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Fusão nuclear, a energia que imita o Sol, deve atrair mais investimentos

A ciência deu um salto na viabilidade dessa fonte de energia – limpa e virtualmente infinita. Mas ainda é cedo para que isso agite o mercado financeiro.

Por Bruno Carbinatto
13 jan 2023, 05h52

Uma nova era para a geração de energia mundial? O Lawrence Livermore National Lab, laboratório que desenvolveu as bombas atômicas dos EUA na Guerra Fria, anunciou, em dezembro de 2022, um feito inédito: fez um reator de fusão nuclear produzir mais energia do que consumiu para gerá-la.

A novidade científica renovou esperanças de que o método possa ser usado no futuro em grande escala para gerar energia de forma limpa, substituindo os métodos poluentes. Mas, mesmo se isso realmente acontecer, ainda vai demorar um bom tempo.

Existem dois tipos de reações nucleares que geram energia. O usado nas usinas atuais é a fissão nuclear – um processo em que átomos radioativos (urânio ou plutônio) são quebrados em partículas menores, liberando energia no caminho. O segundo é a fusão nuclear, que acontece, por exemplo, no Sol. Nesse processo, átomos leves se fundem, resultando em átomos mais pesados – e também liberando energia.

A humanidade já tem a tecnologia para fazer fusão nuclear em usinas, unindo deutério e trítio (dois isótopos do hidrogênio). O problema: é um processo extremamente complexo e que precisa de altíssimas temperaturas. Resultado: esses reatores consomem energia em vez de produzir.

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Mas isso era até agora. Pela primeira vez cientistas conseguiram criar um reator que gerou mais energia do que gastou. O saldo final foi baixo – 1,1 megajoule, algo que daria para alimentar uma televisão. Mas prova que o método é possível.

O bom da fusão nuclear é que, diferentemente da fissão, ela não gera lixo radioativo, é feita a partir de material abundante (hidrogênio vindo da água do mar, e não átomos radioativos). E, claro, é uma fonte limpa, perfeita para substituir os métodos que contribuem com o aquecimento global.

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US$ 5 bi: foi quanto o setor privado investiu na fusão nuclear neste ano.

Por conta disso, a tecnologia tem recebido cada vez mais aportes. Startups voltadas para a fusão nuclear, como a Helion Energy e a Commonwealth Fusion Systems, receberam US$ 2,1 bilhões só em 2021 – esta última conta com investimentos de Bill Gates e George Soros.

A Fusion Industry Association, uma associação do ramo, estima que as 35 empresas que compõem o setor no mundo tenham somado US$ 5 bi em investimentos privados em 2022. Agora, com a novidade científica, elas esperam receber ainda mais.

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Por outro lado, ninguém sabe ainda se é possível reproduzir em larga escala a usina de fusão que produz mais energia do que consome – nem se isso seria financeiramente viável. O mais provável é que tenhamos de esperar algumas décadas pela resposta.

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