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Entenda o que faz uma startup de créditos de reciclagem

Três perguntas para Thiago Pinto, CEO da eureciclo

Por Camila Barros
Atualizado em 19 dez 2022, 08h37 - Publicado em 9 dez 2022, 06h57

Leia o rótulo de uma garrafinha de água mineral ou de um creminho no seu banheiro. Pode ser que o frasco tenha um selo “eureciclo”. Trata-se de um certificado de que a fabricante recicla 22% do lixo que seus produtos geram – uma meta estabelecida pela Política Nacional de Resíduos Sólidos em 2010. 

Quem emite esse selo é a startup eureciclo. Fundada em 2016, ela é a primeira empresa brasileira no ramo de créditos de reciclagem (da mesma forma que existem os créditos de carbono para empresas poluentes). A ideia é que a companhia da água mineral ou qualquer outra indústria possa comprovar que pagou pela reciclagem de um certo número de frascos. 

Esse modelo já ajudou a certificar 614 mil toneladas de lixo, além de gerar R$ 36 milhões de renda para 17 mil operadores da cadeia de reciclagem. Dá pouco mais de R$ 2 mil por pessoa.

A seguir, conversamos com Thiago Pinto, cofundador e CEO da eureciclo, para entender como funciona o negócio.

1- O que a eureciclo faz?

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A gente auxilia as empresas a atingir suas metas de reciclagem. Temos uma tecnologia que rastreia a coleta, a triagem e a reciclagem [dos materiais]. Isso passa por cooperativas [de reciclagem], catadores, ferro velho e sucateiro, até aterros sanitários. Com essa base, a gente consegue rastrear o fluxo de materiais até ele ser realmente reciclado. Dá pra ver que uma garrafa PET foi coletada, passou para a cooperativa, depois foi para o reciclador e lá eles transformaram em matéria-prima virgem.

A lógica é de compensação ambiental: a marca não precisa comprovar a reciclagem das mesmas embalagens que ela produziu – basta ser do mesmo tipo material. Então, imagina que uma empresa precisa comprovar a reciclagem de 100 toneladas de embalagens de iogurte. Nesse caso a gente vai atrás de um operador que conseguiu coletar 100 toneladas do mesmo material, pega essa evidência e remunera o operador. 

Hoje temos uma base de 6.500 clientes e 17 mil operadores da cadeia de reciclagem (desses, 300 são recorrentes).

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2- Que evidências são essas? 

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Por lei, são três. A primeira delas é a nota fiscal de compra e venda do material entre os atores [os catadores e as cooperativas, por exemplo] – a gente bate lá na Receita Federal para ver se são verdadeiras. 

Outra é o Manifesto de Transporte de Resíduos (MTR), que é basicamente a placa do caminhão que transportou os materiais. E depois tem o Certificado de Destinação Final (CDF), que é o reciclador falando “tal material entrou aqui e eu transformei”. Então, no fim, a gente tem dados de origem, transporte e destino.

3- Como vocês ganham dinheiro com isso? 

Temos algumas funções dentro do mercado de compensação: a gente captura e faz o tratamento dos dados e emite os certificados com base nisso. Eles são registrados em um cartório próprio. Depois, podem ser comercializados pelas empresas em uma exchange (que é uma casa de leilão onde compram e vendem certificados). Por todas essas atividades nós cobramos uma taxa, e toda vez que alguém compra ou vende certificados, nós ficamos com uma margem.

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