A técnica inconsciente dos vencedores do prêmio Nobel para aumentar a criatividade
Mudanças constantes de ambiente apresentam uma pessoa a ideias novas e diferentes. E isso é essencial para que ela crie algo inovador.

Quer ser mais criativo e fazer o melhor trabalho possível? Então aqui vai uma dica tirada diretamente dos hábitos de ganhadores do prêmio Nobel: não fique muito tempo no mesmo lugar.
Um novo estudo publicado no periódico International Economic Review analisou dados de carreira dos laureados com o Nobel em química, medicina e física desde o início da premiação, em 1901, até 2003. Entre as informações está a localização dos cientistas a cada ano e o momento em que cada um iniciou a pesquisa que, eventualmente, lhe renderia o prêmio Nobel.
O que a pesquisa em questão descobriu foi que uma mudança constante de ambiente de trabalho era responsável por diminuir significativamente o tempo que os cientistas demoravam para começar o trabalho vencedor do prêmio.
Mudar-se para um novo local a cada dois anos, por exemplo, reduzia o tempo até o início dos trabalhos em também dois anos. Já uma mudança a cada cinco anos diminuia o tempo em 0,7 anos.
Além disso, trabalhar em vários locais diferentes, como alternar entre uma universidade e um outro laboratório ou instituição, reduzia o tempo esperado até o início dos estudos vencedores em 2,6 anos.
Mudanças são boas para a criatividade porque expandem os horizontes
Segundo os pesquisadores do estudo, o principal motivo dessa relação entre mudanças e criatividade é que, dessa forma, os laureados tinham a oportunidade de conhecer outros cientistas. Nesse contato, eles eram apresentados a ideias novas e diferentes que poderiam ser combinadas com as suas.
Ouvindo insights interessantes e diferentes, os cientistas eram capazes de unir seus conhecimentos com os novos aprendizados de formas inovadoras e importantes.
“Você pode estar em um lugar com muitas pessoas brilhantes, mas depois de um tempo, você conversa com todas elas e desenvolve um entendimento comum de como as coisas funcionam”, afirma Bruce Weinberg, coautor do estudo e professor de economia na Universidade Estadual de Ohio.
“É menos provável que você alcance esse grande avanço a menos que seja exposto a um novo conjunto de ideias que nunca ouviu antes. Se eles permanecessem em um lugar, isso levaria muito mais tempo para isso acontecer, ou poderia nem acontecer.”
O tempo médio necessário para iniciar o trabalho premiado permaneceu notavelmente constante entre 1901 a 2003 e também foi constante entre as três áreas estudadas.
Claro que pode ser muito difícil para um cientista mudar seu laboratório de lugar constantemente. Contudo, um simples revezamento de ambientes de trabalho já pode ser responsável por uma redução de 26% até descobrir uma ideia inovadora – uma solução que poderia demorar 10 anos para aparecer pode chegar em pouco mais de 7 anos. É uma aceleração substancial na capacidade de inovação.
O estudo examinou um subconjunto bem pequeno: cientistas vencedores do prêmio Nobel. Esses pesquisadores atuam em áreas específicas que têm métodos de atuação também específicos. Contudo, as descobertas podem se aplicar a outros cientistas e a qualquer profissional que precise de criatividade para ter sucesso.
“Acredito que isso possa ser verdade para outros cientistas, artistas e qualquer pessoa em um campo criativo – sua genialidade é criar ideias novas e expressá-las de maneiras novas. E isso ajuda a se mudar e a conhecer outras pessoas com ideias diferentes”, afirma Weinberg.
“Ir para um ambiente completamente diferente, em um novo contexto, pode ajudar pessoas criativas a pensar de novas maneiras. É mais provável que você tenha uma ótima ideia se mudar de lugar, conhecer novas pessoas, ter novas experiências e descobrir novas maneiras de pensar”.