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Vacina e dólar a R$ 5,14. Pode voltar a sonhar com viagem para a Disney?

Moeda americana recuou após notícias de que o congresso pode liberar pacote de estímulos fiscais. E teve ajuda da vacina, claro.

Por Monique Lima, Tássia Kastner
3 dez 2020, 19h20

Dólar a R$ 5,14? É sério isso? 

Por incrível que pareça, sim. Nem dá para acreditar que quase beiramos os R$ 6 em setembro. 

O motivo da queda de 1,94% hoje vem de fora. Sabe aquele pacote de estímulos fiscais que está engasgado no Senado americano há alguns meses? Então, parece que agora vai. 

A maior divergência que estava atrapalhando o acordo entre democratas e republicanos era o valor. Mas, nos últimos dias os líderes democratas resolveram ceder em suas demandas e aceitar o valor de US$ 910 bilhões, encerrando o impasse que estava prejudicando o socorro fiscal no país. O valor anterior estava na casa do trilhão.

Hoje mesmo, a presidente Nancy Pelosi anunciou que a data limite para fechar o acordo é 11 de dezembro, antes do recesso natalino. 

Há quem diga que teve um dedo do futuro presidente que assumirá seu posto em janeiro neste acordo. Verdade ou não, não sabemos. Mas na queda do dólar ele tem participação, com certeza. 

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Considerado um político multilateral — daqueles que gostam de trabalhar em conjunto com líderes de outros países –, se espera do Biden a mitigação dos embates com a China, dissolvendo a maior parte da briga comercial que vinha sustentando a alta do dólar há algum tempo.

Não por coincidência, este cenário todo está mexendo com o mercado financeiro por lá. O Dollar Index, índice americano que compara o dólar a outras moedas estrangeiras, como a libra e o real, por exemplo, bateu o menor valor em dois anos, 90 pontos — visto pela última vez em abril de 2018 –, depois de chegar a 103 pontos neste ano. 

Por sinal, essa história de queda vem desde o mês passado, justamente quando saiu a vitória de Biden. A moeda terminou novembro em forte queda (7%).

Outro motivo que não deve ser ignorado é a entrada em massa do dinheiro gringo na bolsa brasileira em novembro. Depois de meses longe das ações tupiniquins, eles resolveram voltar (já não sabiam onde estocar dinheiro por lá para ter alguma rentabilidade, vieram prá cá — ótimo). Foram injetados R$ 30 bilhões. 

Muito disso pela expectativa da chegada de incentivo fiscal e da famigerada vacina. 

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Há meses o mercado fica alvoroçado com toda nova notícia que surge sobre a vacina do coronavírus. E a mais nova foi realmente uma grande notícia. 

O Reino Unido liberou em caráter de urgência a vacina da Pfizer e da BioNTech, que possui 95% de eficácia, segundo o laboratório. A expectativa é que na próxima semana comece a campanha de imunização no país. 

Depois dessa, a União Europeia começou a mexer seus pauzinhos para seguir no mesmo caminho. Agora pensa. Se a notícia de um avanço simbólico que são bons resultados nas inúmeras fases de criação de uma vacina já melhorava o humor dos investidores, quem dirá a aprovação dela finalizada. 

A aversão ao risco evaporou. Segunda onda? Que nada, habemus vacina. 

Se é ouro de tolo, o tempo dirá. Mas que ajudou no derretimento do dólar, oh se ajudou. 

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Por aqui, teve gente dizendo que a queda da moeda americana foi graças ao presidente Jair Bolsonaro, que confirmou o compromisso do governo com o teto de gastos e a situação fiscal da União. 

Vacina no Brasil  

Nesta quinta, chegou em São Paulo um novo lote de insumos para a produção de 1 milhão de doses de “coronavac”, vacina chinesa desenvolvida pela empresa Sinovac em conjunto com o Instituto Butantan. Já taxada de “vacina do Doria” — em referência ao governador de São Paulo, João Doria — pelo próprio presidente Bolsonaro, é o imunizante com processo burocrático mais avançado por aqui. 

O próprio ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, já jogou água nessa fogueira quando disse em entrevista coletiva que são muito poucas as fabricantes que têm quantidade de insumos para fabricação e cronograma de entrega para o nosso país. A da Pfizer que foi aprovada no Reino Unido, por exemplo, nem sequer está no radar de compra do Brasil, por um motivo: suas doses precisam ser armazenadas a -75 °C, uma temperatura que demanda equipamentos especiais que o Brasil não tem e nem conseguiria ter em todos os estados. 

Mesmo assim, a alta do Ibovespa de hoje — subida de 0,37%, aos 112 mil pontos — e as empresas com maior valorização do dia também são respostas a esses fatores. 

Neste ano, tornou-se quase uma lei do mercado de ações o bloco do turismo fechar em alta quando o dólar cai e se tem notícias promissoras sobre vacinas. Nesta quinta, não poderia ser diferente. 

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O dólar em queda também ajuda as empresas do setor porque a maior parte das despesas delas são na moeda americana. Combustível, aluguel dos aviões e assim por diante.

Embraer (11,05%), GOL (8,79%), CVC (7,55%) e Azul (4,34%) decolaram juntas. 

Só não sabemos quais as turbulências que ainda vão ter no caminho. 

 

MAIORES ALTAS 

Embraer: 11,05%

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GOL: 8,79%

CVC: 7,55%

Pão de Açúcar: 7,29%

B2W: 5,75%

 

MAIORES BAIXAS 

Usiminas: −5,14%

Suzano: −4,76%

Gerdau Metalúrgica: −4,19%

Gerdau: −4,10%

Cia. Siderurgica Nacional: −3,69%

 

Dólar: -1,94%, a R$ 5,14 

 

Petróleo 

Brent: 0,95%, cotado a US$ 48,71 o barril

WTI: 0,80%, cotado a US$ 45,64 o barril

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