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Conheça o índice ESG de equidade racial

Três perguntas para Gilberto Costa, diretor executivo da Associação Pacto de Promoção da Equidade Racial.

Por Tássia Kastner
13 Maio 2022, 05h35

Qualquer empresa com ações na bolsa hoje é cobrada a seguir compromissos ligados ao ESG (de responsabilidade ambiental, social e de governança corporativa). Só que cada companhia escolhe quais compromissos deseja assumir, de acordo com as pressões dos investidores.

A Associação Pacto de Promoção da Equidade Racial surgiu, então, para incentivar as empresas a criarem metas concretas para a redução da desigualdade racial. A entidade lançou o Índice ESG de Equidade Racial.

Os primeiros resultados serão conhecidos em dois anos. Por enquanto, as empresas estão na fase de adaptação e coleta de números. Pelo menos 30 companhias aderiram ao protocolo. Nesta entrevista, Gilberto Costa, diretor executivo da associação, detalha a iniciativa.

1. Qual é o objetivo da associação?

A iniciativa propõe a criação de um índice ESG racial para as empresas. O ESG ainda é muito focado no meio ambiente. Mas a gente entende que seria importante incluir a
questão racial.

2. Como vai funcionar o índice?

Ele é dividido em três partes. A primeira é a equidade nas empresas: 56% da população brasileira é negra, mas isso é a média. Em Salvador, são 80%. No sul do país, 25%. A gente entendeu que o índice precisava medir se as empresas estão próximas da equidade na região em que atuam. E isso será ponderado por nível de cargo e salário. O segundo nível são as ações afirmativas – se há políticas de contratação e treinamento. Por fim, mensuramos o investimento social privado em equidade racial, como formação de jovens em periferias. Isso cria um protocolo que permite medir anualmente a equidade. A empresa que aderir ao nível três (o de Investimento Social) terá dois anos para divulgar seus resultados.

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3. Não é muito tempo? Não vai incentivar as empresas a aderir só para sair bem na foto?

Esses dois anos vão permitir à empresa trabalhar num censo, saber quem são os funcionários, o que para mim é uma evolução. Nos últimos anos, mais pessoas passaram a se declarar como negras.

Racismo se combate com fato e dado. Quando dou à sociedade o índice, as empresas podem comparar seus números com o setor em que atuam, o gap que existe em relação à região onde estão. O protocolo não foi criado para que as empresas façam créditos de melanina. A pauta ESG do ponto social vai evoluir em fases. A cobrança agora está em diversidade de gênero. A discussão vai chegar à pauta racial.

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