Ensino a distância ou ensino à distância? Resposta não é tão simples
"O mais adequado é ampliar o raciocínio para além de certo ou errado, escreve o professor Diogo Arrais

Com a quarentena, algumas expressões estão na moda: “trabalho a distância”, “estudo a distância”, “ensino a distância” e tantas outras. Dúvida maior deve ser quanto ao uso ou não uso do acento grave.
Vale recordar a visão de muitos estudiosos: não havendo especificação da distância (também pela ausência de artigo), defende-se o não uso do acento grave: “Fiquei a distância”, “Reunião a distância”.
Com a riqueza da nossa Língua, as ocorrências não são uníssonas. O mais adequado é ampliar o raciocínio para além de “certo” ou “errado”; é construir mensagem sem ambiguidade, confusão.
Caso o escritor queira mostrar que “o estudo é distante, não perto”, sem deixar margem à ausência de clareza, o acento é essencial:
“Estudo à distância, para garantir minha saúde e dos meus colegas de classe.”
Perceba: sem o acento, parece que o sujeito tem o afastamento, o distanciamento, como objeto de estudo.
Expõe assim também o dicionário Houaiss:
“A sentinela vigia à distância.”
Sem o acento grave, haveria a confusão: vigia “de longe” ou vigia “a medida”? Havendo o risco de tal ambiguidade, o acento deve sim aparecer.
No respeitadíssimo dicionário Caldas Aulete (e em diversos manuais, gramáticas e dicionários), a visão é o acento opcional na locução adverbial feminina “a distância”:
“À distância:
1. O mesmo que a distância: Este cão é feroz, convém manter-se à distância.”
Nota: não confunda com a locução “à distância de”, a qual possui o acento grave obrigatório. Exemplos:
“Ficamos à distância de cinco quilômetros da escola.”
“A conferência fica à distância de cinquenta quilômetros de Nova Iorque.”
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