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Armando Lourenzo

Doutor e Mestre em Administração pela FEA-USP. Pós-graduado em Filosofia pela PUC. Diretor da EY University. Presidente do Instituto EY. Professor da FIA, USP (PECEGE) e Casa do Saber.
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Como serão os líderes do futuro?

A adaptabilidade é mais importante do que exercícios de futurologia: sequer sabemos se as empresas do futuro terão líderes no sentido atual da palavra.

Por Armando Lourenzo
12 jul 2022, 12h56

Esta é uma pergunta que todos gostaríamos de responder com precisão, mas a resposta correta ainda não pode ser formulada. Não se sabe como será o mundo em dez anos, menos ainda quais serão as características dos líderes na próxima década.

O segredo para não ficar ultrapassado não está em adivinhar o futuro, mas em se desenvolver e evoluir como profissional e como pessoa de forma constante, a fim de que se tornar capaz de lidar com os desafios e oportunidades em qualquer cenário.

Você está preparado para liderar as novas gerações agora e daqui a dez anos? Já pensou se tem as competências certas para liderar em um mundo completamente novo e desconhecido?

É possível que você se sinta preparado para lidar com os jovens de agora. Daqui dez anos, quando a nova geração estiver entrando no mercado de trabalho, esse sentimento será o mesmo? O seu perfil de liderança mudará com o tempo? Para qual direção?

Estas e outras questões terão de ser respondidas por você. Mas, calma, não precisa ser agora. Essa nova realidade não virá de repente. Se estiver atento, você poderá perceber as transformações enquanto elas acontecem e, assim, se preparar com elas.

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A nova geração que formará o novo mercado de trabalho, por exemplo, não chegará de uma só vez às empresas. Ela vai começar a integrar seus times aos poucos. Então, encare os desafios diários e saiba como evoluir com eles.

Você deve refletir se estará preparado para um futuro que sequer imagina como será. Algumas competências-chave, no entanto, são cruciais, tais como aprendizado contínuo, gestão de talentos, relacionamento interpessoal, estratégia de negócio, negociação e mediação de conflitos, inovação digital, adaptabilidade, inteligência emocional, entre outras.

Nesse contexto cheio de variáveis, entendo que as competências de adaptabilidade e aprendizado contínuo serão vitais.

Sempre houve mudanças no mundo; a diferença para as mudanças que ocorrem na atualidade é a velocidade com que elas acontecem. Por isso, mais importante do que descobrir qual será o futuro é estar preparado para qualquer cenário.

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É muito comum escutarmos que pessoas mais experientes são mais resistentes do que as mais jovens. Será mesmo? Vejo diariamente profissionais seniores com baixa resistência à inovação, jovens com alta resistência a mudanças ou vice-versa. A questão não é necessariamente a idade que temos.

Resistir é mais comum do que pensamos. Todos os dias, sem percebermos, resistimos bravamente às mudanças, mesmo que pequenas.

Sim, é necessário mudar, pois o presente se altera o tempo todo. Assim, a competência da adaptabilidade é essencial. Seja como for o futuro, temos que estar atualizados e em sintonia com o mundo, pronto para mudar com ele.

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A adaptabilidade é mais importante do que exercícios de futurologia, porém, é importante notar que as grandes visões empresariais ainda serão pontos de inflexão entre o sucesso e o fracasso de algumas organizações.

Quando falamos em tecnologia, por exemplo, podemos separar as atuais (Analytics) das emergentes (Inteligência Artificial, Robotic Process Automation e Blockchain). Não adianta achar que você está seguro por dominar determinado conhecimento, pois em pouco tempo ele pode não fazer mais sentido. Isso é algo que pode valer para vários outros campos de conhecimento na sociedade empresarial.

Teremos novas formas de contratação, desde o contrato de trabalho intermitente até mesmo as startups, que são uma nova forma de aquisição de competências (gig economy). Como desenvolver essas pessoas que ficarão por curtos períodos nas empresas? Como faremos com que elas acreditem na cultura das nossas organizações? Como definir a remuneração por determinados tipos de trabalhos?

Das novas tecnologias, passando pelas novas áreas de conhecimento, até as formas de contratação e das relações de trabalho, tudo deve mudar. E será necessário aprender rapidamente sobre como lidar com estas novas situações. Desse modo, outra competência também muito importante é a da aprendizagem ágil.

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A competência da aprendizagem ágil e contínua é vital para as pessoas terem o seu desenvolvimento totalmente ajustado às mudanças de mercado. Ela deve ser ágil em termos de prontidão para aprender, ou seja, é uma questão de atitude frente às inovações impostas no cotidiano organizacional. Como as mudanças fazem parte da rotina das empresas, em uma velocidade cada vez mais maior, a procura por novos conhecimentos deve ser mais veloz.

Temos no mercado diversas plataformas digitais que nos proporcionam conteúdos diversos, mas há um desafio considerável para todos os profissionais: a curadoria de conteúdo. Por termos muitas informações disponíveis na internet, a grande questão é identificar os mais adequados para os nossos gaps de competências.

Este aprendizado deve ser contínuo. É o que chamamos hoje de lifelong learning, e que no século passado já chamávamos de educação continuada, ou seja, educação para todas as fases da vida das pessoas.

É importante ter em mente que este modelo de capacitação é regra do desenvolvimento profissional e pessoal, uma vez que o que aprendemos hoje pode não ser compatível amanhã, dada a velocidade com que as mudanças ocorrem.

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A nova liderança dependerá e muito dessas duas competências, além de outras já citadas. Teremos líderes nas empresas do futuro atuando da mesma forma como acontece hoje?

Vou além: Teremos líderes nas empresas do futuro?

Pense nisso.

 

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