Empresas na contramão da saúde mental: o risco de ignorar a nova NR-1

A atualização da NR-1 traz luz aos riscos psicossociais no ambiente de trabalho, e a falta de preparo de empresas pode resultar em sanções legais, ações judiciais e danos à reputação da empresa

Por Da Redação
Atualizado em 16 Maio 2025, 18h51 - Publicado em 16 Maio 2025, 17h00
Mulher deitada com a cabeça sobre a mesa no trabalho.
 (onuma Inthapong/Getty Images)
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No próximo dia 26, entra em vigor a nova versão da Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1), que obriga empresas a identificarem e gerenciarem riscos psicossociais no ambiente de trabalho, como burnout, estresse crônico e assédio. A mudança marca um avanço importante na legislação trabalhista e coloca a saúde mental no centro da agenda corporativa. É a primeira vez que fatores de saúde mental ganham esse nível de relevância normativa, reforçando a responsabilidade das empresas na prevenção e no cuidado com o bem-estar emocional dos colaboradores.

Embora recente, essa pauta já se anunciava há anos em casos que ganharam visibilidade pública. Um dos mais emblemáticos foi o da jornalista Izabella Camargo, que teve um apagão ao vivo enquanto apresentava a previsão do tempo. Diagnosticada com Síndrome de Burnout, foi afastada do trabalho e, posteriormente, demitida. Hoje, atua como uma voz ativa por ambientes laborais mais humanos e sustentáveis.

Episódios como esse revelam uma realidade comum e pouco falada: segundo a ISMA-BR (International Stress Management Association no Brasil), 72% dos brasileiros ativos profissionalmente já apresentaram sintomas de estresse relacionados ao trabalho.

Neste primeiro ano de vigência, a norma será voltada à orientação educativa, e a fiscalização com penalidades está prevista para começar em 2026. No entanto, adiar a implementação de ferramentas para melhorar as condições de trabalho pode ser um erro estratégico. Organizações que não se prepararem a tempo estarão mais vulneráveis não apenas a sanções legais e ações judiciais, mas também ao agravamento de problemas internos, como aumento de afastamentos, queda na produtividade, rotatividade elevada e danos à reputação.

Por outro lado, o momento também representa uma oportunidade. A busca por ambientes emocionalmente seguros está movimentando o mercado e impulsionando inovações em saúde corporativa. Novas tecnologias, abordagens terapêuticas e ferramentas de gestão emocional estão disponíveis para empresas que desejam ir além do cumprimento da norma e se tornarem referência em bem-estar e responsabilidade institucional.

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Ferramentas digitais para reorganizar corpo e rotina

O caminho para recomeçar, para muita gente, começa pela reorganização da rotina e o reencontro com o próprio corpo. Diversas plataformas e aplicativos têm surgido para facilitar esse processo, oferecendo desde sessões de psicoterapia online até meditações guiadas, técnicas de respiração, organização de agenda e acompanhamento de hábitos saudáveis.

Ferramentas como Zenklub, Vittude, Psicologia Viva e a plataforma pública Viver Melhor (SUS) democratizam o acesso ao cuidado emocional, enquanto apps de bem-estar físico e mental – com yoga, mindfulness, sono guiado e trilhas de foco – ajudam a reequilibrar o sistema nervoso e criar pausas reais no dia a dia.

Essas soluções, muitas vezes integradas aos pacotes de benefícios corporativos, oferecem suporte contínuo ao colaborador e ampliam o repertório de enfrentamento ao estresse. Não se trata apenas de aliviar os sintomas: trata-se de devolver às pessoas o controle sobre o próprio tempo, sobre seus limites e sobre como querem viver e trabalhar.

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Cultura corporativa: a saúde emocional como parte da estratégia organizacional

Ignorar a saúde mental no ambiente de trabalho já não é mais uma escolha, é um risco legal e institucional. A nova NR-1 determina que a prevenção ao burnout, ao estresse extremo e a outros riscos psicossociais deixe de ser apenas uma boa prática e passe a ser uma obrigação formal das empresas. No entanto, muitas organizações ainda não começaram a se preparar. E isso precisa mudar.

Criar uma cultura de cuidado deixou de ser um diferencial para se tornar parte do compliance. Não basta oferecer benefícios pontuais. É preciso repensar a estrutura da empresa: capacitar lideranças para lidar com questões emocionais, oferecer espaços de escuta qualificada, revisar metas e formas de cobrança e construir ambientes com mais segurança psicológica e menos pressão desproporcional.

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