Estresse do trabalho afeta saúde mental de dois em cada três brasileiros, diz estudo
Pesquisa também revela que 46,3% das pessoas são totalmente favoráveis à terapia, mas 73,2% não fazem nenhum tipo de tratamento.
Cerca de 66% dos trabalhadores no Brasil já tiveram a saúde mental prejudicada pelo estresse do trabalho. É o que indica a nova edição do estudo “Saúde Mental em Foco: Desafios e Perspectivas dos Trabalhadores Brasileiros”, realizado pela Vittude, plataforma de soluções em saúde mental para empresas, em parceria com a Opinion Box, que oferece serviços de pesquisa de mercado e customer experience. O levantamento ouviu 2 mil homens e mulheres com mais de 16 anos e de todas as regiões do Brasil.
“Por trás desse número estão histórias de esgotamento, adoecimento e perda de qualidade de vida. As empresas precisam compreender que o trabalho é um fator determinante de saúde, tanto para o bem quanto para o mal, e que a saúde mental deve deixar de ser um diferencial para se tornar parte estrutural da gestão de pessoas, especialmente com a chegada da atualização da NR-1”, aponta Tatiana Pimenta, CEO e cofundadora da Vittude.
Ao mesmo tempo, a maior parte dos participantes avaliou positivamente a própria saúde mental: em uma escala de 1 a 5, 38% deram nota 4 e 28,8% a nota máxima. Mas 7,2% consideraram que sua saúde está em níveis críticos, revelando uma vulnerabilidade silenciosa que merece atenção.
O estudo também mostra uma percepção social bastante favorável à psicoterapia: 46,3% dos respondentes concorda totalmente que todos deveriam ter acompanhamento. Contudo, discurso e prática não estão alinhados e 73,2% não fazem nenhum tipo de tratamento. Desses, 48% não fazem por não ver necessidade no momento, 34,5% por questões de custo e 18% por falta de tempo.
Já entre os que fazem terapia, 28% utilizam plano de saúde, 7,5% recebem custeio integral da empresa, e a maioria arca com os custos do próprio bolso. Os gastos com o tratamento ficam entre R$100 e R$200 por mês para 19,2% dos respondentes, entre R$301 e R$500 para 14,7%, e entre R$201 e R$300 para 11%.
Dentro das empresas
O estudo também analisou o Net Promoter Score (NPS), que calcula a satisfação das pessoas em relação a uma empresa e à promoção da saúde mental. O resultado alcançando foi negativo e repete o patamar do ano anterior: -19. Ou seja, há uma grande insatisfação em relação ao modo como as empresas lidam com o tema.
Cerca de 46% dos participantes não recomendariam suas organizações como promotoras de saúde mental. E 32% afirmaram que as companhias não possuem iniciativas relacionadas ao assunto. Entre as práticas existentes, destacam-se políticas contra discriminação e assédio (26,5%), palestras e webinares (22,8%), terapia via plano de saúde (19,7%) e comitês de bem-estar (19,4%).
A pesquisa avaliou ainda o impacto que diferentes modelos de trabalho têm na saúde mental. Em um cenário de atuação majoritariamente presencial (74%), a preferência de 48,1% dos respondentes é pelo híbrido flexível. Nesse modelo, 63,3% dos trabalhadores avaliaram positivamente a própria saúde mental, com notas de bem-estar entre 4 e 5. Por outro lado, entre aqueles que trabalham de forma totalmente remota, 11,4% se consideram pouco ou nada saudáveis, o que sugere que o trabalho remoto pode contribuir para o isolamento e afetar a percepção de saúde mental.
Ainda de acordo com o estudo, 78,2% dos brasileiros preferem trabalhar em lugares que oferecem programas de saúde mental, e 92,4% acreditam que o tema deve ser levado mais a sério. Para Tatiana, os dados mostram uma mudança de mentalidade. Segundo ela, cuidar da saúde mental é cuidar da performance e da sustentabilidade do negócio.
“Organizações que adotam programas estruturados, com diagnóstico amplo, mapeamento de riscos psicossociais, plano de ação, metas e capacitação de lideranças, conseguem reduzir significativamente os índices de adoecimento, afastamento e turnover. É investimento em reputação, retenção e propósito, não despesa”, conclui.
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