Sociedade

O poder e o perigo dos apelidos no escritório – o que fazer e o que não fazer

Apelidos podem reforçar disparidades de poder, ou aproximar funcionários e chefes. Confira um pequeno guia de boas práticas sobre o assunto.

Por Leo Caparroz
8 Maio 2025, 17h00

Apelidos costumam ser uma marca de proximidade entre duas pessoas. Quando chamar alguém pelo nome completo já parece formal demais, um apelido é uma forma de marcar um vínculo um pouco mais profundo.

Os apelidos são uma coisa muito comum no dia a dia, você com certeza tem um e chama amigos por nomes que não são aquilo escrito no documento. Mas será que eles têm lugar no ambiente de trabalho?

Essa foi a pergunta que uma dupla de pesquisadores procurou responder. Em seu estudo, publicado na Harvard Business Review, eles descrevem como apelidos no local de trabalho impactam os relacionamentos profissionais e o bem-estar dos funcionários.

“A literatura existente sugere que apelidos servem como um vínculo emocional, o que pode facilitar e melhorar os relacionamentos interpessoais”, disse Zhe Zhang, professor da Western University, no Canadá, e um dos pesquisadores do estudo. “No entanto, os relacionamentos profissionais são diferentes dos relacionamentos cotidianos, pois geralmente envolvem disparidades de poder.”

Os dois pesquisadores conduziram uma série de experimentos com mais de 1,1 mil adultos dos EUA. Os participantes foram colocados em cenários de trabalho onde apelidos eram usados – às vezes para o chefe, às vezes para os funcionários – e questionados sobre como isso moldava seu senso de poder, respeito e segurança psicológica.

As descobertas revelaram dois pontos importantes sobre a influência dos apelidos na dinâmica de poder.

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Quando apelidos funcionam – e quando não funcionam

Primeiramente, os gerentes devem evitar dar apelidos aos funcionários. Segundo o estudo, quando os gerentes atribuem apelidos aos seus funcionários, eles se sentem menos seguros psicologicamente e menos respeitados do que os colegas que são chamados por seus nomes completos.

Em vez de se sentirem valorizados, os funcionários podem perceber o apelido como uma forma de o chefe exercer controle – essencialmente atribuindo uma nova identidade sem consentimento.

“Como existe uma disparidade de poder entre o supervisor e o subordinado, dar um apelido a um subordinado pode fazer com que o gerente pareça estar abusando de seu poder”, disse Zhang.

Na relação inversa, atribuir um apelido a um gerente pode dar aos funcionários uma sensação de empoderamento. Além disso, quando os funcionários são incentivados a usar um apelido para seu chefe, eles se sentem mais seguros psicologicamente, mais poderosos e mais respeitados no trabalho.

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“Isso mostra que a parte com maior poder respeita e está disposta a proteger as vozes da parte com menor poder”, disse Zhang.

Além das interações individuais, a pesquisa de Zhang descobriu que a cultura organizacional também desempenha um papel importante na forma como os apelidos são percebidos.

“Em ambientes de trabalho hierárquicos, os efeitos dos apelidos são mais pronunciados”, disse ele. Funcionários em ambientes altamente estruturados e hierárquicos sentem um impacto mais forte de apelidos do que aqueles em organizações mais planas e igualitárias.

Lidando com apelidos no local de trabalho

Com base na sua pesquisa, Zhang compartilhou quatro lições importantes para líderes que lidam com apelidos no trabalho:

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Estabeleça diretrizes claras: as empresas precisam definir claramente quais são as expectativas com relação a interações no local de trabalho para garantir um ambiente de respeito. Políticas e treinamentos podem ajudar os funcionários a lidar com essa dinâmica.
Considere a cultura da sua empresa. Lembre-se: em locais de trabalho muito hierárquicos, apelidos podem reforçar desequilíbrios de poder. Os líderes devem estar atentos à sua estrutura organizacional antes de incentivar ou usar apelidos.
Nunca presuma. Independentemente da hierarquia, nunca presuma que um funcionário se sinta confortável com um apelido. Erros podem levar a desconforto, relacionamentos tensos e até mesmo a preocupações com o RH ou o setor jurídico.
Na dúvida, pergunte. Se não souber como um funcionário se sente com o apelido que deram para ele, uma conversa privada pode ajudar a esclarecer as coisas. Além disso, vai mostrar que você, como gestor, se preocupa em tratar os funcionários com respeito.