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7 a cada 10 mulheres maduras estão em transição de carreira

A pesquisa, realizada pela Maturi e NOZ Inteligência, coletou dados de 2.019 pessoas entre 42 e 83 anos. Confira os resultados — e como dar os primeiros passos nessa mudança profissional.

Por Sofia Kercher
Atualizado em 21 ago 2024, 13h35 - Publicado em 21 ago 2024, 12h00
Mulher em seus 50 anos sorrindo no ambiente de trabalho.
 (10'000 Hours/Getty Images)
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“O tempo passará de toda forma.”

Foi esse o conselho que fez Eliana Carvalho, de 55 anos, dar um dos saltos mais gratificantes (e desafiadores) de sua carreira: começar uma faculdade de psicologia depois de três décadas na área de T.I.

A (hoje) psicóloga recebe essa credencial há dois anos. Mas a ideia já estava germinando em sua cabeça desde 2013, quando foi diagnosticada com um câncer de mama. “Tudo na vida tem que ter um porquê. E eu, já aos meus 44 anos, não conseguia mais responder o motivo pelo qual eu estava fazendo aquilo”, conta à Você S/A.

Aos seus 17 anos, esse sentido existia. Cabeça boa para matemática, afinidade com o assunto, a promessa de uma grana boa. Naquele momento, a área da tecnologia era uma escolha natural. “Eu até pensava em seguir na medicina ou psicologia, mas eu não podia me dar ao luxo de ficar tanto tempo sem retorno financeiro”, explica a profissional. 

A jornada-real-oficial começou em fevereiro de 2018, quando (depois do empurrãozinho filosófico) Eliana se matriculou no curso de psicologia no Centro Universitário São Camilo. Cinco anos de graduação, uma aposentadoria e uma pandemia depois, ela afirma com todas as letras: não se arrepende de absolutamente nada. Nem da primeira graduação, muito menos da segunda.

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“Eu gosto de estar no mundo, de ter novos desafios. A psicologia veio para atender esses meus desejos”, conta, sorrindo.

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Eliana, de 55 anos, atua como psicóloga desde 2022. Mas, durante 30 anos, sua jornada foi outra: trabalhava com processamento de dados, na área de tecnologia. (Divulgação/VOCÊ S/A)

Ao que tudo indica, Eliana não é, nem de longe, a única a dar esse salto na sua vida profissional. É o que mostra uma nova pesquisa, realizada pela Maturi e NOZ Inteligência. A partir dos dados de 2.019 pessoas entre 42 e 83 anos, o levantamento concluiu que 70% das mulheres nessa faixa etária estão em transição de carreira. Para os homens, o número é um pouco menor: 65%. 

“A gente imaginava que haveria um interesse na mudança, mas não que seria tão alto”, conta Mórris Litvak, CEO e fundador da Maturi. Segundo o profissional, a empresa percebeu um aumento na busca desse público nos cursos, eventos, oficinas e palestras oferecidos sobre o assunto. Em sua maioria, por mulheres.

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O que mais diz a pesquisa

A intenção da pesquisa era construir um panorama sobre a realidade dos profissionais maduros aqui no Brasil – especialmente mulheres.

Essa mudança, segundo a pesquisa, é movida por dois motivos centrais: equilíbrio entre vida pessoal e profissional (49%) e melhores condições financeiras (48%). Em suma: maior qualidade de vida. 

Esses são os principais, mas não os únicos. As entrevistadas podiam assinalar mais de uma resposta, e também deram foco a motivos mais subjetivos: 39% desejam buscar novos desafios profissionais, e 25% querem seguir uma paixão, desejo ou interesse antigo.

Luciana Fernandes, 58, se encaixa no último grupo. Seu primeiro emprego, aos 20 anos, foi em uma loja de móveis, que era sua área dos sonhos. Mas a impossibilidade de ganhar comissões pelo trabalho (cortesia do Plano Collor, implementado em 1990) fez com que sua carreira enveredasse para o turismo e, posteriormente, para o mundo dos eventos corporativos. 

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Não faltou amor pelo trabalho. “Eu amava o mundo de eventos, era boa no que fazia”, conta. Ainda sim, nunca tinha largado totalmente a área de design de interiores que, segundo ela, era sua paixão. “Era meu pulmão. O que me permitia respirar.” 

O sonho antigo, somado a um quadro de burnout, fizeram com que a profissional decidisse pedir demissão para empreender, aos 51 anos de idade. Segundo a pesquisa, inclusive, essa é uma vontade de 38% das entrevistadas. Outras 55% querem trabalhar como consultora, autônoma ou freelancer.

Depois de dois anos complicados, mais uma história de sucesso: Luciana hoje trabalha em tempo integral com design de interiores e, mesmo com os percalços naturais da jornada empreendedora, está feliz com sua decisão. “Ninguém tem uma jornada crescente e sem problemas. Não me arrependo de forma alguma”, diz.

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Luciana, de 58 anos, chama o design de interiores de “seu pulmão.” “Era o que me permitia respirar”, conta à Você S/A. (Divulgação/VOCÊ RH)

Dando os primeiros passos

Às mulheres que desejam integrar esses 70%, a primeira dica de Morris é o planejamento financeiro. Foi uma dica dada por Eliana e Luciana também. 

Depois de dois anos de faculdade, em 2020, Eliana começou seu processo de aposentadoria. Essa renda fixa permitiu com que ela pudesse se dedicar a projetos de voluntariado dentro da universidade, o que abriu portas para sua nova carreira. 

Outro dado da pesquisa: 55% das mulheres relataram ter esse planejamento financeiro para a transição de carreira (ufa). Mas 42% afirmou que têm um plano, mas reconhecem que pode não ser suficiente, dependendo das circunstâncias. Para integrar os 70%, é necessário integrar antes esses 55% antes, ok?

Morris recomenda também buscar capacitação na área desejada antes de fazer a transição. Cursos, palestras, especializações… “são nesses lugares que o networking também acontece, o que pode abrir portas para a profissional”, indica Litvak.

Acima de tudo, ele recomenda abraçar a tecnologia. “Hoje é difícil trabalhar em qualquer lugar sem entender da área. Tem que entender que ela te abrirá portas”, diz.

No mais, só resta lembrar a quem apertou essa matéria com a pulguinha da transição profissional coçando na mente que mudar sempre será uma opção de carreira. “O sentido da vida é a gente que cria, ele não existe por si só. E tem coisas que faziam sentido para mim aos meus 20 anos que não faziam mais aos 50”, finaliza Eliana. Isso vale para cortes de cabelo, para namorados e namoradas, para gosto musical… com certeza para a carreira também. Especialmente para ela, inclusive. Vai fundo 🙂

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