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Trabalhadores desengajados podem custar US$ 8,9 trilhões ao PIB Global

Estudo da Gallup mostra que manter o engajamento e o bem-estar dos funcionários vai além de ser um empregador legal: também faz bem para a saúde das finanças.

Por Luana Franzão
12 ago 2024, 17h01
A imagem mostra uma pessoa sentada em uma cabine de restaurante ou café, concentrada em um laptop. Ela está com a mão na cabeça, em uma pose que pode sugerir cansaço ou preocupação. O laptop está coberto de adesivos relacionados a tecnologia e programação. Ao fundo, há uma mesa com uma xícara descartável.
A motivação pode ser incentivada com programas de metas, feedbacks assertivos e responsabilização. “Boas lideranças ajudam os funcionários a encontrar significado em seu trabalho”, escreveram os pesquisadores responsáveis pelo relatório (Tim Gouw/Unsplash)
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ocê consegue imaginar quanto é US$ 8,9 trilhões? É difícil conceber uma cifra tão grande. Esse número representa cerca de 9% do PIB global, e também o potencial prejuízo da economia mundial com a frustração dos trabalhadores por aí.

O número foi estimado a partir de uma pesquisa da Gallup, consultoria especializada em análise comportamental no trabalho. No estudo batizado de State Of The Global Workplace, a empresa debruçou-se sobre o bem-estar e produtividade de 128 mil funcionários em mais de 140 países.

Tanto a produtividade quanto a saúde mental dos trabalhadores estão perto dos números mais altos de todos os tempos para as duas medidas. Entretanto, o primeiro número parece estagnado e o segundo em queda neste último levantamento.

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“Se a saúde mental humana está em rápido declínio durante uma era de ouro do progresso e da prosperidade, teremos um dos maiores paradoxos dos nossos tempos”, disse o CEO da Gallup, Jon Clifton.

Solidão é obstáculo

20% dos trabalhadores dizem se sentir sozinhos durante o expediente. Esse número é maior entre os que possuem menos de 35 anos (22%), e os que trabalham de forma totalmente remota (25%). Isolamento social e solidão crônica têm efeitos devastadores na saúde mental, situação que pode desaguar em outros problemas.

Uma das cientistas sênior da Gallup, a professora de Harvard Lisa Berkman, participou de um estudo que mostrou que o risco de mortalidade entre pessoas com menos laços sociais é quase duas vezes maior que os mais sociáveis – diferenças que apareceram independentemente de outros fatores de distinção, como saúde física, camada socioeconômica ou cuidados com o bem-estar.

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Falando nele, o bem-estar dos trabalhadores mais jovens caiu em 2023, mas o nível se manteve relativamente estável – de 35% para 34%. O índice da consultoria faz a medida a partir de respostas que combinam uma análise de diferentes aspectos da vida, combinando presente, futuro e autorreflexão.

Questão geracional

Há uma diferença na percepção de bem-estar entre as gerações. Outro estudo, o Relatório Mundial de Felicidade, conduzido pelo Centro de Pesquisa do Bem-Estar da Universidade de Oxford, mostrou que pessoas nascidas antes de 1965 avaliam a vida cerca de um quarto de ponto melhor do que aquelas nascidas depois de 1985.

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Pode parecer um dado lateral, mas faz todo sentido levá-lo em conta dentro do ambiente de trabalho. Pessoas mais velhas costumam ocupar cargos mais altos de liderança, pode haver dissonância entre as visões de vida e carreira a longo prazo entre gestores e geridos. Para a Gallup, esse deve ser um ponto de atenção nas companhias.

Vida pessoal vs. vida profissional

Há quem pense que iniciativas em empresas a favor da manutenção da saúde mental dos colaboradores é um benefício. A consultoria defende que esse tipo de medida deve ser visto como parte essencial das contas da empresa. Ter funcionários insatisfeitos e improdutivos prejudica o balanço. Pessoas melhor satisfeitas com a vida pessoal e profissional tendem a ser funcionários melhores, e ajudam a fechar a conta.

Nem todos os problemas na saúde mental são oriundos do trabalho, mas o estudo mostra que funcionários que não gostam do emprego tendem a ter níveis altos de estresse e preocupações, além de níveis elevados de todas as outras emoções negativas.

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“Você pode achar que o trabalho e a vida pessoal são coisas separadas, mas eu discordo. Elas são uma só, concorrendo ao mesmo tempo”, disse Mishina, diretor de Conteúdo no Japão, um dos entrevistados.

Os pesquisadores da Gallup entenderam que estar desengajado e infeliz com o emprego atual pode trazer mais emoções negativas do que estar desempregado. Simultaneamente, aqueles que encontram satisfação no emprego, associam o trabalho a um aumento da qualidade de vida em geral.

A consultoria aconselha que os empregadores trabalhem para melhorar o bem-estar na vida pessoal e no emprego. Eles devem “prover benefícios apropriados e flexibilidade para apoiar o bem-estar do funcionário sem negligenciar seu maior potencial na avaliação de vida dos trabalhadores: construir times produtivos e engajados”, escreve.

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 Aqui não há novidade, todos sabem que há estresse no ambiente de trabalho e que ele tem alto potencial de ser nocivo às atividades e à pessoa.

Um quarto dos líderes se sentem estafados sempre ou com frequência, e dois terços se sentem assim ao menos de vez em quando. Muitos estão tentando resolver isso, mas frequentemente, de forma ineficiente.

Entre as soluções comuns propostas pelas empresas estão oferecer treinamentos para lidar melhor com o estresse, disponibilizar aplicativos de bem-estar e outras intervenções. “Aplicativos de bem-estar e mindfulness não são inerentemente ruins, mas quando lideranças ruins os usam como um conserto rápido, as coisas pioram. (…) O problema não pode ser resolvido com um tapetinho de yoga; são necessárias atitudes da liderança e a percepção de que a empresa investe em áreas além daquelas que causam estresse”, disse Clifton, o CEO.

Sim, somos Maria-Vai-Com-As-Outras

A literatura mostra que exemplos tendem a ser mais seguidos do que palavras. Portanto, líderes precisam ser engajados se desejam manter uma equipe motivada. A Gallup entendeu que 70% da variação no engajamento nas equipes pode ser atribuída à liderança.

A motivação pode ser incentivada com programas de metas, feedbacks assertivos e responsabilização. “Boas lideranças ajudam os funcionários a encontrar significado em seu trabalho”, escreveram os pesquisadores responsáveis pelo relatório.

Cultura resiliente

Entre as empresas que foram bem-sucedidas em aumentar o empenho dos funcionários, a Gallup destacou as seguintes práticas como recorrentes:

  • Alta-prioridade na contratação e desenvolvimento de lideranças;
  • O engajamento é uma prioridade em todas as etapas do desenvolvimento na empresa, desde a contratação até o estabelecimento de metas;
  • Ênfase no bem-estar dentro e fora dos escritórios.
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