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O lado meio cheio do copo de 2020, e a grande esperança para 2021

Apesar de toda a tristeza, 2020 trouxe uma revolução: o derretimento das barreiras geográficas no trabalho.

Por Alexandre Versignassi
Atualizado em 8 jan 2021, 19h33 - Publicado em 8 jan 2021, 19h28

Quem é um pouco menos jovem se lembra bem da virada do milênio. A virada para valer seria no ano seguinte, ok – como nunca houve um ano zero, o segundo milênio só chegaria em 2001. Mas não tinha a menor importância. Havia uma esperança ampla e irrestrita de que, quando o calendário girasse dos anos 1900 para os anos 2000, abririam-se as cortinas para uma vida nova. Aquele seria o Ano-Novo mais importante das nossas existências.

Era só uma ilusão contábil, claro. E, entre nós, nem havia assim uma baita necessidade de mudança. 1999, tirando os probleminhas de sempre, tinha sido um ano como qualquer outro. Se 2000 fosse praticamente igual, tudo certo. Bola pra frente. E foi o que aconteceu.

Mas 21 anos depois chegaria, sim, um Ano-Novo realmente especial: este que a gente acabou de viver agora. A esperança desta vez não está em algo etéreo, numerológico. Está, claro, na vitória contra a pandemia, a mais grave em um século inteiro.

E não foi só pela virada do ano inicial da pandemia para o seu (provável) ano final. O fim do ano passado trouxe um marco sólido: o começo das vacinações em massa pelo mundo – algo que, até o fechamento desta edição, ainda não tinha chegado ao Brasil, mas que, apesar dos problemões de sempre, não tardaria tanto para começar.

O fato é que uma vitória contra o vírus será um evento tão importante quanto o final da Segunda Guerra. E virar um ano com a esperança de que algo dessa magnitude aconteça é algo inédito.
Algo renovador.

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Não fica nisso. O vislumbre do final da pandemia permite, inclusive, olhar com mais calma para o que aconteceu em 2020. A parte ruim é óbvia, ululante: 2 milhões de mortes, luto dos que ficaram, medo, saudade dos familiares, falta dos amigos, o desprazer de ver o Brasil na segunda colocação global em número de óbitos, com 200 mil vítimas, sob um governo negacionista e um Ministério da Saúde acéfalo.

Mas houve um lado meio cheio nesse copo tão vazio. Ele está na nossa nova relação com o trabalho. A ascensão do home office abriu portas que estavam trancadas até março do ano passado.

A tecnologia para trabalho remoto existe há tempos, e o home office não era novidade para alguns de nós (me incluo nessa: trabalhei de casa por dois anos no início do século, com a internet
a lenha daquela época, e deu para tocar a vida tranquilamente).

Mas a pandemia, você sabe, naturalizou o home office. Para sempre. E isso trouxe algo realmente novo para o mundo do trabalho: o fim das barreiras geográficas. Até março do ano passado, ou a empresa e o funcionário estavam na mesma cidade, de preferência em bairros não muito distantes, ou nada feito.

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Agora não. Dá para trabalhar numa empresa que fique em outra cidade, outro Estado, outro país – mantendo o mesmo vínculo trabalhista de quem ia ao escritório todos os dias. Isso traz mais liberdade e, mais importante, aumenta a empregabilidade de cada um de nós.

Que essa parte meio cheia do copo de 2020 siga firme. E que a meio vazia seja preenchida por um programa de vacinação amplo, irrestrito, rápido. Sem isso, afinal, não teremos um ano
realmente novo.

Feliz 2021.

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