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Isis Borge

É diretora da divisão de recrutamento Engenharia, Supply Chain, Marketing e Vendas da Talenses

Como responder a uma das perguntas mais temidas da entrevista de emprego

Quais são seus pontos fortes e seus pontos fracos? Saber como responder a esse questionamento pode ajudar você a avançar num processo seletivo

Por Isis Borge, colunista de VOCÊ S/A
Atualizado em 21 ago 2020, 08h57 - Publicado em 5 jun 2020, 06h00
 (Eunice Lituanas/Unsplash)
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Felizmente o mercado de trabalho está evoluindo em diversos aspectos, inclusive com relação aos recrutadores, que têm feito questionamentos diferentes para entender fortalezas e pontos de melhoria dos candidatos durante as entrevistas.

Temos nos apoiado em outros meios que complementem as conversas, como ferramentas de assessments (testes de análise de competências comportamentais), referências 360 graus, estudos de casos e vídeos, pelos quais é possível observar muito da aderência cultural e das habilidades comportamentais e competências dos profissionais.

Isso tudo ajuda, e muito, pois precisamos levar em consideração que, no momento da entrevista, o candidato tende a se sentir tenso. E isso provavelmente fará com que ele não consiga transparecer o seu potencial e a sua desenvoltura por si só. Independentemente de todos os métodos utilizados, sabemos que, de um jeito ou de outro, em algum momento da entrevista a pergunta sobre os aspectos comportamentais vem à tona e é bom se preparar para responder adequadamente.

Aqui vão oito dicas:

1.Faça uma análise mais clara do seu próprio perfil

Você pode fazer isso com base em feedbacks que você tenha recebido nas últimas avaliações formais de desempenho. Tente lembrar também de algumas observações informais sobre o seu perfil feita por pares de trabalho, membros da equipes, parentes, cônjuges e amigos mais próximos. Se você nunca teve nenhum tipo de avaliação de desempenho dentro da empresa, vale a pena pedir uma opinião sincera de líderes atuais e ex-gestores. Questione-os sobre seus pontos fortes e os que precisam ser trabalhados. Ter essa ampla visão sobre nós mesmos é importante tanto para ter um bom desempenho nos processos seletivos, quanto em toda a vida corporativa.

2. Destaque pontos fortes que te diferenciem da maioria

Com todas essas informações que você tiver em mãos sobre o seu perfil, pense no que realmente te diferencia perante os demais. Considerando o processo seletivo, muito provavelmente, todos os candidatos que disputarão a vaga com você terão um histórico profissional parecido, com graduações e conhecimentos técnicos similares. Pode até ser que vocês tenham frequentado a mesma universidade. Nesse momento, o que vai diferenciar um candidato do outro é justamente os aspectos comportamentais e a vontade demonstrada de preencher aquela vaga, aquele famoso “brilho no olho”.

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Então, estruture com critério, fatos e argumentos a sua lista de pontos fortes e saia daqueles roteiros triviais usados pela maioria. Um recrutador experiente sabe diferenciar o que é um discurso raso e como se apresentam pessoas que realmente se conhecem. A entrevista é a sua oportunidade de destacar pontos que enriqueçam o seu perfil e tragam algum fator competitivo de diferenciação no processo.

3. Saiba exemplificar os seus pontos fortes

Uma vez definidos os pontos mais fortes, pense também em situações no dia a dia do trabalho e em projetos que você realizou que esses pontos te trouxeram uma vantagem competitiva, se o recrutador te pedir exemplos você consegue trazer situações reais desses pontos.

As habilidades mais citadas por empresas nos alinhamentos de perfil como pontos almejados são: foco, resiliência, adaptabilidade, flexibilidade, facilidade para trabalhar em equipe, liderança, orientação a resultados e/ou excelência, habilidade de escuta e comunicação, criatividade, pensamento estratégico e/ou analítico, senso de dono, organização, capacidade de transitar bem entre todos os níveis hierárquicos da organização, empatia, carisma, disciplina, responsabilidade, positivismo, imparcialidade, prudência, individualização, transparência e empenho para se manter atualizado, flexibilidade cognitiva, entre outras. Lembre que, assim como em todas as etapas da entrevista, nesse ponto, a sinceridade é sempre o melhor caminho.

4. Considere fazer testes comportamentais

Uma ótima forma de obter mais informações sobre você é por meio de testes comportamentais. Os dois que eu particularmente mais gosto são o DISC e o MBTI, mas existem outras e cada recrutador vai ter suas preferências, todos com certeza te trarão adjetivos e características que o ajudarão a ter uma percepção mais apurada sobre você mesmo.

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O Disc é um teste de perfil que pode mudar com o tempo, ele traz uma avaliação situacional que, com base na fase de vida e de carreira da pessoa avaliada, apresenta um resultado. Também existe o MBTI, com capacidade para mapear um pouco da sua essência que se formou ainda na infância e que, muito provavelmente, não mudará.

5. Busque o autoconhecimento também pela leitura

Para esses casos, um livro que eu gosto e costumo sugerir às minhas equipes é o Descubra Seus Pontos Fortes, de Marcus Buckingham e Donald Clifton. Ele vem com uma “chave” para um teste online que vai te trazer os seus cinco pontos mais fortes, além de uma ampla explicação sobre cada característica.

6. Não tenha medo de falar sobre seus pontos de melhoria

Os pontos de melhoria são tão importantes quanto os de destaque. A intenção do recrutador não é te prejudicar. Ele quer conhecer mais sobre você e entender o seu grau de autoconhecimento e de transparência. Também será um ponto positivo se você conseguir dizer quais atitudes práticas tem adotado para evoluir nesses quesitos.

7. Aparente perfeição pode eliminar um candidato

Passa uma sensação de falsidade situações nas quais o candidato fica insistindo que não tem pontos fracos. Sabemos que o chamado “super-homem” (Übermensch) do filósofo Friedrich Nietzsche, que seria um ser superior na humanidade, não existe na nossa realidade, ainda somos pessoas com pontos de melhoria a serem trabalhados.

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Todos temos defeitos. Vale pensar em pontos aplicáveis no meio corporativo que mostrem essa consciência. Na avaliação de um headhunter experiente, quando alguém sabe dos próprios pontos fracos está mais próximo de evoluir, se comparado a uma pessoa que não se conhece bem. As empresas não querem seres perfeitos, elas buscam pessoas conscientes da sua forma de ser, que estejam abertos a feedbacks e queiram evoluir.

Já vi empregadores eliminarem de seus processos seletivos os candidatos que se diziam perfeitos por terem um baixo conhecimento de si mesmos. Então, cuidado com o hábito de listar qualidades como se fossem defeitos e fuja das tradicionais respostas que envolvam perfeccionismo ou ansiedade.

8. Use exemplos reais de pontos de melhoria

Como eu disse, a sinceridade é o melhor caminho. Desde que você saiba apontar o que tem feito para evoluir, não é ruim listar como pontos de melhoria. Veja alguns exemplos reais que já ouvi em salas de entrevistas e que me passam um grau de sinceridade por parte dos candidatos, quem sabe algum se aplica à você: saber priorizar melhor as tarefas, discernir as importantes das urgentes, melhorar a escuta, saber dizer não, ser menos centralizador, aprender a delegar mais para a equipe, confiar mais na equipe, desenvolver a equipe em aspectos comportamentais e não só na parte técnica, ser mais firme em alguns momentos em situações que a gestão de pessoas vai para um lado mais amigável, ser menos competitivo, aceitar melhor situações de fracasso, melhorar a resiliência para seguir adiante mais rapidamente, melhorar o foco, conseguir se posicionar melhor em reuniões,  ser mais político, saber costurar melhor as ideias, agir com mais rapidez, ter uma comunicação mais assertiva, citar a timidez,  admitir ser prolixo ou detalhista demais se for o caso na comunicação, ser menos metódico ou ser menos espontâneo, ser menos teimoso, etc.

Existe uma máxima muito verdadeira no mercado que diz que “as pessoas são contratadas pelo perfil técnico e demitidas pelo comportamento”. Ou seja, um currículo impecável pode ser arruinado se o perfil comportamental não for bom.

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Espero ter ajudado a deixar mais claro esse momento da entrevista que é temido por tantas pessoas. Para finalizar, o melhor conselho que eu posso te dar é: pense de verdade nos seus pontos fracos e de melhoria com antecedência, seja verdadeiro e transparente e saia do discurso comum. Assim, será mais fácil surpreender positivamente o entrevistador.

Muito sucesso na sua jornada!

Isis-Borge_VALE
(Divulgação/VOCÊ S/A)
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