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Quem são os jovens aprovados no cobiçado programa que formou Tabata Amaral

Esses jovens passaram pelo crivo de Jorge Paulo Lemann e são a aposta da Fundação Estudar para o futuro do Brasil

Por Camila Pati
Atualizado em 19 dez 2019, 16h08 - Publicado em 23 ago 2019, 07h52

São Paulo –   A Fundação Estudar já tem formada a sua nova turma para o programa de líderes, que entre seus ex-bolsistas a deputada federal Tabata Amaral (PDT-SP). De 78 mil inscritos, 29 jovens foram selecionados para receber apoio da instituição sem fins lucrativos, que tem como um dos fundadores o empresário bilionário Jorge Paulo Lemann.

“Esses jovens passaram no processo seletivo mais rigoroso do país”, diz Anamaíra Spaggiari, diretora da Fundação Estudar. Além de enfrentar mais de 2,6 mil candidatos por vaga, os aprovados passaram por sete etapas de seleção, sendo que a última delas era justamente um painel com Lemann e os executivos do conselho da fundação. “O Jorge Paulo tem habilidade para identificar talentos e isso é bem evidente durante a seleção”, diz Anamaíra.

Todos citam a fase do painel como a mais complicada. “Nunca tinha passado por uma sabatina tão rigorosa. Tive emoções mistas sobre a minha performance e confesso que fiquei surpreso com o resultado positivo”, diz Samuel Carvalho, de apenas 16 anos e um dos aprovados, que vai receber apoio para estudar economia e engenharia em Stanford.

A turma deste ano está mais diversa, segundo a diretora da Estudar. É a primeira vez, por exemplo, que uma estudante de mestrado na área de sociologia é aceita. Economia, engenharia, computação, design, políticas públicas, bioquímica são algumas das áreas de estudo dos líderes da nova turma de bolsistas Estudar. “Também foi a primeira vez que selecionamos uma bolsista trans e 17% dos selecionados se identificam como negros”, diz Anamaíra.

O apoio financeiro que a fundação dá aos aprovados varia. Cada jovem monta um orçamento em que inclui todos os custos que vai ter para concluir seus estudos – mensalidade, custos de moradia, alimentação, livros, transporte – e apresenta para a fundação uma proposta de valor que será analisada e definida.

“É um orçamento que vai além da matrícula da faculdade. Nós temos bolsistas inclusive, que são universidades públicas”, explica Anamaíra.

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O auxílio pode variar de 5% a 95% do valor total solicitado pelo candidato, e decisão é tomada pelo conselho na etapa final do processo seletivo que é anual e tem inscrições abertas em dezembro.

Desde 1991, quando a primeira turma foi formada, e somando-se os 29 selecionados, a comunidade de bolsistas tem 731 pessoas. Além do apoio financeiro, o acesso a essa rede de bolsistas e ex-bolsistas é um fator que impulsiona e acelera o sucesso dos participantes. No ano passado foram 50 eventos organizados por bolsistas e ex-bolsistas.

“Eles têm mais oportunidades de carreira porque fazem networking com talentos acima da média, fazem negócios, empreendem em conjunto e muitas empresas buscam recomendações de profissionais nessa comunidade”, explica.

O impacto dessas centenas de bolsistas da fundação no Brasil foi mensurado estatisticamente. Na comparação com os semifinalistas do processo seletivo do programa, os líderes recebem salários 15% maiores e ocupam mais frequentemente o topo da hierarquia das empresas.

“A pesquisa indica que 37% dos semifinalistas estão em cargos de alta gestão e, entre os bolsistas da fundação, o percentual é de 57%. Desses 20 pontos percentuais a mais entre bolsistas, 16 pontos são atribuídos à participação no programa”, explica.

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Em comum, além da ambição – o tal do “sonho grande” pregado pelo bilionário Jorge Paulo Lemann como condição sine qua non de sucesso –  os selecionados têm excelência acadêmica e um histórico de resultados já alcançados, mesmo com a pouca idade. As idades dos bolsistas vão de 16 anos a 31 anos. O processo seletivo não aceita candidatos com idades superiores a 34 anos.

Dos 29 aprovados, 16 toparam falar a EXAME o que fizeram para conseguir se destacar em meio a dezenas de milhares de brasileiros e que impacto querem causar no Brasil com sua atuação. São jovens que sonham em conseguir a partir de seu trabalho melhorar a qualidade de vida de pessoas com diabetes, melhorar a segurança do Brasil, democratizar o acesso a educação, entre outras ações. Confira:

Victor Cortez Crocia Barreto, 18 anos

Vicor Cortez:  jovem quer deixar sua marca na área de ciência e tecnologia (Fundação estudar/Divulgação)

Curso que vai fazer:  Economia e Matemática Aplicada na University of California Berkeley

Por que você acha que conseguiu ser selecionado? “Acho que consegui expressar bem minha trajetória e os meus sonhos e com isso atrair a atenção de quem me avaliava para os meus pontos fortes”.

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O que foi mais difícil no processo seletivo? “Acredito que a parte de articular minhas ideias e a maneira de transmiti-las para ter certeza que quem está ouvindo está entendendo exatamente o que eu quero transmitir. Trabalhei nisso e senti uma melhora pessoal nessa parte e acredito que consegui um bom resultado.”

Qual o impacto que você quer ter no Brasil ou no mundo? “Quero sentir que realmente deixei minha marca no Brasil e no mundo, principalmente na área de ciência e tecnologia. Gostaria de tanto ser lembrado como alguém que quebrou fronteiras na ciência quanto como alguém que ajudou uma criancinha a se interessar pela área.”

Erika Pinheiro Machado, 27 anos

Curso: PhD em Engenharia de Tecidos, University of Groningen

Por que você acha que conseguiu ser selecionada? “A paixão pelo meu trabalho e a confiança que tenho de concretizá-lo falam mais alto do que qualquer outra coisa. Quando a gente acredita no nosso propósito é muito mais fácil de convencer os outros a acreditar nele também”

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O que foi mais difícil no processo seletivo? “O painel é desafiador. Precisamos explicar para pessoas incríveis, incrivelmente talentosas e bem-sucedidas que temos um sonho e um plano para concretizá-lo. Organizar pessoalmente suas metas, traçar um caminho claro sobre sua trajetória e colocar tudo isso em palavras é a parte mais difícil”.

Qual o impacto que você quer ter no Brasil ou no mundo? “Meu doutorado é o primeiro passo de uma trajetória na qual eu almejo exercer a profissão de engenheira em um ambiente ideal para sobrevivência de células produtoras de insulina embaixo da pele (subcutâneo). Meu objetivo é produzir uma versão do pâncreas que será completamente funcional e que poderá trazer qualidade de vida para diabéticos de todas as idades: fornecer insulina da forma mais natural possível e sem a necessidade das injeções. Eu quero aproximar o mundo da ciência, os bastidores científicos, daqueles que não têm contato. As pessoas precisam voltar a acreditar no trabalho dos cientistas e depositar neles confiança e esperança”.

Lara Franciulli, 18 anos

Lara Franciulli: ela quer criar uma empresa de tecnologia (foto/Divulgação)

Curso: Ciência da Computação e Ciências Políticas em Stanford University

Por que você acha que conseguiu ser selecionada? Além de ter um perfil técnico forte traduzido na participação em olimpíadas de Matemática e Informática, tenho a vontade de fazer o concreto acontecer, ou seja, que minhas ações realmente impactem a vida dos outros (mais especificamente nos meus esforços para a igualdade de gênero em STEM, o que foi identificado através da minha participação como palestrante no evento UberMeninas: Mulheres na Tecnologia, evento da Uber para despertar o interesse por tecnologia em meninas de 6 a 10 anos)”

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O que foi mais difícil no processo seletivo A penúltima etapa, o painel com ex-bolsistas. Foi difícil lidar com a pressão e controlar a parte emocional, especialmente quando estava sendo avaliada por aspectos da minha vida que são muito importantes para mim. Depois dessa experiência, senti que poderia me submeter a qualquer outro processo de entrevista que estaria preparada para o que acontecesse.”

Qual o impacto que você quer ter no Brasil ou no mundo? “Quero utilizar meus conhecimentos em tecnologia, área que é minha paixão, para democratizar o acesso à educação de base de qualidade. Minha devolução à sociedade será a criação de uma empresa de tecnologia na educação com soluções concretas e acessíveis a todas as realidades brasileiras. Vejo que essa é uma forma de amenizarmos desigualdades aprofundadas na sociedade, como a social e de gênero.”

Raphael Camargo Lima, 28 anos

Raphael Camargo: ele quer melhorar as decisões sobre segurança e defesa (Fundação Estudar/Divulgação)

Curso: PhD em Estudos de Guerra, King’s College London.

Por que você acha que conseguiu ser selecionado? “Entendo que minha trajetória e meus objetivos me singularizam. Busco contribuir com a gestão pública do Brasil a partir de conhecimento técnico em áreas muito específicas: os setores de Segurança e Defesa. Acho que consegui mostrar que, muito embora as pessoas não tenham muito conhecimento sobre esses campos das políticas públicas, essas áreas são responsáveis por decisões que podem afetar fortemente a vida das pessoas por muitos anos”.

O que foi mais difícil no processo seletivo?“Foi refletir sobre minha trajetória de modo a construir uma história que faça sentido e, depois, comunicá-la para pessoas de fora da minha área de atuação. Para mim, foi um processo de aprendizado gradual. A cada etapa, tive que aprimorar minha história e entender como melhor comunicá-la para qualquer pessoa. Esse exercício foi um dos elementos mais ricos do processo seletivo.”

Qual o impacto que você quer ter no Brasil ou no mundo? “Quero apoiar a mudança da governança e da gestão das políticas de segurança e defesa do Brasil, tratando-as efetivamente como parte das políticas públicas de um país democrático. Entendo que somente com engajamento de estudiosos com alta capacidade técnica em questões de defesa e Forças Armadas, decididos a fazer a diferença no setor e dispostos a construir pontes entre vários grupos (civis, militares, políticos, movimentos sociais), poderemos melhor direcionar, preparar, empregar e capacitar as Forças Armadas do país, tal como é realizado em qualquer democracia madura”.

Pollyana Lima, 27 anos

Pollyana Lima: a sinceridade das suas respostas no processo seletivo foi essencial para que ela se saísse bem (Fundação Estudar/Divulgação)

Curso:  mestrado em Políticas Públicas, Oxford University

Por que você acha que conseguiu ser selecionada? “Acho que consegui demonstrar uma trajetória coerente com meu propósito e me propus a ser 100% sincera em minhas respostas, deixando a minha melhor versão falar. Suponho que o fato de ter partido para outra região do país para trabalhar com o que acredito, minha dedicação na implementação de um modelo de desenvolvimento inclusivo e com 27 anos ocupar uma posição de coordenação dentro do Estado (sou superintendente de Parcerias do Estado do Maranhão), também foram pontos chave.”

O que foi mais difícil no processo seletivo? “Esse tipo de processo seletivo é uma maratona contra você mesmo, e sem dúvidas a parte mais difícil é…você. As perguntas que te fazem refletir sobre seus sonhos, seu caminho e suas potencialidades podem gerar sentimentos de ansiedade e confusão, ou pior, respostas que não refletem quem realmente somos. Adotei como pressuposto ser o mais sincera não apenas com meus avaliadores, mas comigo mesma, para que esse processo seletivo não fosse apenas uma aprovação, mas uma oportunidade de autoconhecimento. E isso se reflete nos momentos das entrevistas, porque não existe discurso pronto que a equipe da Fundação Estudar não derrube. Acabei me saindo melhor nessas etapas finais com ex-bolsistas e líderes justamente por ter decidido falar com calma e garra o que é de fato importante para mim.”

Qual o impacto que você quer ter no Brasil ou no mundo? “Eu quero participar da implementação de um modelo de desenvolvimento nacional que seja voltado para crescimento econômico e social estabelecendo um pacto civilizatório do que todos tenham direito a ter nesse país, e quero fazer isso de uma forma democrática e inclusiva.”

André Luiz Fischer Abudi, 19 anos.

Andre Abudi: ” Ideal é não ceder à pressão no processo seletivo” (Fundação Estudar/Divulgação)

Curso:  Economia, University of Pennsylvania

Por que você acha que conseguiu ser selecionado?  “Não acho que eu tenha sido o candidato com a história mais comovente ou impactante. O que me ajudou é que apresentei uma noção boa do que fazer com a minha vida e passei essas ideias de maneira clara. Além disso, tudo que eu fiz até hoje, como minha escolha de curso, estágios, entre outras opções, tem a ver com o que eu quero fazer lá na frente, e isso também é algo que a Fundação Estudar busca em seus candidatos.”

O que foi mais difícil no processo seletivo? “O mais difícil é se destacar em meio a tantas pessoas boas e com pessoas muito experientes te entrevistando. Para se sair bem disso, o ideal é não ceder à pressão, manter a calma e tentar contar sua trajetória da maneira mais clara possível. Um processo como esse não tem espaço para mentiras e enrolação.”

Qual o impacto que você quer ter no Brasil ou no mundo? “Eu quero ter o meu negócio, empreender. Eu acredito que essa é a melhor maneira de se causar impacto na sociedade: resolver algum problema que o Brasil tem e, através disso, criar empregos, melhorando a vida das pessoas tanto direta como indiretamente.”

Samuel Corrêa Lima Costa Carvalho, 16 anos

Curso: Engenharia e Economia, Stanford University

Por que você acha que conseguiu ser selecionado? “O mais importante é ser autêntico e não ter medo de mostrar sua verdadeira personalidade. É importante ter um nível alto de realizações prévias para ser selecionado, mas isso não basta. Há inúmeros candidatos competentes que acabam não sendo selecionados.  um grande problema é que às vezes as pessoas ficam assustadas com a ideia de ‘sonho grande’ e acabam inventando metas com as quais não se identificam. Isso é facilmente percebido e rejeitado no processo de seleção”

O que foi mais difícil no processo seletivo? “Sem dúvidas, o painel de ex-bolsistas. Os entrevistadores vão muito a fundo na sua trajetória, e é necessário ter um nível muito alto de autoconhecimento para se sair bem. Hoje entendo que tudo conta: postura, objetividade, capacidade de articulação, habilidade de apoiar a resposta em exemplos concretos, entre outros fatores.”

Qual o impacto que você quer ter no Brasil ou no mundo? “Acredito que posso ter um impacto grande no setor privado, combinando meus interesses por negócios e finanças para facilitar a vida de muitos empreendedores no Brasil. São estarrecedoras as dificuldades que pequenos empresários enfrentam no país, desde as taxas elevadas para serviços financeiros até a baixa disponibilidade de crédito a preços justos. O avanço nos últimos anos é inegável, mas ainda há muitos gargalos e quero contribuir de alguma forma”.

Reginaldo Jose Gomes Neto, 28 anos

Reginaldo Gomes: sua paixão é a pesquisa (Fundação Estudar/Divulgação)

Curso: PhD em Engenharia Molecular, University of Chicago

Por que você acha que conseguiu ser selecionado? “Creio que o mais importante foi ter mantido a coerência quanto à minha trajetória e ter sido ser fiel ao meu propósito. No meu caso, sempre busquei contribuir para as comunidades por onde passei. Fosse trabalhando numa multinacional, tentando abrir a minha própria empresa ou estudando num grande centro de pesquisas, sempre busquei desenvolver projetos de excelência que deixassem um legado positivo para as próximas gerações, tais como a criação de uma liga de empreendedorismo universitário e o desenvolvimento de novas linhas de pesquisas no estado da arte do conhecimento.”

O que foi mais difícil no processo seletivo? “Definir o meu sonho grande. Sempre me considerei muito pragmático, definindo metas e planos alternativos para cada pequeno desafio que enfrentei. Logo, me sentia desconfortável em falar sobre grandes ambições, para as quais o caminho ainda não está muito claro. Assim, em vez de focar o longo prazo, eu busquei reafirmar os valores por trás de cada plano que executei bem como tentei projetar para os entrevistadores uma linha de tendência do meu desenvolvimento pessoal. Por exemplo, aos nove anos eu era a primeira geração da minha família a concluir um curso técnico, hoje eu estou indo fazer um Ph.D em engenharia molecular numa das instituições mais renomadas do mundo. Logo, por que não estar amanhã trabalhando junto a algum ministério na melhoria da qualidade da nossa educação?”

Qual o impacto que você quer ter no Brasil ou no mundo? “A pesquisa sempre foi a minha grande paixão. Quero trabalhar no desenvolvimento de novos materiais que mudem a forma como tratamos os nossos resíduos, extraímos nossos recursos naturais, ou mesmo tratamos nossas doenças. Contudo, também busco me desenvolver para no futuro atuar junto ao setor público na expansão e no aumento da qualidade da pesquisa brasileira.”

Daniel Renault Vaz, 18 anos

Daniel Vaz: quer melhorar a vida de pacientes a partir de suas pesquisas em bioquímica (Fundação Estudar/Divulgação)

Curso: Bioquímica, Columbia University.

Por que você acha que conseguiu ser selecionado em meio a tantos candidatos? “Eu possuo uma paixão genuína pela minha área de estudo (bioquímica) e um propósito muito claro de usar meus conhecimentos para desenvolver remédios que melhorem o mundo. Meu desempenho acadêmico e minhas conquistas apenas comprovam a minha iniciativa e dedicação para honrar esse propósito.”

O que foi mais difícil no processo seletivo? “O painel com os ex-bolsistas foi a etapa mais desafiadora, pois toda a minha trajetória e todos os meus objetivos foram questionados, muitas vezes de formas que não havia refletido ainda. Porém, respondi tudo com autenticidade e coerência, e isso é o mais importante.”

Qual o impacto que você quer ter no Brasil ou no mundo? “Melhorar a vida de pacientes que sofrem com doenças que ainda não possuem tratamento eficaz, ou o tratamento é extremamente caro. Pretendo realizar isso utilizando os meus conhecimentos de bioquímica e engenharia química para desenvolver novos medicamentos e novas maneiras mais baratas de sintetizar medicamentos já existentes.”

 Cristóvão Corrêa Borba Soares, 19 anos

Cristóvão Borba: jovem quer entrar para a vida pública (Fundação Estudar/Divulgação)

Curso: Direito, Universidade de São Paulo

Por que você acha que conseguiu ser selecionado em meio a tantos candidatos? “Acredito que meu diferencial foi a coerência entre o que já fiz, estou fazendo e quero fazer. Me envolvo com política desde os 10 anos, quando comecei a atuar em simulações da atividade parlamentar municipal, em um programa de vereador mirim. Aquilo me marcou profundamente e me fez crer que é possível transformar o Brasil através da política. De lá pra cá, tentei me manter muito firme nessa crença. Meu sonho grande gira em torno disso. Foi pensando nisso que me mudei para estudar no Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Viçosa (Coluni). Depois, fui para a Faculdade de Direito da USP, alma mater de grandes estadistas brasileiros. Com 18, eu já tinha trabalhado em uma campanha eleitoral de um candidato da iniciativa RenovaBr.”

O que foi mais difícil no processo seletivo?  “Manter a consistência e a confiança durante um processo tão longo é ‘paulera’ como diríamos em Minas Gerais. Tem momentos em que você acha ‘é, não passei’ ou ‘nem vou passar’. Se você não acreditarmos em nós mesmos, corremos o risco de você desistir. Muitos desistem justamente por causa disso. Ainda bem que aprendi a ser cabeça dura com meus pais, então me dei bem por causa disso.”

Qual o impacto que você quer ter no Brasil ou no mundo? “O meu pai é caminhoneiro, e quando mais novo, tive a oportunidade de viajar bastante com ele e conhecer muito do nosso país. Vi a grandeza do nosso Brasil, a riqueza da nossa natureza, da nossa cultural, da nossa gente. Entretanto, também vi muita desigualdade, muita ineficiência, muita pobreza. Quero entrar pra vida pública para resolver isso. Meu sonho é fazer o Brasil um lugar melhor através da política, tornando o Estado brasileiro mais eficiente e preparado para os nossos grandes desafios. Quero fazer isso principalmente no Legislativo, que hoje está uma bagunça. Quando eu for velhinho, quero olhar pra trás e dizer aos meus netos que eles vivem em um país melhor do que eu vivi.”

Fernando Alonso Bilfinger, 20 anos

Fernando Bilfinger: quer reduzir a inadimplência entre jovens a partir da melhorar da educação financeira (Fundação Estudar/Divulgação)

Curso: Economia, Estatística e Ciência de Dados, Yale University

Por que você acha que conseguiu ser selecionado em meio a tantos candidatos? Um dos principais fatores do processo seletivo da Fundação Estudar é a coerência da sua história: como seus projetos e experiências no passado e presente apontam para os seus sonhos no futuro. No meu caso, acredito que consegui mostrar como minhas experiências, criando cursos e sites educacionais, aliadas ao meu interesse por empreendedorismo como criador de uma startup na minha universidade e por economia me motivam a criar minha própria empresa voltada para educação financeira no Brasil”

O que foi mais difícil no processo seletivo? E como se saiu? “O painel com ex-bolsistas foi desafiador, porque nele é necessário responder as perguntas sem (muito) tempo para reflexão e ter sua história e planos a curto, médio e longo prazo frescos na cabeça. É preciso estar preparado para explorar aspectos econômicos, sociais, políticos e técnicos de seus planos e explicar como eles vão contribuir para o país. Acredito que conhecia e apresentei bem a minha trajetória, porém não estava preparado para a profundidade das perguntas sobre educação financeira, que abordaram projetos de lei estaduais e federais específicos.”

Qual o impacto que você quer ter no Brasil ou no mundo? “Pesquisas apontam que, no Brasil, menos de 10% das pessoas têm acesso à educação financeira, seja na escola ou em casa. O meu sonho é aumentar a exposição do brasileiro às diferentes maneiras de administrar as finanças pessoais, de forma a reduzir o alto percentual de jovens inadimplentes e incentivá-los a investir e gerar crescimento econômico no Brasil.

 

Bruna Kac Diamand, 17 anos,

Curso: Design Industrial, California College of the Arts

Por que você acha que conseguiu ser selecionado em meio a tantos candidatos? “Eu consegui apresentar de forma clara qual é o meu maior objetivo: promover inclusão através de design de produto e desenvolver instrumentos tocáveis que visam melhorar a educação de crianças autistas, como forma de concretizá-lo. Também falei de outras experiências com projetos, como o grêmio escolar, o trabalho na ONU, o vestibular comunitário e etc. Consegui demonstrar qualidades como proatividade, liderança, trabalho em equipe, acreditar em algo maior e fazer acontecer.”

O que foi mais difícil no processo seletivo? A entrevista final foi a etapa mais difícil. Eu queria tanto ser selecionada e estava tão perto que me senti pressionada. Minhas falas tendiam a sair com menos emoção, paixão e brilho nos olhos. Eu tinha que lembrar a cada resposta de me permitir ser vulnerável e falar além dos dados.”

Qual o impacto que você quer ter no Brasil ou no mundo? “Uma vez que crianças autista têm dificuldade de entender conceitos abstratos, meu objetivo é tornar esses conceitos mais tangíveis para elas através de objetos impressos em 3D. Esse é o primeiro passo numa trajetória onde almejo utilizar do design de produto para incluir pessoas que muitas vezes não são priorizadas pela sociedade. Desejo criar produtos com impacto social e inovação cultural, levando em conta aspectos como baixo custo e sustentabilidade.”

Pedro Carvalho, 18 anos

Pedro Carvalho: ele pretende se dedicar a estudar a parte teórica da economia e ciência de dados (Fundação Estudar/Divulgação)

Cursos: Economia, Stanford University

Por que você acha que conseguiu ser selecionado em meio a tantos candidatos? “É difícil dizer da minha perspectiva. Um dos motivos que acredito ter contribuído foi o meu engajamento desde cedo com a área que quero estudar. Ainda no ensino médio, inspirado por um projeto de professores no MIT, desenvolvi um índice de inflação para o Brasil com atualização diária, baseado em preços coletados da internet. Nesse projeto, apesar de não ter obtido um índice tão preciso, eu pus a mão na massa, criei algo do zero, tive que aprender sozinho  linguagens de programação e vi na prática como os mundos de ciência de dados e economia estão cada vez mais se entrelaçando.”

O que foi mais difícil no processo seletivo? “Apesar da entrevista final ser bem intensa, acho que um aspecto difícil que dura do começo ao fim de qualquer processo seletivo tão holístico como o da Fundação Estudar é saber como contar a sua história. Todos nós temos muitos episódios marcantes, tomadas de decisões, aprendizados e conquistas. O difícil é conseguir costurar tudo isso, selecionar apenas o relevante e ter uma narrativa que conte de forma verídica, coesa e coerente como seu passado motivou suas ambições futuras, e o que você está fazendo no presente para chegar lá. Acho que até hoje ainda não dominei 100% esse dom. É algo que sempre deve ser aperfeiçoado.”

Qual o impacto que você quer ter no Brasil ou no mundo? “Ainda não tenho muita ideia de onde quero ir com a minha carreira. Vou agora para Stanford com a mente aberta para absorver o máximo de conhecimento e descobrir quais portas serão abertas ao longo do caminho. Gosto muito da parte mais teórica de economia, assim como a aplicação de ciência de dados na economia, e pretendo usar essa poderosa ferramenta ou na área de desenvolvimento de políticas econômicas, ou agregando mais valor ao setor financeiro brasileiro.”

Juliana Müller Reis Jorge, 31 anos

 

 

Juliana Muller: ela quer melhorar a tomada de decisão no governoCurso: Mestrado em Economia Comportamental, Behavioral Science na LSE

Por que você acha que conseguiu ser selecionado ? “Acho que a Fundação Estudar seleciona pessoas que compartilham dos seus valores e que querem fazer algo para melhorar o país.”

O que foi mais difícil no processo seletivo? “O processo seletivo exige que você se conheça e que reflita sobre questões que não costumamos pensar. A parte mais difícil é aumentar seu nível de consciência sendo honesto consigo mesmo.”

Qual o impacto que você quer ter no Brasil ou no mundo? “Melhorar a tomada de decisão no governo”

Nathalie Gazzaneo, 30 anos

Nathalie Gazzaneo: que implementar políticas públicas que desenvolvam o potencial da população brasileira (Fundação Estudar/Divulgação)

Curso: Mestrado em Políticas Públicas, Harvard University

Por que você acha que conseguiu ser selecionada ? “Por demonstrar integridade, ambição e capacidade de execução na minha trajetória até aqui, e coerência entre o que já fiz e o impacto que pretendo causar nos meus próximos passos.”

O que foi mais difícil no processo seletivo? A parte mais desafiadora do processo foi mergulhar nos meus propósitos mais genuínos e ter a coragem de articulá-los com clareza primeiro para mim, e depois para todas as lideranças que faziam parte do processo de seleção. Poucas vezes na vida somos chamados a um mergulho tão profundo em quem somos, o que nos realiza e como pretendemos impactar positivamente o tempo e o mundo em que vivemos.”

Qual o impacto que você quer ter no Brasil ou no mundo? Quero construir políticas públicas que permitam que o Brasil desenvolva todo o potencial humano e criativo que já temos para ser bem-sucedido na transição econômica e social para o modo de produção mais avançado hoje, que é o modo de produção digital.”

Mario Minor Murakami Junior, 23 anos

Mario Murakami: quer ser pioneiro em usar inteligência artificial na neurologia (Fundação Estudar/Divulgação)

Curso: Medicina, Universidade de São Paulo e Harvard Medical School

Por que você acha que conseguiu ser selecionado em meio a tantos candidatos? “Tenho grande capacidade de execução de projetos difíceis, de longo prazo e que demandam grande habilidade cognitiva. Além de tais projetos estarem totalmente alinhados com meus objetivos, demonstrando um desenvolvimento linear com potencial de atingir altos patamares dentro da minha área de atuação.”

O que foi mais difícil no processo seletivo?  “O painel final. Eu estava muito seguro da minha história e da minha capacidade de arguição nesse tipo de contexto, então estava com tranquilidade apesar da grande dificuldade em ter como interlocutor o board da Fundação Estudar.”

Qual o impacto que você quer ter no Brasil ou no mundo? “Quero ser um dos pioneiros do uso de Inteligência Artificial em neurologia no Brasil e talvez do mundo. O contexto atual da neurologia e neurorradiologia é de evolução para o uso de novas tecnologias para a área terapêutica. Quero que o Brasil participe dessa nova onda, sendo eu um dos protagonistas.”

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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