Insatisfeita com sistema de saúde americano, bilionária cria a própria escola de medicina
Atualmente a mulher mais rica do mundo, Alice Walton teve a ideia após sofrer por mais de uma década com problemas de saúde causados por um acidente de carro.

O que você faria se tivesse um patrimônio líquido estimado em cerca de U$110 bilhões de dólares? Em posse dessa fortuna, a herdeira do Walmart — e atualmente a mulher mais rica do mundo, de acordo com a Forbes — Alice L. Walton, de 75 anos, decidiu fundar uma escola de medicina.
Localizada em Bentonville, Arkansas, a Alice L. Walton School of Medicine (AWSOM) nasceu a partir de uma insatisfação pessoal de sua criadora. Após sofrer um acidente de carro em 1980, Alice sofreu com problemas de saúde por mais de uma década, enfrentando uma infecção óssea e múltiplas cirurgias ao longo desse período. A experiência a convenceu de que o sistema de saúde estadunidense estava “quebrado” e que alguém precisava transformá-lo, conta ela em entrevista a Times. Mas a mera constatação não lhe bastava e a bilionária decidiu que seria a pessoa a assumir tal missão.
Antes de abrir a AWSOM, entretanto, Alice primeiro criou o Heartland Whole Health Institute, em 2019. A instituição tem como foco o financiamento do sistema e busca, através de ações educativas e de pesquisa e advocacy, aprimorar a qualidade, reduzir os custos e aumentar o acesso aos serviços de saúde.
Já a faculdade de medicina, por sua vez, pretende mudar o sistema a partir da formação de profissionais que priorizarão o cuidado preventivo e integral. Em seu site, a instituição lista uma série de valores que guiam sua atuação: empatia, autocuidado, humanismo, empreendedorismo e foco comunitário. “Eu queria criar uma escola que realmente desse aos médicos a habilidade de focar em como manter seus pacientes saudáveis”, explicou a filantropa.
Cerca de 2 mil estudantes se candidataram para as 48 vagas disponíveis para a primeira turma da AWSOM, que teve sua aula inaugural no dia 14 de julho. Com uma duração de 4 anos, a formação oferecida pela escola tem um currículo baseado nos princípios tradicionais da medicina, mas também traz elementos das áreas de humanidades e artes.
Aliás, não é à toa que o campus da faculdade esteja localizado no mesmo terreno onde Alice, que é apaixonada por artes desde criança, fundou o museu de arte americana Crystal Bridges, em 2011. “Eu acredito que o mundo da arte e o mundo da saúde precisam colidir mais vezes, e ambos se beneficiarão disso”, contou ela a Times, relatando que, enquanto se recuperava do acidente, encontrou na pintura de aquarelas e na leitura de livros de artes a tábua de salvação que manteve sua sanidade. Durante o curso, por exemplo, os alunos terão aulas de desenho e estudarão peças do museu para aprimorar suas habilidades de empatia e observação.
Alice, que está custeando as mensalidades das cinco primeiras turmas, disse na cerimônia de inauguração da primeira classe esperar que sua iniciativa ajude “estudantes de medicina a enfrentarem os desafios da saúde no século 21 a partir de uma reinvenção da educação médica americana que incorpora o bem-estar físico, mental, emocional e social”. “Nosso objetivo é garantir que os estudantes tenham uma experiência educacional transformadora”, completou.