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Letícia Góes

Professora de Língua Portuguesa com graduação e mestrado pela USP. É responsável pelo canal Português com Letícia e pelo curso Português Completo.
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Afinal: é “risco de vida” ou “risco de morte?”

Entenda a discussão por trás dessas expressões.

Por Letícia Góes, colunista da Você S/A
11 jun 2024, 06h00
V

ocê certamente já ouviu que alguém corria risco de vida. Deve ter ouvido também que, na verdade, o certo seria risco de morte. Afinal, qual é o correto?

A expressão risco de vida é a mais tradicional e é a que aparece no primeiro dicionário da língua portuguesa, de 1789. Ela está presente, por exemplo, nas obras do Machado de Assis, um dos principais autores da literatura brasileira. No entanto, essa expressão começou a ser questionada há alguns anos, quando a mídia passou a empregar risco de morte.

Para algumas pessoas, a expressão risco de vida não teria lógica, já que o risco é de morte (de morrer) e não haveria como ter risco de vida (de viver). Para quem está vivo, só poderia haver risco de morte.

Esse é um pensamento lógico, mas a língua nem sempre é literal, ou seja, ao pé da letra. E, na maioria das vezes, mesmo empregando expressões cujas palavras fogem de seu sentido próprio, é possível se fazer entender. Isso quer dizer que ninguém tem dúvida em relação ao sentido da estrutura risco de morte, porque se trata de uma expressão consagrada, de uso cristalizado na língua. 

Além disso, a expressão risco de vida também tem fundamento linguístico, pois está subentendido o verbo “perder”: risco de [perder] a vida, isto é, risco para a vida

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Assim, atualmente, as duas expressões são consideradas corretas: a tradicional e consagrada “risco de vida” e a que está na moda, “risco de morte”. Pode ser que daqui a cem anos apenas uma delas seja considerada correta e pode ser também que elas coexistam, como é hoje. Só o tempo dirá.  

Confira a explicação em vídeo:

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