VALE3, guerra, covid na China e medo de recessão nos EUA geram pregão murcho
Dia de pequenas perdas é marcado por suspense nacional e internacional: escalada na Ucrânia, novos lockdowns na China, CPI e balanços do 3º tri em NY e 2º turno no Brasil motivam a incerteza.
O Ibovespa caiu discretos 0,37% hoje, em parte porque nunca falta quem realize lucros após uma semana de alta (caso da última, que terminou em 5,76%). Nasdaq e S&P 500 fecharam em quedas calminhas de 1,04% e 0,75%. Nova York aguarda a divulgação dos balanços do 3º trimestre ao longo da segunda quinzena de outubro, e o anúncio do CPI de setembro – o principal indicador de inflação dos EUA, equivalente ao nosso IPCA, programado para esta quinta, 13 de outubro.
Você já sabe: com mercado de trabalho forte e juros em alta, a única esperança do mercado financeiro por misericórdia do Fed é que a inflação do Tio Sam tenha arrefecido no mês passado. Seria um sinal de que o remédio da política monetária apertada está fazendo efeito. O próximo salto na Selic dos EUA (que, de acordo com 82% dos especialistas consultados pelo CME, será de 0,75 ponto percentual) virá na reunião do Fomc dos dias 1º e 2 de novembro.
O minério tinha tudo para dar uma mãozinha ao nosso índice: abriu a semana em alta de 2,21% na bolsa de Dalian. Os chineses estão de volta ao batente após uma semana inteira de feriado, que comemora a proclamação do regime comunista de Mao Zedong em 1º de outubro de 1949. (Essa não é a única golden week do caledário: a China também faz semanas do saco cheio no Dia do Trabalho e no Ano-Novo – que, por lá, é um feriado móvel como o Carnaval: cai entre 20 de janeiro e 20 de fevereiro).
Pena que não rolou. Apesar da volta do feriado, as notícias por lá não são boas: a covid-19 voltou a piorar – e com os já característicos lockdowns de tolerância zero. E a Vale caiu ao sul dos 2% negativos.
As petroleiras tampouco se deram bem, e ajudaram a puxar o Ibovespa para baixo (PETR4 -1,13%). A cotação do barril ficou em -1,77% – tanto por conta dos problemas na China como pelas ameaças eternas de recessão global. Esse é o primeiro soluço considerável no gráfico do Brent depois de uma semana de alta na cotação, impulsionada pelo anúncio do corte de produção da Opep+ na semana passada.
A vingança de Putin
Outro problema, hoje, foram os ecos da guerra na Ucrânia.
A Rússia atacou várias cidades que estão longe do front e não eram atingidas há meses – incluindo a capital Kiev e o porto-seguro de Lviv, uma metrópole no extremo oeste do país que abriga centenas de milhares de refugiados. Os alvos foram instalações civis sem qualquer importância estratégica – incluindo uma ponte de pedestres estritamente turística e um prédio de escritórios que abrigava o consulado alemão, atualmente esvaziado. O G7 convocou uma reunião de emergência com participação de Zelensky.
O ato – que, em termos estratégicos, só serviu para aterrorizar a população – foi a retaliação de Putin ao ataque que derrubou uma ponte estratégica entre a península da Crimeia e a Rússia continental. Kiev não admitiu a autoria; acredita-se que um caminhão-bomba carregasse os explosivos.
As incertezas internacionais – escalada da guerra, lockdowns na China e os temores de recessão global – se somam ao segundo turno acirrado no Brasil. E o mercado não gosta de incerteza.
Caso Cosan
Por aqui, o grupo Cosan (CSAN3), que anunciou a aquisição de 4,9% das ações da Vale (VALE3) na quinta passada, segue mal. Os investidores torceram o nariz: na sexta, a Cosan fechou em queda de 8,72%.
As explicações que a cúpula da empresa ofereceu por videoconferência, na sexta à noite, não acalmaram ninguém no final de semana. -7,51% no pregão de hoje. A Rumo (RAIL3), controlada pela Cosan, pegou carona na tristeza e também caiu 4,51%.
Até amanhã!
Maiores altas
SLC Agrícola (SLCE3): 6,05%
São Martinho (SMTO3): 5,53%
BRF (BRFS3): 5,13%
JBS (JBSS3): 4,82%
Minerva Foods (BEEF3): 4,18%
Maiores baixas
Cosan (CSAN3): -7,51%
Rumo (RAIL3): -4,60%
Natura (NTCO3): -4,29%
Petz (PETZ3): -3,59%
Meliuz (CASH3): -3,05%
Ibovespa: 0,37%, a 115.940 pontos
Em NY:
S&P 500: – 0,75%, a 3.612 pontos
Nasdaq: – 1,04%, a 10.542 pontos
Dow Jones: – 0,32%, a 29.202 pontos
Dólar: -0,42%, a R$ 5,19
Petróleo
Brent: -1,77%, a US$ 96,19%
WTI: -1,63%, a US$ 91,13
Minério de ferro: 2,21%, a US$ 103,53 a tonelada, na bolsa de Dalian