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Warren Buffett se arrependeu de vender Apple e pode te ajudar com o Ibov

Dia foi volátil na bolsa brasileira, mas terminou no positivo graças às ações de shoppings e bancos.

Por Tássia Kastner
3 Maio 2021, 19h10

Tem um evento que é a peregrinação à Meca do mercado financeiro global: a reunião de Warren Buffett com os acionistas da sua Berkshire Hathaway. O encontro ocorreu neste último sábado, online, sem que ninguém viajasse a Omaha em busca da sabedoria do guru da bolsa. Dos temas do encontro é possível tirar algumas ideias para entender a bolsa brasileira.

O assunto principal do sábado foi o erro do mais respeitado investidor do mundo. Buffett disse ter se arrependido de vender ações da Apple no final do ano passado. A história é que os papéis da companhia (e de outras empresas de tecnologia) subiram tanto, que muita gente começou a achar que elas estariam caras demais. Inclusive Buffett. A valorização da maçã em 12 meses até hoje é de 70% — não custa lembrar que há um os papéis das empresas ainda estavam deprimidos pela incerteza econômica causada pela pandemia.

Beleza. Mas a verdade é que, mesmo com a disparada, não dava para dizer que a Apple tivesse cara. Para saber se uma ação está cara ou barata, você precisa dividir o “valor de mercado” da empresa (US$ 2,2 trilhões da Apple) pelo lucro que a companhia apresentou nos últimos doze meses. O indicador é chamado de P/L. Essa conta para a Apple dá aproximadamente 28, hoje em linha com o P/L do mercado americano como um todo. Como comparação, o P/L da Tesla é de quase 700 atualmente. Buffett, é bom deixar claro, usou outra conta para explicar porque o preço da Apple não está na lua, a avaliação do fluxo de caixa descontado (que estima o potencial de receita da companhia no futuro e depois desconta a taxa de juros do país).

Aqui está a principal explicação do oráculo de Omaha. Com os juros americanos na lona, qualquer companhia com boa geração de caixa, caso da Apple, pode ser considerada uma pechincha.

O problema é quando não dá para prever a receita da empresa. Foi quando Buffett falou sobre as ações que vendeu e não se arrepende: setor aéreo. Mesmo com a ajuda do governo americano às companhias e o avanço da vacinação, o estrago foi tão grande que fica difícil estimar o potencial de geração de caixa daqui para frente.

O dia na bolsa

A segunda foi volátil na B3, mas no fim o índice fechou no positivo com a ajuda de Nova York: +0,27%, a 119.209 pontos. Dois setores levaram o pregão nas costas, shoppings e bancos.

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No caso dos shoppings, as altas de 5% nas ações (veja abaixo) podem ser associadas à nova rodada de promessas do governo federal para a vacinação no Brasil. Nesta segunda, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou que o governo negocia um novo acordo com a Pfizer para a entrega de 35 milhões de doses até outubro. Em um encontro na Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), ele repetiu a promessa de vacinar toda a população até o final deste ano.

Com a vacinação, a expectativa é de que o comércio não precise mais ser fechado para conter o avanço da doença. Em relatório sobre os resultados Multiplan, divulgados na semana passada, analistas do Credit Suisse apontaram que a companhia tem sido resiliente ao período mais duro de inadimplência dos lojistas, queda nas vendas e aumento na vacância. Mas, claro, investidor quer mesmo é a volta às atividades sem restrições. O Grupo Iguatemi divulga resultados na terça, após o fechamento do mercado. 

Uma outra explicação veio das mudanças nas carteiras recomendadas pelas corretoras, que incluíram mais shoppings nas indicações justamente por essa expectativa de colher os benefícios da reabertura do comércio onde a pandemia deu sinais de arrefecimento, como São Paulo.

Mas esse é o cenário Poliana, claro. Os entraves ao avanço da imunização persistem. Nove capitais estão sem doses da Coronavac por atraso na entrega dos insumos que vêm da China. Certamente as falas do ministro Paulo Guedes (Economia) sobre o vírus chinês não ajudam. 

Já o setor bancário, com forte peso no Ibovespa, avançou em bloco à espera dos resultados do Itaú (+1,40%), que seriam divulgados após o fechamento da bolsa nesta segunda. Os números do Bradesco (+2,98%) saem na terça, também após o término do pregão. O Santander, que abriu a temporada dos bancos na semana passada, mostrou dados positivos no primeiro trimestre deste ano, pavimentando o caminho de otimismo para os concorrentes.

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Um segundo fator ajuda a puxar os bancos nesta semana. Na quarta, o Banco Central deve confirmar um novo aumento da taxa de juros no país, de 0,75 ponto percentual, para 3,50%. O aumento é esperado desde a reunião passada, mas ainda assim ajuda a rentabilizar o negócio bancário todo calcado nos juros.

Nos dois casos, estamos falando de setores fortemente punidos na bolsa e que estão longe do pico pré-coronavírus. Itaú e Iguatemi, por exemplo, estão 30% abaixo do valor de antes da crise. Aí vale a regra do mago de Omaha: esqueça o bom dia de hoje, o lance é fazer contas para descobrir se esses negócios estão mais para Apple do que para companhias aéreas antes de fazer uma aposta simples no fim da pandemia. E boa sorte, porque até Buffett erra.

MAIORES ALTAS

Iguatemi: 5,52%

CCR 5,32%

BR Malls 5,15%

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Rumo 4,50%

Multiplan 4,47%

 

MAIORES QUEDAS

Sabesp -6,15%

Braskem -5,01%

CVC -4,05%

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Usiminas -3,92%

Marfrig -2,94%

Ibovespa: +0,27%, a 119.209 pontos

Nova York

Dow Jones: +0,70 (34.113,30)

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S&P 500: +0,27% (4.192,65)

Nasdaq, -0,48% (13.895,12)

Dólar: -0,24%, a R$ 5,4188

Petróleo

WTI: US$ 64,49, +1.43%

Brent: US$ 67,64, +1,32%

Minério de ferro

estável a US$ 188,85 a tonelada no porto de Qingdao

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