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Sofia Esteves

Fundadora e presidente do conselho da Cia de Talentos, Co-fundadora do Bettha.com e Presidente do Instituto Ser+
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Um talento não deixa de ser um talento depois de uma demissão

Você não é o seu trabalho e seu valor não está na sua empresa. Depois de enxugar as lágrimas, é hora de começar a refletir sobre o seu futuro.

Por Sofia Esteves
Atualizado em 20 abr 2023, 11h59 - Publicado em 20 abr 2023, 11h59

Quanto um talento vale depois de uma demissão? A pergunta soa estranha, eu sei. Dá a sensação de que o valor de uma pessoa é determinado única e exclusivamente pelo trabalho. Isso, claro, não é verdade, mas quantos de nós não nos sentimos assim? Quantos de nós muitas vezes não associamos nossa identidade e nossa importância à função que desempenhamos, ao cargo que temos ou à empresa onde trabalhamos?

Quando alguém é demitido, não é só a renda familiar e a rotina que são impactadas. A nossa autoestima também costuma sofrer um baque.

Sentimos que nosso trabalho não é tão bom assim, que não somos tão competentes quanto achávamos, que nosso currículo é inferior ao de outras pessoas, enfim, que valemos menos.

Nestes últimos tempos de notícias frequentes sobre demissões no mercado, muito provavelmente você conhece alguém que está passando por essa situação. Ou, talvez, você esteja nesse processo.

Por isso, o que eu gostaria de deixar bem claro em primeiro lugar é: você não é o seu trabalho e seu valor não está na sua empresa. 

Pode soar como uma frase motivacional clichê, mas acredito que, quando vivemos um momento difícil como o da pós-demissão, precisamos de pessoas à nossa volta nos lembrando até aquilo que pode soar óbvio: nosso sucesso não deve ser medido com base em um cargo ou em um salário. Somos bem mais do que isso!

É importante ter pessoas ao redor que nos ajudem a lembrar também que a jornada de carreira não é feita em uma linha reta ascendente, mas é trilhada por caminhos variados com curvas, percalços, subidas e descidas. E é por esse percurso que vamos descobrindo novas habilidades, desenvolvendo competências, fazendo contatos e explorando outras oportunidades.

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Levando isso em consideração, o segundo ponto que gostaria de esclarecer é: assim como nós mudamos ao longo da vida, a nossa carreira também passa por transformações e a saída de uma organização pode ser um momento para se reinventar. 

Chorar e sentir tristeza faz parte do processo de demissão, mas, depois de enxugar as lágrimas, é hora de começar a refletir sobre o seu futuro. 

Um exercício que costumo recomendar é fazer duas listas sobre a sua jornada. Em uma, você vai colocar tudo aquilo que fez e foi importante para a sua carreira: projetos dos quais se orgulha, funções que gostou de desempenhar, habilidades que ajudaram na sua trajetória, competências valorizadas no trabalho, diferenciais das suas entregas… 

Na outra lista, você deve escrever tudo aquilo que não foi positivo: atividades nas quais não se saiu bem, tarefas que não gostou de executar, projetos que fugiram do seu objetivo profissional…

A ideia por trás dessa dinâmica é fazer uma retrospectiva, organizar seus pensamentos e começar a refletir sobre o futuro. Com base na sua vivência, quais seriam os próximos passos? O que você gostaria de fazer e o que não gostaria?

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Aproveite também para incluir aspectos que você valoriza em um trabalho e aquilo que não importa tanto ou que é um ponto muito negativo. Por exemplo, atualmente é comum as pessoas buscarem uma vaga com possibilidade de atuação remota ou, pelo menos, híbrida — tem gente que não quer voltar 100% presencial de jeito nenhum. Há quem se preocupe com a localização da empresa, que não vai enfrentar um trânsito de mais de uma hora para chegar no escritório. 

Ou seja, pense sobre aquilo que é fundamental para sua vida hoje, aquilo que pode abrir mão e o que não negocia de forma alguma. Isso ajuda a ter mais clareza sobre os seus sonhos profissionais e, assim, definir os próximos passos. 

Nessa caminhada, vale avisar a sua rede de contatos sobre o ocorrido. Muitas vezes, sentimos vergonha da demissão, mas essa barreira precisa ser superada para que outras pessoas saibam que você está disponível no mercado para iniciar uma nova jornada. Afinal, não é raro novas oportunidades surgirem por meio de indicações de amigos, ex-colegas de trabalho, empresas nas quais trabalhou…

O LinkedIn pode ajudar não só nessa prática de networking, mas também na busca de vagas. Você pode se inscrever na página de empresas e ficar sabendo das oportunidades que têm aparecido por lá.

Por fim, o último conselho que dou é aproveitar essa mudança para fazer uma reflexão mais profunda, tanto do ponto de vista pessoal quanto do profissional. Precisamos saber qual é o propósito do dinheiro e da carreira na nossa vida, entendo que, sim, ambos são importantes, mas eles não nos definem. Nosso valor vai muito além disso!

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