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Veja os itens que mais caíram, e os que mais subiram, em julho, o mês da deflação no IPCA.

Apesar da maior deflação da história do índice, os preços dos alimentos subiram com força, mais do que em junho. E não foram só eles. Veja.

Por Júlia Moura, Alexandre Versignassi
Atualizado em 16 ago 2022, 11h34 - Publicado em 9 ago 2022, 12h32

O tão esperado alívio no bolso finalmente veio no mês passado, com uma queda de 0,68% na média dos preços avaliados pelo IBGE. Ou seja, uma deflação. A primeira desde abril de 2020, e a maior da série histórica do IPCA, que começou em 1980. 

A queda nos preços em julho veio da redução nos valores dos combustíveis e da energia elétrica graças à Petrobras, ao corte no ICMS e à bandeira verde da Aneel, apontam os dados do IBGE.

O etanol caiu 11,38% e a gasolina, 15,48%. Foi justamente a gasosa que mais contribuiu com a queda do índice, que conta com outros 376 subitens.

O problema é que sem uma mãozinha mecânica, a inflação teria registrado mais um mês de alta em julho. Dos nove setores analisados pelo IBGE, apenas dois tiveram redução nos preços.

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Estes aqui: 

  • Transportes 

O setor teve deflação de 4,51% em julho, de uma inflação de 0,47% em junho, graças à redução do ICMS e dos preços da Petrobras. Além dos combustíveis, entram aqui preços de passagens aéreas, de viagens por aplicativo, de carros e de tarifas do transporte público.

  • Habitação

Os custos relacionados à casa ficaram 1,05% mais baratos em julho, de uma alta de 0,41% em junho. O que mais contribuiu para o alívio foi a queda na conta de luz. Aqui, o IBGE também leva em conta: aluguel e taxas, reparos e artigos de limpeza.

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Os setores que desaceleraram as altas

Os outros sete setores tiveram alta. Mas o que interessa saber é: quais altas aceleraram em relação a junho e quais desaceleraram (inflação abaixo de zero, afinal, sempre será um fenômeno raro). A que tiraram o pé do acelerador foram: 

  • Vestuário

A inflação das roupas caiu de 1,67% em junho para 0,58% em julho, cortesia da queda no preço do algodão. Mesmo assim, esse foi o setor que mais subiu no mês.

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  • Saúde e cuidados pessoais.

Aqui a uma inflação de 0,49%, após alta de em 1,24% em junho. O que ajudou foi uma variação menor dos planos de saúde (1,13% contra 2,99%) e a queda de 0,23% dos itens de higiene pessoal, frente à alta de 0,55% em junho.

  • Educação

De 0,09% em junho para 0,06% agora.

  • Comunicação

No grupo que contém celular, internet, streaming e cia: de 0,16% para 0,07%.

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  • Artigos de residência 

Os móveis, eletrodomésticos, toalhas e que tais que formam esse grupo subiram 0,12%, freando ante os 0,55% de junho.

Os setores cuja alta acelerou

A água no chope do IPCA de julho está nestes setores aqui, aqueles cuja alta acelerou de junho para julho. A ver:

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  • Alimentação e bebidas

Mais uma vez o vilão foi o setor de alimentação e bebidas, com o maior impacto no índice em julho. A inflação foi de 1,3%, ante 0,80% em junho. 

Na cesta de alimentos, o leite puxou os preços, com alta de mais de 25%, impactando todos os seus derivados. O queijo ficou 5,28% mais caro e a manteiga, 5,75%

Segundo o gerente da pesquisa IPCA, Pedro Kislanov, a disparada do leite se se deve, principalmente, a dois fatores: “primeiro porque estamos no período de entressafra, que vai mais ou menos de março até setembro, outubro, ou seja, um período em que as pastagens estão mais secas e isso reduz a oferta de leite no mercado e o fato de os custos da produção estarem muito altos.”

Outro impacto do leite caro foi a inflação de 1,47% da alimentação no domicílio, de 0,63% em junho. Ela também sofreu com as frutas, que subiram 4,40%. 

E nem as quedas de 23,68% do tomate, de 16,62% batata-inglesa e de 15,34% cenoura foram o suficiente para baratear as contas.

  • Despesas pessoais 

Aqui entra uma pacoteira maluca: manicure, cabeleireiro, cinema, ração de cachorro, bicicleta, brinquedo, vara de pescar… A inflação desse setor acelerou para 1,13% em julho, contra 0,49% em junho. Após alimentos, o setor foi o que mais contribuiu para o IPCA de julho.

No fim das contas, espera-se que a baixa nos combustíveis espalhe-se pelos outros setores (da mesma forma como acontece com as altas), e que a deflação siga pelo mês de agosto. A mediana do Boletim Focus aposta em um IPCA de -0,15% para o mês que vem.     

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