o SoftBank – fundo japonês que também tem tentáculos no Uber, na WeWork e no QuintoAndar.

Há até uma expectativa do mercado financeiro de que a Contabilizei vire unicórnio em breve. Sobre o assunto, Vitor é categórico: “Vejo que muita gente persegue esse termo para estar na capa da revista, mas a principal mensagem que deve ficar é o quanto o cliente acredita no que fazemos. É por ele que estamos aqui, não por um título”.

A ideia é que profissionais autônomos e pequenos empreendedores não percam tempo com a burocracia da contabilidade tradicional. E paguem menos.

Ele também não divulga o faturamento da companhia. Mas afirma que o número de clientes vem dobrando de tamanho a cada ano desde 2016, e que hoje está na casa dos 30 mil.  

Bom, se lá em 2013 a empresa nem tinha sede própria, hoje a situação é bem diferente: são dois escritórios, em Curitiba e em São Paulo. E há ainda as lojas, que começaram em outubro de 2021. Chamadas de “Espaço Contabilizei”, elas apresentam os serviços da empresa e esclarecem dúvidas de potenciais clientes de forma presencial. As lojas ficam em shopping centers: Anália Franco e Cidade São Paulo, na capital paulista, Barra Shopping, no Rio, DiamondMall, em Belo Horizonte, e Mueller, em Curitiba.

A equipe tem atualmente 1.070 pessoas. Elas podem escolher entre o modelo híbrido e o presencial nos escritórios e lojas ou 100% remoto em outras regiões. A Contabilizei atende hoje em 51 cidades, de 13 estados. A aventura continua, Brasil adentro.

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