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O que é uma OPA, a “gêmea má” do IPO

É o que uma empresa faz quando quer recomprar os papéis que emitiu e tirar o time de campo na bolsa.

Por Alexandre Versignassi
10 fev 2023, 05h46

É o evil twin do IPO, o Initial Public Offering. E isso já puxa para uma curiosidade etimológica. Pronuncia-se “ái-pi-ôu”, você sabe, porque essa sigla é em inglês. OPA não. É uma sigla em português, para Oferta Pública de Aquisição, e pronuncia-se “ôpa” mesmo – jamais “ôu-pi-êi”. O termo em inglês nem é uma sigla, mas uma expressão: takeover bid (“oferta de aquisição”).

Opa, mas o que é, então, a oferta de aquisição? Se IPO é quando uma empresa decide vender partes de si mesma na bolsa para levantar dinheiro, OPA é o inverso: o momento em que a companhia diz tchau e bênção para o mercado e vai viver sua vida sem o incômodo de dar satisfação (ou dividendos) a uma multidão de acionistas.

Não são eventos comuns, de qualquer forma. OPAs estão mais ligadas a empresas que tinham o capital aberto e passaram por uma reestruturação. Geralmente após uma crise. Um caso célebre no Brasil foi o da Prumo Logística. Ela nasceu como LLX, uma das companhias saídas da cartola de Eike Batista e responsável pela operação do Porto do Açu, no litoral fluminense.

R$ 11,50 Foi a oferta por ação na OPA da Prumo Logística, em 2018. Os minoritários queriam R$ 15, mas acabaram aceitando.

A LLX estreou na bolsa em 2008. Em abril de 2011, chegou a um valor de mercado de R$ 5,8 bilhões. Quando o castelo de cartas de Eike começou a cair, dois anos depois, as ações desabaram 75%. A EIG Global Energy assumiu o controle acionário em 2013 e rebatizou a empresa como Prumo Logística.

Em 30 de março de 2017, depois de as ações terem fechado o dia anterior a R$ 8,86, lançou uma OPA. Ofereceu aos outros acionistas R$ 10,53 por papel para se tornar a única dona da empresa. Não rolou. Mais tarde, a EIG aumentou a oferta para R$ 11,50. O minoritários pediam R$ 15. Mas acabaram aceitando a oferta E a EIG pagou R$ 452 milhões por 39,3 milhões de papéis e tornou-se a única acionista do Porto do Açú.*

Nem sempre é o acionista controlador que lança uma OPA. Qualquer um pode tentar, com qualquer empresa. Foi o que Elon Musk fez com o Twitter, ao oferecer US$ 54,20 por papel em abril de 2022 – 20% acima do valor de mercado da época, para garantir que os donos de ações do Twitter topassem. Em casos assim, usa-se o termo “aquisição hostil”. Mas nem sempre. Em Portugal, chamam operações como a de Elon de “OPA hostil”. Faz todo o sentido.

*Sobrou 1,44% nas mãos de outros acionistas, mas isso não era o bastante para manter os papéis da Prumo na bolsa.

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