Vai ou volta? Elon Musk ameaça desistir da compra do Twitter, e ações caem

O bilionário acusa a empresa de não divulgar detalhes sobre a quantidade de bots na rede social. Mercado acompanha a novela com cautela.

Por Bruno Carbinatto
Atualizado em 18 out 2024, 14h16 - Publicado em 6 jun 2022, 18h08
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 (Brenna Oriá/Fotos: Getty Images/VOCÊ S/A)
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Não é de hoje que Elon Musk vem mexendo no ritmo dos mercados mundo afora – seja por meio dos seus frequentes tweets ou por notícias que circulam na imprensa americana. Mas, recentemente, os holofotes estão especialmente centrados no homem mais rico do mundo. Na semana passada, por exemplo, o bilionário derrubou as bolsas ao dizer que tinha um “sentimento super ruim” sobre a economia americana e que a Tesla passaria por uma demissão em massa. Hoje, o tópico da vez foi o Twitter.

Em uma carta escrita pelo seu advogado e enviada para a chefe do departamento legal do Twitter, Musk ameaçou – com todas as letras – desistir de comprar a rede social caso não tenha acesso completo aos dados da empresa sobre o número de contas falsas, como bots de spam. No texto, o bilionário diz que o Twitter parece estar escondendo de propósito as informações requisitadas.

A rede social do passarinho calcula que cerca de 5% do total de perfis sejam fakes. Mas Elon Musk bate o pé e diz não acreditar. Em um tweet, já chegou a considerar a possibilidade do número chegar a 20% – quatro vezes maior do que o oficial. E pede provas da empresa para acreditar no seu número.

A novela não é de hoje. Em abril, ambas as partes concordaram com o valor de US$ 44 bilhões. Há três semanas, porém, Musk anunciou (via Twitter, como de costume) que a transação estava temporariamente suspensa até que o impasse sobre o número de contas falsas estivesse resolvido. Isso fez, obviamente, as ações despencarem. Mas mesmo antes do anúncio circulavam rumores de bastidores de que Musk poderia desistir da compra. A carta de hoje, porém, foi a primeira vez que o bilionário afirmou isso com todas as letras.

Parag Agrawal, o CEO do Twitter, anunciou em maio (também na rede social) que a empresa enviou sim os dados que Musk pediu. O dono da Tesla respondeu ao post somente com um emoji de cocô.

Na carta de hoje, Musk confirma que recebeu os dados, mas que não ficou satisfeito com eles e quer mais detalhes para que ele mesmo faça suas próprias estimativas. 

Combater as contas falsas é uma das prioridades de Musk em relação à rede do passarinho. A outra é colocar em prática a sua visão de liberdade de expressão irrestrita, contrariando as diretrizes atuais do Twitter, que incluem a remoção de conteúdos falsos ou considerados ofensivos e/ou perigosos.

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Enquanto isso, o mercado assiste à novela com ceticismo. Muitos acreditam que Elon Musk já desistiu de comprar o Twitter e só está arrumando uma desculpa para justificar o movimento, ou então que usa esse argumento para renegociar o preço da compra. De qualquer forma, o desfecho não virá tão rápido assim. Agora que a transação já começou, possivelmente a briga vai parar na justiça. No acordo, está prevista uma multa de US$ 1 bilhão em caso de desistência (de qualquer uma das partes), mas o Twitter também pode entrar numa batalha legal para tentar obrigar Musk a completar a compra. 

Como a novela não é exatamente nova, o tombo das ações do Twitter nem foi tão grande nesta segunda-feira, com a divulgação da carta: as ações fecharam em queda de -1,49%. Mas foi o suficiente para ir na contramão do mercado.

Nova York e Ibovespa

As bolsas americanas abriram a semana em forte alta, graças a notícias vindas da China, onde as medidas de restrição de Pequim começaram a ser flexibilizadas. Ao longo do dia, porém, o gás diminuiu e os índices americanos fecharam com leves altas (veja abaixo).

Sem grandes novidades, o pregão de hoje foi de espera. Depois de uma semana onde nomes poderosos – incluindo Elon Musk e os bancões JP Morgan e Goldman Sachs – injetarem uma boa dose de pessimismo com previsões nada boas para a economia mundial, investidores agora aguardam o dado da inflação americana, divulgado nesta sexta-feira, para confirmar ou não seus piores temores. 

A grande questão é se o Fed conseguirá domar o aumento dos preços sem colocar a economia americana em recessão. Por enquanto, o sentimento predominante está mais pessimista do que otimista. O CPI (o IPCA americano) divulgado na sexta-feira vai ajudar a guiar melhor as estimativas. Há quem acredite que a inflação por lá chegou em seu pico e vai começar a cair agora que o Fed já aumentou os juros. Se não for o caso, Wall Street pode se afundar num sentimento ainda mais amargo.

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Por aqui, o Ibovespa também não anda em bons trilhos. Hoje, o índice caiu 0,82%, aos 110 mil pontos, em um pregão fraco: o volume total somou R$ 16,9 bilhões, pouco mais de metade de um dia normal. Sem grandes novidades, predominou o medo do risco político, com Bolsonaro pressionando Paulo Guedes a “resolver” o preço dos combustíveis, enquanto segue criticando a política de preços da estatal, um combo que pode preceder algum tipo de intervenção e/ou descontrole das contas públicas. Ainda mais em ano eleitoral, enquanto a popularidade do presidente despenca justamente por causa da inflação.

Do outro lado da corrida presidencial, o plano de Lula, antecipado pela imprensa hoje, também assusta. O atual líder das pesquisas quer revogar o teto de gastos e a reforma trabalhista. Com a terceira via totalmente enfraquecida, o mercado já não ve esperanças de uma política fiscal equilibrada em nenhum dos lados.

Até amanhã.

Maiores altas

RaiaDrogasil (RADL3): 2,68%

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CSN Mineração (CMIN3): 1,94%

Locaweb (LWSA3): 1,69%

Embraer (EMBR3): 1,16%

Suzano (SUZB3): 1,10%

Maiores baixas

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Hapvida (HAPV3): -6,15%

Positivo (POSI3): -6,13%

Méliuz (CASH3):  -6,11%

Magazine Luiza (MGLU3): -5,29%

Americanas (AMER3): -4,89%

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Ibovespa: -0,82% aos 110.185 pontos

Em NY:

Dow Jones: 0,04%, aos 32.914 pontos

S&P 500: 0,31%, aos 4.121 pontos

Nasdaq: 0,40%, aos 12.061 pontos

Dólar: 0,37%, a R$ 4,7962

Petróleo

Brent: -0,18%, a US$ 119,51

WTI: -0,31%, a US$ 118,50

Minério de ferro: 1,83%, a US$ 144,55 a tonelada no porto de Qingdao (China)

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