Uma piada de guerra?
Rússia faz ‘meia volta, volver’ de tropas. Ucrânia diz que data da invasão era piada. E mercados acordam com esperança de que não haverá guerra – não amanhã.
Ontem, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, teria afirmado que a invasão russa a seu país tem data marcada. Seria amanhã, dia 16 de fevereiro – e ele teria chamado até um feriado nacional de Dia da União. Nisso, ele espalhou pânico pelo mercado financeiro. O petróleo subiu lá pra faixa de US$ 95/US$ 96 o barril. As bolsas encolheram mundo afora – menos você, Ibovespa, a gente sabe.
Depois do caos, a equipe de comunicação ucraniana saiu tentando consertar o estrago. Acontece que Zelensky era comediante antes de ser presidente, e o governo de Kiev disse que o mundo inteiro não entendeu a piada. Não seria possível levar a sério uma guerra em que todo mundo saberia qual é a data marcada para começar – ainda mais assim, com anúncio na imprensa e tudo.
Talvez o humor do leste europeu seja peculiar demais para os padrões ocidentais, vai saber.
O fato é que esse recuo de linguagem não veio sozinho. O ministro da Defesa russo postou vídeos com um “meia volta, volver”, ainda que o país tenha afirmado que os “exercícios” na fronteira com a Ucrânia continuam.
O mercado financeiro entendeu que Putin recuou – por enquanto – da guerra com data marcada e que, agora, as discussões devem continuar no campo diplomático. A raiz do problema é o convite da Otan para que a Ucrânia faça parte do bloco militar. Putin se sentiu isolado e ameaçado.
A celebração veio na forma de final de Olimpíadas, com todos festejando juntos. Os futuros americanos são negociados com alta robusta, mais de 1% para o S&P 500 e para o Nasdaq. Na Europa, onde o jogo já está valendo, as altas também são sólidas. Espie no nosso Humorômetro logo abaixo.
Para arrematar, o petróleo vai caindo coisa de 2%, cedendo do pico de ontem. É que os russos são grandes fornecedores da matéria-prima para o mundo. E com uma guerra, o mundo seria obrigado a virar as costas ao produto da terra de Putin, tornando a oferta ainda mais escassa – daí a disparada, um problema para o mundo todo. Por hoje, parece que o dia (quiçá o planeta) foi salvo.
Futuros S&P 500: 1,34%
Futuros Nasdaq: 1,88%
Futuros Dow: 0,96%
*às 7h58
Índice europeu (EuroStoxx 50): 1,27%
Bolsa de Londres (FTSE 100): 0,52%
Bolsa de Frankfurt (Dax): 1,35%
Bolsa de Paris (CAC): 1,25%
*às 7h57
Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): 1,06%
Bolsa de Tóquio (Nikkei): -0,79%
Hong Kong (Hang Seng): -0,82%
Brent: -2,68%, a US$ 93,89*
*às 7h54
10h15 – FGV divulga os dados do monitor do PIB de dezembro.
16h – Tribunal de Contas da União retoma o julgamento da privatização da Eletrobras.
Veio bem, veio forte
O Banco do Brasil (BBAS3) surpreendeu ao anunciar ontem, após o fechamento do mercado, que obteve lucro recorde em 2021. Foram R$ 21 bilhões ante R$ 13,8 bi do ano passado – crescimento de 51,4%. Antes disso, o melhor resultado era de 2019: R$ 17,8 bi. Os números referentes ao balanço do quarto trimestre de 2021 também foram positivos. O BB registrou lucro líquido ajustado de R$ 5,9 bilhões, o que significa uma elevação de 60,5% em comparação com o mesmo período de 2020.
Milhões atrás dos bilhões (de centavos)
O Banco Central informou que 37,3 milhões de pessoas físicas e jurídicas usaram o novo sistema de consulta do Valores a Receber em seu primeiro dia de funcionamento. Só que apenas duas em cada dez encontraram alguma quantia que pudesse ser resgatada – 6,9 milhões de CPFs e 71,1 mil CNPJs. Neste momento inicial, há R$ 3,9 bilhões disponíveis para devolução. Quem não teve sucesso na consulta agora, pode realizar uma nova tentativa na segunda fase do projeto, a partir de maio, quando serão liberados outros R$ 4,1 bi. Ao todo, o BC estima que 28 milhões de pessoas tenham valores esquecidos em posse de instituições financeiras. O total de recursos a serem devolvidos é de mais de R$ 8 bilhões. Apesar disso, muitas pessoas têm se surpreendido ao encontrar pequenas quantias, às vezes, apenas centavos para reaver.
Tem que dividir tudo, até as criptos
Casais que estão se divorciando podem brigar na Justiça por várias coisas: a guarda dos filhos, dos pets, casas, carros e tudo mais que possa ser dividido. Inclusive, criptomoedas. Elas são o mais recente alvo deste tipo de disputa nos Estados Unidos. Os casos se tornaram tão comuns e envolvem valores tão altos que empresas de advocacia estão contratando investigadores forenses. A ideia é usar esses profissionais para rastrear transações com criptos não informadas durante os processos de separação. Leia no The New York Times.
Great Resignation Brasil
Pedir demissão no meio de uma crise econômica e sanitária parece o tipo de luxo reservado a trabalhadores ricos e de países desenvolvidos. Não é bem assim. Na edição deste mês da Você S/A, mostramos que o fenômeno da grande resignação chegou ao Brasil. Em solo tupiniquim, meio milhão de pessoas pedem demissão por mês. Leia.
PetroRio, Banrisul e Carrefour divulgam seus balanços após o fechamento do mercado.