Sociedade

Google retira datas culturais de seu aplicativo de calendário

Segundo a empresa, manter sua listagem de feriados não era sustentável. Datas como Mês do Orgulho LGBTQ+ e o Dia da Memória do Holocausto não estão mais listadas.

Por Leo Caparroz
12 fev 2025, 08h00

A imagem mostra a fachada de um prédio com o logotipo do Google. O logotipo está em letras grandes e coloridas, fixado na parede externa do edifício, que é cinza e tem linhas retas e janelas com persianas. O céu ao fundo está claro.

O Google “removeu” algumas datas culturais de seu aplicativo de calendário, o Google Agenda. Diversas datas comemorativas importantes, como o Mês da História Negra, o Mês do Orgulho LGBT, o Dia da Memória do Holocausto, e o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha sumiram do calendário no início do ano.

A mudança já vinha sendo implementada desde meados de 2024. Contudo, só entrou em vigor mesmo na virada do ano – que foi quando muitos usuários se tocaram que essas datas não apareciam automaticamente em seus calendários.

A mudança acontece num período conturbado. Nos EUA, onde fica a sede do Google, Donald Trump faz vários ataques e críticas à políticas de Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI). O presidente americano assinou algumas ordens executivas que encerravam programas de diversidade em diversos setores do governo.

Apesar de não precisarem obedecer a esse tipo de ordem, visto que são empresas privadas, várias das big techs aproveitaram a deixa para rever suas próprias políticas internas e metas de diversidade. O próprio Google descartou seus programas de DEI, afirmando também que iria “avaliar cuidadosamente” as iniciativas.

A remoção das datas do Google Agenda foi motivo de polêmica entre os usuários do aplicativo. A decisão foi considerada um retrocesso na valorização de diferentes culturas e um apagamento de marcos de relevante reconhecimento histórico. Mas também foi vista como uma tentativa de “limpar” o calendário e deixá-lo mais neutro.

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A justificativa do Google para a remoção é que a forma pela qual eram feitas as listagens não era mais sustentável. Segundo a empresa, os feriados que apareciam no calendário eram inicialmente baseados no site timeanddate.com, um serviço norueguês que provê informações sobre horários e datas ao redor do mundo. Recentemente, algumas datas específicas passaram a ser adicionadas manualmente. Depois de um tempo, isso já não era mais prático.

“Por mais de uma década, trabalhamos com o timeanddate.com para mostrar feriados e observâncias nacionais no Google Agenda. Alguns anos atrás, a equipe do Agenda começou a adicionar manualmente um conjunto mais amplo de momentos culturais em vários países ao redor do mundo. Recebemos feedback de que alguns outros eventos e países estavam faltando — e manter centenas de momentos manualmente e consistentemente globalmente não era sustentável”, afirma Madison Cushman Veld, porta-voz do Google em declaração ao The Verge. “Então, em meados de 2024, voltamos a mostrar apenas feriados e observâncias nacionais do timeanddate.com globalmente, enquanto permitíamos que os usuários adicionassem manualmente outros momentos importantes.”