Um olho na inflação, outro no começo da temporada de balanços
A Apple deve reduzir a produção de iPhones por falta de componentes. Se nem a gigante americana passa incólume pela crise, como ficam as demais companhias?
Bom dia!
Depois do feriado aqui no Brasil, todos os olhos se voltam novamente lá para fora. Às 9h30, os Estados Unidos divulgam a inflação oficial de setembro, que deve vir estável na comparação com agosto. O fato de ela parar de subir enquanto a energia, a comida, os chips e os salários continuam avançando é visto como um bom sinal pelo mercado financeiro, tanto que os futuros americanos conseguiram se firmar no positivo neste começo de manhã.
O que economistas esperam, segundo o The Wall Street Journal, é um avanço de 0,3% na comparação com agosto, e de 5,3% na leitura ante setembro de 2020. Não custa lembrar, a inflação oficial brasileira cruzou a marca dos 10% no mês passado.
Aqui existem duas pegadinhas para o mês: as projeções falharam miseravelmente para os dados de emprego dos EUA, que vieram muito abaixo do esperado pelo mercado. E a outra é que o combustível para a inflação – dinheiro – continua circulando livremente pelo mundo. Hoje a Alemanha também divulgou seu dado de inflação, com uma alta anual de 4,1%, em linha com o esperado, mas a mais alta desde 1993.
À tarde, o Fed (Banco Central dos EUA) divulgará a ata da reunião em que mostrou, pela primeira vez, disposição em reduzir uma parte dos estímulos à economia do país, o que pode tirar uma parte do ímpeto de alta de preços. Lá estarão os detalhes do que pensam os membros do Fed sobre a situação da economia americana.
Enquanto isso, começa nesta semana a temporada de balanços do terceiro trimestre, e o cenário é de preocupação. A Apple, maior empresa do ocidente e com maior participação no S&P 500, já havia anunciado uma possível redução no ritmo de produção de seus aparelhos no trimestre passado. Agora, uma reportagem da Bloomberg mostrou que a falta de chips pode fazer a companhia reduzir sua produção estimada em 10 milhões de iPhones – a expectativa era de que fossem fabricados 90 milhões de telefones só no último trimestre do ano. Eis o tamanho da expectativa para as próximas semanas.
Futuros S&P 500: 0,15%
Futuros Nasdaq: 0,42%
Futuros Dow: 0,08%
*às 8h01
Índice europeu (EuroStoxx 50): 0,46%
Bolsa de Londres (FTSE 100): -0,14%
Bolsa de Frankfurt (Dax): 0,68%
Bolsa de Paris (CAC): 0,23%
*às 8h02
Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): 1,15%
Bolsa de Tóquio (Nikkei): -0,32%
Hong Kong (Hang Seng): -1,43%
Brent*: queda de 0,59%, a US$ 82,93
Minério de ferro: queda de 3,55%, a US$ 130,24 a tonelada no porto de Qingdao
*às 8h04
10h45 Roberto Campos Neto participa, em Washington, participa de reunião do G-20.
9h30 EUA divulgam inflação oficial de setembro.
15h Fed divulga ata da última reunião de política monetária, aquela que indicou o começo da retirada de estímulos em novembro.
17h30 Depois de o mercado fechar, o Instituto Americano do Petróleo divulga a situação dos estoques da commodity no país.O preço da matéria-prima não para de subir.
Pibinho de novo
O FMI revisou a estimativa de crescimento do Brasil para este ano, de 5,3% (divulgado em julho) para 5,2%. Para o ano que vem, a queda foi maior, de 1,9% para 1,5%. São três as causas: a alta de juros para conter a inflação, a própria inflação e ainda a previsão de menor crescimento nos EUA. O ministro Paulo Guedes não concorda tanto assim. À Bloomberg, ele afirmou que o crescimento não será problema, mas a inflação, sim. Em outro momento, à CNN Internacional, ele atribuiu a alta da inflação a um problema mundial, causado pelos preços da comida e da energia. Ele não está de todo errado, já que os preços dos alimentos e da energia sobem globalmente – o lance é que a conta de luz em alta por causa da crise hídrica e o dólar a R$ 5,50 não têm nada a ver com o mundo.
Decolagem lenta
A Gol reajustou as expectativas para os resultados do terceiro semestre de 2021, e apontou um prejuízo líquido de R$ 1,02 bilhão. Enquanto isso, a receita operacional líquida deve ficar em R$ 1,8 bi, o que ainda é só a metade do resultado do terceiro trimestre de 2019 – a companhia vem se guiando pelos resultados pré-pandemia, já que 2020 foi um ano perdido para as aéreas. Os resultados, de fato, serão divulgados em 9 de novembro. Apesar disso, a companhia diz que as vendas diárias de passagens cresceram 48% em comparação com o segundo trimestre e alcançaram R$ 28 milhões. O lance é que poderia ter sido mais, o problema é que a companhia atravessou uma turbulência interna no trimestre: uma migração de sistemas que cancelou voos, dificultou a venda de passagens e ainda fez reservas de passageiros sumirem no ar. E, por falar em passagens, uma dica de leitura de brinde: o Estadão contou que elas acumularam alta de 56,8% nos últimos 12 meses. Com isso (e, óbvio, a taxa de câmbio), a visita à Disney pode virar um passeio pelo Beto Carrero.
De olho no vento e no sol
Com a crise hídrica assombrando o Brasil, uma porta para energias renováveis e combustíveis fósseis se abre. É o que diz o Wall Street Journal (em inglês). Com dados de uma pesquisa da Bloomberg, o jornal aponta que fomos os maiores beneficiados por investimentos em energias sustentáveis nos mercados emergentes, entre 2008 e 2019, com aporte de US$ 24,7 bi. A Índia foi vice, chegando aos US$ 20,8 bi, seguida pelo México, US$ 14,9 bilhões. Ainda assim, a geração eólica de energia responde apenas por 10% da eletricidade gerada no por aqui. E o sol, embora brilhe muito em quase todo o país, só produz 1% da nossa energia.
Foi pouco
O imposto global para multinacionais, apoiado pela OCDE na última semana, rendeu críticas do grupo de economistas que reúne nomes como Joseph Stiglitz e Thomas Piketty. Eles eram defensores da proposta, mas agora discordam do tamanho do imposto. A OCDE aprovou uma alíquota mínima de 15%, válida a partir de 2023, para multinacionais com faturamento anual acima de 20 bilhões de euros (por aqui, R$ 128 bilhões), e margem de lucro superior a 10%. O grupo de Piketty considera uma alíquota baixa demais, que termina beneficiando países ricos. Eles defendiam um imposto de 21% e uma distribuição diferente da arrecadação, que seria de 70% a 80% para os países que sediam as empresas e 20% a 30% para aqueles onde ocorrem as vendas. Na BBC Brasil, um resumo das razões pelas quais o grupo considera o novo imposto um fracasso.