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Isis Borge

É diretora da divisão de recrutamento Engenharia, Supply Chain, Marketing e Vendas da Talenses
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Como mudar o rumo da sua carreira?

Seja para trocar de setor de atuação, seja para mudar de função, uma transição de carreira exige planejamento. Veja quais são os caminhos possíveis

Por Isis Borge, colunista de VOCÊ RH
Atualizado em 15 jan 2021, 16h19 - Publicado em 7 ago 2020, 06h00
 (Brendan Church/Unsplash)
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Eu tenho recebido muitas dúvidas sobre como mudar de área, ou de setor de atuação, ou até mesmo como recomeçar em algo totalmente novo. Diversos profissionais estão nesse momento de decisão para redirecionar o rumo de suas carreiras.

É interessante, porque como passei por algo semelhante, consigo ter empatia de entender as razões que fazem alguém querer mudar. Para quem não sabe, eu sou formada em engenharia mecânica, trabalhei mais de sete anos em montadoras em áreas bem técnicas e decidi mudar radicalmente a minha carreira ao me tornar headhunter, profissão na qual atuo há mais de nove anos e na qual pretendo permanecer pelo resto da minha vida. Como headhunter, aproveito cada segundo dos meus dias, é algo prazeroso. Costumo dizer que encaro a profissão de headhunter como um estilo de vida.

Em contrapartida, converso com pessoas dos mais diversos históricos profissionais e posso dizer que algumas pessoas não estão felizes com o seu trabalho, não se sentem realizadas e ao mesmo tempo nem todo mundo sabe o que quer de fato fazer na vida para poder ser mais feliz.

O primeiro passo para mudar é saber o que quer. Percebo nas entrevistas que as pessoas normalmente têm uma série de insatisfações com o seu emprego atual, mas na hora que respondem “o que você quer para a sua nova oportunidade” ou “qual a oportunidade de emprego ideal” a maioria não sabe o que dizer.

Então, pare para pensar nisso em primeiro lugar: será que é a atividade em si que você não gosta ou será que é o lugar onde você faz essa atividade que talvez tenha pontos que não te fazem bem?
Se for a empresa, vale tentar a mesma função em outro lugar. Se for a função em si, aí sim é preciso pensar em um novo foco profissional.

Network
Uma das atitudes mais importantes é em ampliar o network com pessoas que atuem no setor ou área que você deseja trabalhar, para entender mais do setor em questão e definir se de fato é isso mesmo que gostaria para seu plano de carreira. Tem várias formas de ampliar esse network, se inscrever em cursos da área, ir em eventos do setor, pedir para ser apresentado por alguém que conheça as pessoas do segmento.

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O headhunter é, na verdade, um network também. Quando alguém contrata um headhunter, está contratando o network daquele profissional para chegar em pessoas que sozinho não é possível acessar. Então, da mesma forma que os empregadores buscam os headhunters, o profissional que deseja uma movimentação de carreira também pode procurar um headhunter, para que ele o tenha no radar para novas possibilidades.

Analisar as habilidades técnicas da nova área
Caso um profissional de finanças queira atuar em marketing, o primeiro passo é estudar o que as pessoas que trabalham em marketing geralmente têm de cursos no currículo, e quais são suas hard skills (habilidades técnicas). Após esse estudo prévio, é preciso direcionar o currículo para isso. Ou seja, listar as opções de cursos de curta e longa duração e se dedicar a isso. Os cursos também vêm como um plus, que é o network de pessoas daquela nova área.

Cada área tem o seu benchmark do que geralmente as pessoas estudam. Para compras ou vendas, por exemplo, às vezes um curso de curta duração de habilidades de negociação pode ser interessante. Para a área de Gestão de Projetos, ter a certificação do PMI vai ajudar muito a abrir as portas, assim como o AIPCS para o Supply Chain.

Se o foco for mudar de setor
É preciso conversar com pessoas desse novo setor para entender se existe alguma intercambialidade ou se é preciso dar alguns passos atrás em termos de cargo e remuneração para essa mudança.
Algumas áreas são mais fáceis de migrar drasticamente de setor, como Finanças ou RH. Já para áreas mais técnicas, como a Engenharia de Produto, as mudanças são mais restritivas e é preciso pensar em setores que tenham alguma similaridade. Por exemplo os setores automotivo, de bens de capital e até mesmo óleo e gás conversam melhor entre si. Da mesma forma um P&D de cosméticos é mais intercambiável com o setor farmacêutico e algumas áreas de bens de consumo como home care e alimentos.

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Essa migração pode ser fácil ou difícil, é preciso pesquisar com pessoas que atuam nesse novo setor, ou com um headhunter experiente, sobre a possibilidade de migrar. Uma advertência importante é: enquanto estiver fazendo essa pesquisa, evite falar disso para as pessoas da sua empresa atual, só comente quando de fato tiver certeza de que tem interesse na mudança e, inclusive, já tiver um novo convite em vista.

Um ponto que ajuda aqui é que muitas empresas têm mudado a forma como conduzem seus processos seletivos contratando muito mais pelo perfil comportamental do que pelo técnico, e apostando que as pessoas são capazes de aprender o técnico de cada área e de produzirem bem. Nesse ponto a empresa ganha também, pois consegue moldar aquele profissional da forma como achar que funciona melhor.

Caminhos alternativos ao mundo corporativo
O mundo muda em uma velocidade grande e da mesma forma todos os dias vemos empresas novas surgindo e muitas tendo sucesso atuando em nichos que eram “oceanos azuis”. O empreendedorismo pode ser um caminho interessante, por exemplo. Não digo que é o caminho mais fácil, mas pode gerar muito propósito e de fato mudar a vida de uma forma radical.

Converso com muitos donos de empresas e vejo que todos têm em comum a obstinação de fazer aquele negócio dar certo. O sucesso vem com muitas tentativas e erros, muitas noites mal dormidas, mas pode ser que esse seja o seu caminho. Pense a respeito. Se esse for o desejo, estude bem sobre o seu negócio para empreender. E de preferência foque em algo novo.

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Um livro que dá bons insights nesse sentido que eu adoro é A Estratégia do Oceano Azul de W. Chan Kim. E outra recomendação para quem não tem ainda uma noção muito clara de como montar um plano de negócios, outro livro que acho super fácil a leitura e ensina a construir um plano de negócios de forma simples é O Segredo de Luisa, de Fernando Dolabela.

O mundo acadêmico também é um caminho que vejo bastante gente se encontrando. Tenho um amigo que atuava em banco de investimentos com M&A e abriu mão de tudo para lecionar em cursos de graduação e pós-graduação, e é mais feliz assim.

Para ir nesse rumo, é mandatório ter mestrado e em alguns casos doutorado. Vale a pena planejar essa guinada. Não é preciso fazer um mestrado muito técnico, você pode pensar em temas que tenham a ver com o seu trabalho atual e fazer um mestrado relacionado. E depois disso, tendo o título stricto sensu, pleitear vagas como docente e quem sabe ajudar a formar essas novas gerações.

Consultoria
Alguns profissionais querem empreender, mas dentro das suas áreas de atuação. Uma forma para fazer isso é abrir a sua própria consultoria em algo que você domine muito e por meio do network executar projetos para empresas. Se a pessoa não for tão sênior a ponto de ser reconhecida como um especialista naquela área, vale estudar os processos seletivos das grandes consultorias que atuam no mercado para começar a atuar em projetos para grandes empresas, mas estando dentro de uma corporação mais estruturada.

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Trabalhar por projetos de curta duração e investir o tempo livre entre um projeto e outro em viagens ou hobbies. Esse é um desejo que vejo bastante nas gerações mais novas, que não necessariamente têm o sonho de construir carreira em uma corporação tradicional. Essa também é uma decisão viável. Empresas como a Assigna empregam pessoas por tempo determinado em funções específicas. Mas é importante a pessoa também ser um especialista em alguma área de atuação, seja por exemplo na área tributária ou até mesmo em TI, como um desenvolvedor de um tipo de linguagem.

Conselhos administrativos ou consultivos
Esse é um caminho almejado por muitos CEOs e costuma ser interessante também como um foco de carreira. Para ser um conselheiro, a experiência prévia conta bastante e é uma alternativa viável inclusive para ser levada em paralelo com a vida executiva.

É comum vermos conselheiros que também são CEOs ou diretores de empresas, desde que não exista conflito de interesses. Para ser conselheiro, o primeiro passo é buscar cursos nesse mercado e, de preferência, tirar a certificação de conselheiro profissional. E pelo network – seja de um headhunter (nós fazemos muitas vagas de conselheiros) ou pelo seu próprio network – é viável conseguir uma vaga interessante.

Nesse momento, muitas empresas estão revendo os seus conselheiros e constituindo novos conselhos. Então, é um bom período para refletir sobre essa alternativa.

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Independentemente da opção que você pensar, saiba que talvez não seja tão fácil. É preciso ter coragem para ouvir críticas das pessoas próximas e determinação para seguir adiante. Mas lembre-se sempre que para atingir o sucesso pessoal, é preciso a ação. Mãos à obra!

Isis-Borge_VALE
(Divulgação/VOCÊ S/A)
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