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Órgão regulador americano detecta aumento de falhas nas auditorias

Agora, o país estuda responsabilizar as empresas da área por não detectar fraudes de seus clientes.

Por Camila Barros
Atualizado em 11 ago 2023, 09h19 - Publicado em 11 ago 2023, 05h51
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 (Caroline Aranha/Fotos: Getty Images/VOCÊ S/A)
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O PCAOB é um órgão “auditor de auditorias” nos EUA. Ele confere a qualidade do trabalho realizado pelos auditores em documentos de empresas com ações negociadas em bolsa

Num parecer parcial divulgado em julho, o PCAOB disse estimar que 40% dos documentos revisados neste ano (referentes a 2022) apresentarão pelo menos uma inconsistência – ou seja, que as empresas de auditoria não apresentaram evidências suficientes para apoiar suas opiniões. O parecer definitivo deve sair no final do ano. 

Caso confirmado, o número de falhas terá dado um salto em 2022 em relação aos anos anteriores: em 2021, 34% dos documentos apresentavam inconsistências; em 2020, 29%. 

As empresas de auditoria são responsáveis por garantir que os dados financeiros divulgados por outras companhias são verdadeiros. Quando o trabalho delas falha, sobra espaço para fraudes contábeis – e o investidor fica mais exposto a perdas. 

Que o digam os investidores da Americanas. A PWC, uma das quatro principais auditorias do mundo, checava os balanços da varejista entre 2019 e 2021. A KPMG atendeu a companhia entre 2017 e 2018. Ainda assim, nenhuma delas notou indícios do rombo de R$ 48 bilhões no caixa acumulado ao longo dos anos. No início de agosto, ambas foram ouvidas pela CPI da Americanas, na Câmara. As duas fazem parte das chamadas big four, as grandes empresas de autoria do mundo todo. Deloitte e EY completam o quarteto.

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Nos EUA, a crise bancária do início do ano também foi associada a erros de auditores: 14 dias antes do colapso do Silicon Valley Bank, a KPMG havia dado à instituição um atestado de saúde financeira. 

Segundo o PCAOB, as auditorias atribuem o aumento de erros a más condições do mercado de trabalho: mais rotatividade no quadro de funcionários, contratação de auditores menos experientes e a adoção do trabalho remoto. 

Agora, o órgão regulador quer que as auditorias assumam mais responsabilidade por fraudes não detectadas. A nova regra ampliaria os deveres dessas companhias: elas teriam de analisar, também, se a empresa-cliente está cumprindo leis e regulamentos, além de comunicar suas desconfianças com mais frequência aos conselhos de administração. 

O Center for Audit Quality, um grupo de auditorias liderado pelas big four, está se unindo contra a medida. Segundo a organização, o novo modelo estende o papel do auditor a conhecimentos e funções que não lhe pertencem. “Auditores não são advogados”, disseram em nota. Além disso, apontam que a mudança aumentaria substancialmente o custo de cada auditoria.

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